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Pude realmente sentir o impacto da tranquilidade por 2 ou 3 horas. Nunca me senti tão feliz por poder ver algum tipo de filme romântico clichê, ainda mais com a companhia do Johnny, que não parou de me perguntar se precisava de algo. Ele é tão fofo. Só que, neste momento, estou a passar pela grave crise resultante da tranquilidade: O sono. Aquele era o castigo do destino perante os meus atos de dormir tão poucas horas e depois ter a ousadia de me deitar num local tão confortável como aquele. Os meus olhos pesam e não consigo mais segurar os meus bocejos. O sofá confortável, juntamente com o carinho doce do Johnny, em meus cabelos, apenas agrava a situação.

- S/n? Você está bem? Parece cansada... - o Johnny olha no meu rosto e depois um sorriso aparece em seus lábios - Oww você está com sono? Que fofo.

- Qual é a fofura em ter sono? - falo num tom pesado, esfregando os olhos para tentar afastar aquela sensação. Eu não posso dormir! Não agora!

- Você. O seu rostinho adorável é tão bonitinho quando está assim - ele sorri. Eu bufo e sento-me no sofá, pegando no copo com água que se dispunha encima da mesinha do lado do sofá.

- Não, eu não sou fofa! Nem vem com essa conversa - resmungo, levando a água a boca, sentindo o líquido fresco deslizar pela minha garganta de uma forma completamente agradável.

- Ah então você é o que? Quais suas características? - Johnny cruza os braços, divertido com a minha expressão de surpresa. Eu admito que aquela pergunta surpreendeu-me.

- Eu não estou habituada a falar de mim, então não sei bem - eu encolho os ombros, ignorando o facto de eu ter dado uma péssima desculpa.

- Ah entendi, mas se você não se sabe caracterizar, não pode negar o que os outros falam - mantenho-me em silêncio, refletindo nas suas palavras, que ironicamente faziam sentido.

- Certo certo, mas agora o melhor é voltarmos, que os outros devem estar a nossa espera para o almoço - faço um sinal com a cabeça e o Johnny concorda. Saímos da casa num silêncio agradável e em alguns minutos, já chegámos á paróquia. Entro calmamente e vou na direção da dispensa, a procura de algo para que eu possa cozinhar.

Sim, com o passar do tempo e com o nosso "condomínio", consegui descobri uma forma de cozinhar os alimentos, graças a casas antigas: Fornos a lenha. Graças a isso, conseguimos cozinhar e até assar alimentos que antes comíamos crus. Aproveitamos a existência de alguns jardins com terrenos agrícolas e também começamos a fazer nossos próprios alimentos, para conseguir poupar os recursos do hipermercado, para que durem mais. Nós realmente tivemos muito trabalho para conseguir tudo isso, mas é reconfortante a ideia de que valeu a pena, todo o nosso trabalho.

Entro na cozinha e procuro algo no meio dos sacos de sal. Até me sinto como se vivesse á 500 anos atrás, quando a carne era conservada em barris com sal. Procuro e finalmente acho o que pretendia, alguns pedaços de carne de vaca. Pego neles e analiso, vendo que ainda estão minimamente comestíveis. Começo a pensar na ideia de começarmos a caçar na floresta a 6 kilómetros da paróquia. Seria uma grande caminhada, mas poderíamos ganhar carne fresca e não desta, que está conservada por vários dias. Suspiro com a ideia de ter ainda mais trabalho em que pensar e em ter de dar ainda mais trabalho para as pessoas que estão aqui. Ainda mais, ir caçar seria um grande risco já que está muito longe da paróquia e se algo acontecer, eles não teriam um sítio seguro para se abrigar.

Reclamo mentalmente contra o universo e volto a concentrar-me, colocando os 14 pedaços de carne, num saco de plástico e pegar ainda um pacote de arroz, outro alimento que também estamos a aprender a plantar e a tratar. Vou para a sala, onde a maioria estava a descansar, mas que logo olham para mim, quando eu entro.

ཻུ♡ 𝕰𝖘𝖈𝖔𝖑𝖍𝖆  ཻུ♡Where stories live. Discover now