One-Shot

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Era mais um dia quente e seco, na pacata cidade de Tora Grande. A pequena Larissa Lisa caminhava com seu chinelo surrado, pela estrada Japi.

Ela fazia o mesmo trajeto para o trabalho, todo santo dia. Do bairro rural até o centro da cidade, no posto Colossos, onde trabalhava.

Na flor dos seus 21 anos, Larissa era uma garota sonhadora. Muitas vezes, varava madrugadas escrevendo. Tinha o sonho de ser escritora e apesar de muitas pessoas acharem isso impossível, sua determinação em provar para si mesmo e para os outros, a fazia acreditar no sonho.

Larissa era uma garota simples, sem muitos atributos físicos. Usava óculos pretos e tinha cabelos castanhos escuros, levemente avermelhados, que iam um pouco além dos ombros. Além de um belo sorriso.

Porém, tinha algo que despertava os hormônios masculinos. Um grande bumbum redondo e arrebitado. E ela sabia disso. Gostava de desfilar no posto, com calças legging, fazendo a felicidade dos colegas de trabalho e também dos clientes.

Sim. Ela se sentia bem com isso. Se sentia desejada.

Muitas vezes, levava essa satisfação nas suas histórias. Era quando, guiada por seus hormônios, ela se libertava da pureza e da imposição de seus pais severos.

Era ali, no mundo literário, onde podia ser ela mesma. Livre de preconceitos ou de pessoas julgando. Era apenas ela e sua imaginação.

Larissa, se sentia manipulada pela irmã, Alexandra, que em nada havia puxado a mana. Tirando a cor branca, quase albugíneo das duas, o restante em nada lembrava.

Em diversas oportunidades, Alexandra roubava os pretendentes de Larissa. Era quase que um hobby. Bastava saber que Larissa tinha interesse em alguém, que lá ia Alexandra, com seus dotes e decotes.

Porém, como tudo tem limites, um dia Alexandra encontrou o de Larissa.

- Por que você fez isso?

- Eu não perco tempo. Não sou igual você, mole.

- Mas você sabia que eu gostava dele. O que é isso? Inveja de mim? Sou sua irmã, Alexandra... - Larissa tinha lágrimas nos olhos.

- Quem sabe assim, aprende a não ser tonta. - Alexandra ria e debochava da irmã.

- Não acredito. E ainda ri, como se fosse uma piada? Sua vagabunda.

No mesmo instante, Alexandra pulou em Larissa, caindo as duas no chão. Maura havia grudado as unhas nas costas de sua irmã, deixando a mostra sua calcinha vermelha de florzinha azul, estilo vovó. Seria uma visão pavorosa, mas por sorte, não havia ninguém além das duas rolando, descabeladas no chão.

Em meio a gritos, puxões de cabelo, arranhões e calcinhas a mostra, Júlia, a mãe das duas. Veio correndo acudir.

- O que está acontecendo aqui? Por que vocês duas estavam se batendo no chão? - Falou, puxando cada uma de um lado.

- Mãe, foi ela que começou. Me chamou de vagabunda.

- Você xingou sua irmã desse nome feio? - Júlia olhava atônita, para a filha.

- Sim. Mas, por que ela ficou com meu namorado. Ela sabia que eu gostava dele.

- Alexandra Maria. Você fez isso? - Falou, virando-se para a filha. Que ficou em silêncio, abaixando a cabeça. - Olha! Me cansei dessas brigas de vocês duas.

- Mas, mãe...

- Cale-te, Larissa! Não criei vocês duas, para depois de crescidas, brigarem por causa de homem, nem para se ofenderem. Ou vocês duas dão um basta nisso, ou irei mandar as duas para a roça. Entenderam?

O CANAVIAL [ ONE-SHOT]Where stories live. Discover now