3. Alento

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Oi, meus amores. Voltei!

Sei que deixei vocês famintos no último capítulo, aprendi com a mami espiã a fazer mkt, tá ligado? Assim vocês voltam correndo kkkkkkk 

Pois bem deixa de papo, vão ler, pextes!

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Derrube teus muros e das pedras que restarem construa teu alento.

— Olhe lá, mainha. É ela mesmo! A moça espiã! — Isabelle insistia, puxando o braço da morena — Ela viu a gente! — começou a acenar na direção de Sarah.

Juliette sentiu o mundo parar. Seus olhos caíram sobre a loira e no mesmo segundo as coisas pareceram ficar em câmera lenta. Ela via isso nos filmes e achava o máximo como as coisas podiam simplesmente desaparecer ao redor e só o que importava era a outra figura na frente da pessoa. Nos filmes ela achava o máximo e até um pouco dramático. Mas ali na vida real, na sua realidade, não tinha nada de extraordinário e incrível. Sentir o mundo ao seu redor parar lhe deu a sensação de perda de estrutura, de base. Se sentia exposta e vulnerável, como se não tivesse lugar para se segurar e seu corpo simplesmente voasse de encontro até aquele par de olhos esverdeados.

Como ela amava aquela cor. Como fazia ela lembrar de um instante da sua vida onde seu coração batia acelerado e borboletas batiam asas afoitas em sua barriga. Como ela sentia falta daquele sentimento.  

E ele estava ali de novo. A causadora de todas aquelas sensações estava a alguns metros de distância, paralisada e parecendo muito mais branca que o normal. Usava um conjunto de moletom branco, óculos escuros em cima da cabeça e uma máscara descartável tampando metade de seu rosto, o longo cabelo loiro caído por seus ombros e costas. Linda, Juliette percebeu. E amedrontada.

Acordou do seu transe mental com a voz da filha. Isabelle estava em polvorosa por estar frente a frente com, segundo ela mesma, sua pessoa favorita no programa. Juliette riu internamente com aquela lembrança de logo que saiu da casa e encontrou a filha. Isabelle era claramente sua torcedora fiel, mas a menina também deixou evidente que torceu bastante para a "moça espiã" a qual ela adorava assistir. Claro, pensou Juliette com humor naquele dia, uma boca de caçapa reconhece outra.  

Isabelle pulava ao seu lado e acenava fervorosamente para Sarah, que assim como Juliette pareceu sair de dentro da própria cabeça e voltar a agir como uma pessoa sã. A loira acenou de volta para a criança e ofereceu o que parecia um sorriso carinhoso por trás da máscara, aquilo foi o suficiente para Isabelle rir e continuar pulando no lugar. Em seguida, Sarah voltou a encarar Juliette e a morena enxergou ali um mundo de significados. As duas pedras verdes lhe encaravam tão intensamente que quase podiam lhe atingir fisicamente.

Juliette foi educada e abriu um sorriso mínimo, acenando sutilmente com a cabeça. E Sarah tratou de retribuir o breve cumprimento. Mesmo que sentisse como se estivesse sendo puxada por um imã, tudo que Juliette pode oferecer naquele momento foi um balançar de cabeça. Sarah pareceu entender a distância emocional que elas acabaram se submetendo e não tentou nada além daquele cumprimento. 

— Ela deu tchau pra mim, mainha. Podemos ir lá falar com ela? Pufavô! — a atenção da morena voltou para a filha quando escutou a voz dela insistir.

E Juliette queria dizer "não". Mas como explicar à filha que ela não podia ir cumprimentar a pessoa que ela gostava porque sua mãe estava com um furacão dentro do peito e não estava pronta para lidar com ele? Obviamente Isabelle não tinha noção do que aquilo significava para as duas mulheres. Além de ter sido privada de assistir certas coisas do programa, ela era só uma criança, não era do seu conhecimento o quão problemático podia se tornar aquele reencontro inesperado.

Pedras no Caminho - SarietteWhere stories live. Discover now