Espere Um Momento

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Aron

A um ano eu me formei no ensino médio e agora faço o primeiro semestre da faculdade de economia e administração.

Tudo pra poder comandar a empresa do meu pai, a um ano eu também sai de casa, passei a morar sozinho justamente por não aguentar mais aquele inferno.

A única coisa boa naquela casa era a Maria, mais o filho dela adoeceu e ela se mudou para cuidar dele, uma vez fora, eu não ficaria mais naquela casa.

Assim que comuniquei meu pai sobre a minha decisão, ele disse que eu era um imbecil por abandonar todo aquele luxo pra morar sozinho em um apartamento qualquer, e disse também que não me ajudaria em nada.

Por incrível que pareça ele não me surpreendeu, eu já imaginava isso, e por tanto economizei por todos os anos desde que a tragédia aconteceu.

Por sorte eu tinha em meu nome a herança da minha mãe, e como já era maior de idade fazia três anos, eu poderia usar como bem entendesse.

Investi em algumas ações, e comprei um apartamento, e junto com ele alguns outros para alugar. Agora eu era um mini rico.

As ações me geram dinheiro diariamente e os apartamentos alugados dinheiro mensalmente. Fazer econômia é algo que querendo ou não me trouxe vantagens, sei como usar meu dinheiro e sei como gastar.

Não vou passar por dificuldades pelos próximos anos, e isso é algo bom. Tenho certeza que minha mãe estaria orgulhosa, e eu sei que de onde ela estiver ela olha para mim, e a pesar de não ter me tornado o garoto que ela queria, vou fazer o máximo para me tornar o homem que ela sonhou, por que tudo que faço até hoje é para que ela se sinta orgulhosa do filho que pós no mundo...

Assim que atravessei os grandes portões da Sanzio Ford, uma das melhores faculdades do país, eu senti que ali eu passaria grande parte da minha vida.

O vento batia nos meus cabelos ainda molhados por conta do banho tomado anteriormente. E como eu morava Próximo a faculdade não iria precisar morar no campus.

Fui em direção ao prédio de administração, minha primeira aula era: Finanças e Orçamentos.

Assim que passei pela porta, alguns olhares foram até mim, o professor não se deu o trabalho de parar o que estava fazendo e eu fui diretamente até a cadeira ao fundo da sala.

— Olá, eu sou o Professor de Finanças Pedro Gaspar.

O silêncio continuou na sala, o professor olhava para todos os alunos como se quisesse decorar seus rostos.

— Eu espero que todos vocês tenham em mente que isso aqui é a escada para futuro.

Ele repetiu a grande frase de efeito da faculdade, em todos os comerciais divulgando uma frase sempre é dita ao final : A escada para o futuro existe, e nós somos o primeiro degrau.

Uma frase interessante, porém não me atiça tanto, já que eu só estou aqui para não deixar a empresa nas mãos do meu pai, ele não merece o que tem e eu não vou deixá-lo destruir o que sobrou.

Até então eu não tinha reparado nas outras pessoas presentes na sala, mais claramente alguém tinha reparado em mim, já que eu me senti observado.

Virei o pescoço com calma enquanto o professor ainda falava algo. Uma menina loira me olhava, seu rosto tinha uma expressão surpresa e em sua boca despontava um sorriso um tanto sínico.

Ela piscou para mim e eu franzi a testa, não fazia ideia de quem era a louca, a ignorei até o final da aula, e comecei a prestar atenção no assunto que era dado a frente.

_Comissão de orçamentos_

Assim que a aula teve seu fim decretado, me levantei, coloquei a mochila sobre os ombros e me preparei para sair.

— Aron? Aron Collins?

Uma voz me chamou, virei meu pescoço me deparando com a loira anterior que me olhava como se não acreditasse no que via.

— Ah... Sim, Aron Collins— Falei ainda tentando lembrar se já havia a visto em outro momento — E você seria?

— Não se lembra de mim? Ela perguntou.

Neguei com a cabeça.

— Paula Bastos — Ela disse como se seu nome fosse muito importante.

Continuei em silêncio deixando claro que não fazia ideia de quem ela era.

Seu rosto mudou de "simpática menina rica" para "raivosa endemoniada" de um segundo para o outro.

— Como assim, você disse que a nossa noite era inesquecível...

Ela estava claramente brava, e eu claramente atrasado para a próxima aula.

— Desculpe, deve estar me confundindo com alguém.

Tentei sair de perto, mais sua mão foi direto a minha mochila me deixando no lugar, ela veio a minha frente, e pousou a mão que não estava na mochila em meu peito por cima da camisa preta que eu usava.

Suas unhas rosas e extremamente finas me alertaram que era melhor ficar longe. Aquela unha poderia facilmente matar alguém.

— Você só pode estar de brincadeira comigo, no dia seguinte eu pensei que você teria esquecido de me acordar, mais aí você não ligou, eu pensei que era por que você não tinha meu número, aí eu fui embora, e você não se lembra de mim?

Ela parecia indignada e eu impaciente, ela estava começando a me deixar com raiva.

Ela claramente estava falando da época em que eu transava com garotas como ela e sumia no dia seguinte, muita dessas passaram na minha cama ela não foi a primeira e nem a última, não posso simplesmente lembrar de algum caso que tive enquanto estava bêbado.

— Olha só, a gente transou, legal, mais isso não significa nada, eu não lembro de você e sinto muito se você achou que foi algo especial, eu deveria estar bêbado, sabia que não se transa com alguém bêbado?

A empurrei de leve e a deixei para trás, não olhei para ela novamente, apenas foquei em sair da sala e ir direto para a próxima aula, mais um corpo atrapalhou meus planos e minha mochila escorregou pelos meus ombros.

Suspirei irritado, e me abaixei para pegar, olhei para a garota parada em minha frente, e senti o mundo parar por alguns segundos.

Eu não lembrava da menina que transei a alguns anos, mais aqueles olhos, e aqueles cabelos eu não poderia. Ou melhor, eu não conseguiria esquecer, nunca.

— Backer, quanto tempo...

Entre CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora