Capítulo 2 - Boas Vindas

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Eu não pude parar de pensar em como as coisas seriam quando chegássemos na casa

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Eu não pude parar de pensar em como as coisas seriam quando chegássemos na casa. Eu teria que fingir 24 horas que éramos mesmo apaixonados, eu teria que andar abraçada com ele, eu teria que dormir na mesma cama que ele. E o pior era saber que pelo menos metade das mulheres da CIA dariam tudo para estar no meu lugar.

Ok, então eu odeio o cara. Isso não me tornava cega. Eu via como agentes renomadas ficavam moles como gelatina com um simples olhar do cretino. E, aparentemente, saber todo o passado podre dele não as impedia de ter seus hormônios se agitando perto do mesmo.

A palavra geral era de que ele era, em uma palavra, gostoso. Costas e ombros largos, barriga e peitoral definidos, as pernas trabalhadas. "Com aquele sorriso e aquele olhar não tem mulher que seja louca de dizer não a ele", era o que elas fofocavam pelos corredores da Inteligência.

Em resposta, eu só dizia "prazer, louca", e ficávamos por isso mesmo.

Mas digamos que meu ódio me deixava imune de reparar nesse tipo de coisa. Eu, até então, me orgulhava de não ter olhado duas vezes para Daniel, e preferia continuar assim, muito obrigada. Mas, infelizmente, a vida conjugal com ele tornaria isso um tanto difícil. Eu teria que me passar por louca apaixonada, eu teria que me passar por alguém que o ama e deseja. Eu teria que ficar do lado dele, tocá-lo e olhá-lo de perto sem contorcer o rosto em desgosto. Cá entre nós, uma parte mim tinha um pouco de receio de viver essa vida e acabar reparando nele e me igualando às minhas colegas descerebradas de trabalho, que babavam tão descaradamente pelo ser. A carne é fraca, dizem. Mas, ao mesmo tempo, eu tinha mais medo de ser incapaz de completar aquela missão por ter pura e simplesmente sacado uma arma e atirado na testa do meu parceiro em um surto de ódio.

Ah sim, eu era dessas contradições ambulantes. Já podem ir se acostumando.

Assim que minha mente parou de vagar pelos supostos atributos físicos do ser desprezível com quem viveria - e consequentes problemas mentais da ala feminina da agência -, o carro que nos foi designado e que Daniel conduzia desde o aeroporto até o condomínio diminuiu a velocidade.

- É, chegamos. Hora do show, Melzinha. — Danny sorriu torto e abriu a porta do carro, dando a volta no mesmo e abrindo a minha como um perfeito cavalheiro.

Ah, a atuação.

Coloquei minhas pernas para fora lentamente como se pudesse adiar o encontro inevitável com o inferno: a mão que Daniel estendia para mim.

- Eu preciso dizer isso: eu te odeio. — disse ainda dentro do carro para que apenas ele escutasse. - Ah, me sinto bem melhor. Agora AMOR, QUE LINDA NOSSA CASA! É PERFEITA! — após ter sussurrado a primeira parte o olhando com desprezo, aceitei sua mão e me levantei, aproveitando para levantar o tom de voz também para que as mulheres enxeridas que nos miravam na rua me ouvissem. Abri meu melhor sorriso e fiz um carinho leve na bochecha de Danny com a mão que ele não segurava. Tinha que conter o impulso involuntário da minha palma que queria desesperadamente aproveitar o contato com sua face para estapeá-la.

[Degustação] A missão do Ponte LesteWhere stories live. Discover now