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Nos corredores Marjorie avistou Maddy e Cassie encostadas nos armários e conversando. Pareciam estar fofocando, como sempre, e Jo estava ansiosa para saber a nova do dia. 'Maria fifi', diga-se de passagem.

Antes mesmo que a morena pudesse alcançar suas amigas, que aparentavam estar aguardando por ela, alguém entrou em sua frente, bloqueando o caminho.

Jo abriu a boca para xingar, mas parou ao notar que era Nate. Segurou-se ao máximo para não revirar os olhos. Estava tão cansada, principalmente devido à última discussão que tiveram, que não gostaria de ver o Jacobs tão cedo.

— Podemos conversar? — Nathaniel perguntou quando Marjorie tentou passar por ele.

— Vai se foder. — Murmurou irritada, tentando passar pelo garoto mais uma vez. Mas novamente foi impedida.

Nate agora segurava seu braço, enquanto lhe encarava com uma expressão de "cachorrinho abandonado" no rosto.

— Nathan, me solta. — Ela pronunciou, tentando manter a calma que não possuía.

Marjorie viu quando o moreno tensionou o maxilar, e começou a lhe puxar até uma das portas do corredor. Entraram em uma sala vazia, e Jo apenas sentiu vontade de descer a porrada em Jacobs, mesmo que ele fosse o dobro de seu tamanho.

— Eu só quero 1 minuto, Marjorie. — Ele a soltou, erguendo as mãos. — 1 minuto.

A garota franziu o cenho, mas suspirou, fechando os olhos por breves segundos.

— Você já perdeu 5 segundos. — Jo falou, cruzando os braços.

Jacobs passou a língua entre os lábios, pensando por onde deveria começar para tentar obter o perdão de sua namorada. Sabia que se continuasse vacilando daquele jeito, logo não teria mais a morena. E sua obsessão por Marjorie — e seu ego grandíssimo — não permitia que ele deixasse isso acontecer.

Precisava ser bem convincente.

— Eu sei que vacilei, valeu? Como sempre... E eu sei que você não quer mais olhar na minha cara, mas porra, Marjorie. — Ele dizia tudo, olhando no fundo dos olhos dela. — Eu não posso perder você. Você é a melhor coisa que já me aconteceu, e sabe disso. Sabe que sou alguém melhor quando estou com você.

Jo engoliu em seco, desviando o olhar por um breve segundo.

— Me perdoa. — Jacobs deu um passo em direção à ela. — Me perdoa, por favor. Eu não quero te perder, eu não posso deixar isso acontecer.

As orbes azuladas da garota pareciam perdidas, assim como ela. Não sabia o que fazer.

Não era a primeira vez que Nate a magoava, e por mais que Marjorie tentasse ser forte, estava cansada daquele relacionamento.

Mas todos nós merecemos uma segunda chance... Certo?

Sim, certo.

Entretanto, aquela já era a quinta chance que Marjorie dava à Nate.

— Tudo bem. — A Salvatore disse, comprimindo os lábios em seguida. — Eu só não aguento mais, Nathan. Eu não aguento mais discussões, brigas, odeio esse comportamento que você vem tendo... Tudo está me incomodando, está me magoando.

— Eu sei. — Ele disse um pouco alto. — Eu sei, e eu vou melhorar. Eu prometo.

A garota apenas assentiu, e Nate não hesitou em pousar as mãos na cintura dela e puxá-la para um abraço.

[...]

— Aí ele me pediu desculpas. — Jo finalizou.

— E você aceitou? — Maddy perguntou, enquanto ajeitava seu uniforme de líder de torcida.

— Sim. — Deu de ombros.

— Vadia, é melhor você estar brincando. — A garota lhe encarou, erguendo uma das sobrancelhas.

— Todo mundo merece uma segunda chance, Maddy. — Marjorie revirou os olhos.

— Uma segunda chance, não uma quarta e muito menos quinta chance. — Lexi disse.

Lexi sequer fazia parte das líderes de torcida, apenas estava ali no vestiário vendo as garotas se ajeitarem para o treino porque era período vago.

Marjorie não respondeu nada.

Sabia que sua melhor amiga era sempre sensata e racional, e talvez ela estivesse certa sobre dar uma 'quinta chance'. Sentia-se boba agora.

"Marjorie, você é patética." Pensou.

A morena não teve tempo para continuar se lamentando em seus pensamentos, tinha que treinar para o amistoso que teria na próxima semana. As líderes de torcida estariam presentes, e Maddy gostava que todas estivessem em perfeita sincronia.

A Perez apreciava para um caralho a perfeição.

— Vejo você mais tarde? — Lexi perguntou para Jo, vendo a garota manear a cabeça em um "sim".

As garotas costumavam treinar no gramado, no mesmo horário em que os jogadores de futebol americano praticavam aquele esporte que não despertava o mínimo interesse nas garotas, por mais que a função delas fosse torcer para eles.

Marjorie buscava sempre dar o seu melhor naquele momento. Sabia o quão perfeccionista Maddy conseguia ser.

Ao longe, as orbes escuras de Nate miravam Jo, observando cada movimento da garota. Simplesmente perfeita. E era por isso que o Jacobs era fascinado por ela. Era obcecado.

— Aí, Nate. — Brett, um dos jogadores do time, o chamou. — Você é sortudo pra caralho.

O capitão do time o encarou, erguendo uma sobrancelha.

— Sou?

— A Salvatore 'tá cada vez mais gostosa. — O Talbot continuou, ouvindo as risadas do restante do time.

No mesmo instante Nathaniel tensionou o maxilar tão forte que achou que poderia quebrar. A cena dele arrebentando a cara de Brett Talbot passou por sua cabeça, e ele quase executou aquela ação agressiva. Entretanto, lembrou-se que o motivo de sua última discussão com Marjorie foi a crise de ciúmes.

De longe, a Salvatore observava os garotos do time e pensava se realmente havia sido uma boa ideia dar uma 'segunda chance' para Nate.

Mas agora já tinha acontecido. Não poderia voltar atrás.

[...]

Assim que os olhos de Cinzeiro pousaram na morena que andava em sua direção, ele pôde sentir seu coração dando um pulo em seu peito, se xingando mentalmente por isso. Odiava o fato de se sentir assim toda vez que via Marjorie.

Não porque era uma sensação ruim, mas tinha pleno conhecimento de que a garota não se sentia da mesma forma. E aquilo era o suficiente para fazer AshTray odiar as sensações que ela lhe causava além do limite de amizade.

— 'Vamo? Eu pensei em darmos uma... — O garoto foi interrompido por Marjorie.

— Eu tenho que sair com o Nate. — Ela pronunciou, segurando com mais força a alça de sua mochila enquanto sentia o olhar pesado e sério de Cinzeiro sobre si.

AshTray tensionou o maxilar. Sentia uma mistura de ciúmes e raiva.

Decidiu que era melhor deixar aquilo para lá quando sentiu vontade de dizer algumas verdades sobre aquele relacionamento para Marjorie, verdades estas que eram bem maldosas.

— Tranquilo. — Murmurou grave. — Tenho que ajudar o Fez mesmo.

Jo sentiu um nó em sua garganta. Sabia que AshTray estava chateado, com raiva e o caralho a quatro. Não o culpava.

— 'Tá... Te vejo em casa?

Cinzeiro não lhe respondeu. Apenas adentrou o carro e deu partida.

boyfriend. | ashtray. Onde histórias criam vida. Descubra agora