tokyo [final]

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Uma exclamação gigante me atropelou ao pensar em como tudo seria diferente caso eu não o tivesse ao meu lado, haviam palavras acompanhando essa exclamação, e uma frase martelava em minha mente, como um grande aviso de perigo, em letras pintadas de vermelho. O alerta me dizia que há uma dependência emocional, da parte dele e da minha.

Eu me perguntava e romantizava o ato de precisar de NamJoon o tempo todo e depender dele, porquê de fato eu não conseguia me ver sem ele, imaginar um futuro eu onde ele não esteja, pintando os meus dias com suas cores e sendo a luz que me fazia enxergar o melhor do mundo, era inimaginável um eu sem ele. Ainda que não estivessemos juntos, eu o vejo em tudo ao meu redor, poderia o associar com somente uma coisa específica e ignorar essa coisa, mas eu me fiz o favor de associar Kim NamJoon com todas as coisas que mais amo no mundo, pois ele me ensinou a amá-las. Até nos dias mais cinzentos eu o quero ao meu lado, já que ele transformaria aquele dia no dia mais confortável do mundo, nos dias chuvosos, penso no que poderíamos estar falando, pensando, fazendo, no que NamJoon diria e no que ele sentia, como ele se sentia diante daquele dia chuvoso que provavelmente acabara com todos os seus planos, ele certamente saberia o que dizer e fazer, mudaria sua rotina e se adequaria ao dia, ou não, ele poderia sorrir lindamente, com suas tão citadas e amadas covinhas e dar de ombros, sendo guiado por suas vontades pelo resto do dia, sem se importar com o amanhã. Ele era imprevisível como o tempo, sabia me surpreender, nem sempre me agradando cem porcento, mas nunca deixou de ser ele, bonito como a pureza da natureza, exalava poder, paz, aconchego e lar, às vezes quente, às vezes frio, e às vezes eu sequer sabia distinguir o clima, mas estava sempre grata por senti-lo, era gratificante sentir algo depois de tanto tempo sem cor alguma, nem mesmo o cinza do céu. Ele me dava cores e, novamente, floria meus dias como as flores decoram as árvores na primavera, minha primavera estava ao meu lado e eu desejava que ela continuasse, cegamente, por muito tempo, cegamente pois as outras estações certamente não seriam nada, o frio do inverno não chegaria aos pés do calor da primavera ou de suas chuvas refrescantes.

Não consigo imaginar como será daqui pra frente, creio que o tempo irá nos guiar e dar as devidas respostas às nossas perguntas. Talvez eu deva tratar essa dependência emocional como algo ruim, mas sinceramente? Eu não consigo. Eu nunca me senti tão bem e vivs, eu sinto o amor dele e sei que ele sente o meu, toda ternura que NamJoon depositou em meu coração anos atrás sem me conhecer ainda queima fortemente em mim.

- Se eu pudesse escolher qualquer lugar no mundo para estar, seria ao seu lado.

Sorri ao ouvir a voz dele ecoar. Estávamos deitados um do lado do outro em sua cama, olhando o teto como se todas as estrelas do céu estivessem ali, eu estava tão boba que poderia ver toda a galáxia ali, mesmo com todas as luzes apagadas. Minha pele se arrepiava com o vento atravessando a janela e nos alcançando, mas mesmo assim eu estava quente e nada desconfortável.

- Eu só quero recuperar todo esse tempo que ficamos afastados, sabe? - ele se virou pra mim e eu o olhei. - Mesmo que... - ouvi sua risada, ele olhava pra baixo, então me dei conta do toque da sua mão na minha, delicadamente brincando com meus dedos. - Não foi muito tempo, mas pareceu.

- Eu nunca me senti tão oca quanto nos últimos meses. - confessei baixo. Eu só conseguia o encarar pois ele não me encarava de volta.

- Não a farei se sentir assim novamente.

- Sua ausência fez isso.

Senti um choque percorrer meu corpo quando a luz dos olhos dele encontraram a luz dos olhos meus. Tive que buscar uma força interior pra sustentar o olhar quando ele se aproximou. Fechei os olhos quando sua mão direita tocou meu rosto, enquanto a esquerda era usada como apoio, ele me olhava de cima.

- Exatamente. Minha ausência só se fará presente quando você quiser. - eu me perdi em sua expressão serena e em cada traço de seu rosto, cada gota do oceano que eram seus olhos, cada grão de areia e suas pintinhas, que poderiam ser pequenas ilhas carregadas de beleza e singularidade. Não consegui conter a vontade de acariciar aqueles pequenos pontos, passeando meus dedos por todas as pintinhas em seu rosto, no nariz, na bochecha. Era adorável. - Prometo que vou estar onde você quer que eu esteja, quando você precisar. - eu estava hipnotizada pela pintinha abaixo de seu lábio inferior, ele percebeu, já que sorriu com a língua entre os dentes. - Quando você acordar no escuro, eu serei sua luz, tudo bem?

Subi meu olhar até o dele, sentindo minha garganta queimar. Em todas as vidas eu o amaria e em nenhuma delas eu me arrependeria daquilo, acredito que faria tudo de novo e o encontraria de toda forma, sei que estamos destinados, era pra ser e seria daquela forma até em um milhão de anos, a história iria se repetir de novo e novo. NamJoon sempre será muito mais do que mereço e muito mais que espero, muito mais. Sinto que estou colocando pra fora todo o amor que guardei sem saber durante muitos anos da minha vida, e estou depositando em NamJoon tão naturalmente como o ar entra em meus pulmões.

(n/a): espero que eu não tenha desapontado ninguém com esse final, mas eu sinto que ele tá do jeitinho que deveria ser. eu agradeço muito a cada leitor e peço perdão por deixar a autora falar mais que a própria personagem principal nesse capítulo, em vários outros. eu finalmente sinto que consigo dar um ponto final em primavera, depois de três anos, foi um imenso prazer escrevê-la e eu serei eternamente grata por todos os comentários e incentivos. não deixem de dar uma olhada nas outras fanfics e, novamente, obrigada. <3

Primavera (Vai Chuva) Where stories live. Discover now