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pov's Nicole

— Escuta aqui Nicole, você tem que ficar na sua! - Algusto grita irritado.

— Para de gritar - Peço com a voz baixa.

Algusto nunca soube lidar com a raiva e seu humor sempre foi imprevisível, além das coisas que ele cria em sua mente. As vezes durante a madrugada ele simplesmente acorda e começa a descutir e fazer acusações sem sentidos contra mim.

— Eu preciso viajar! - Ele grita.

O motivo da briga? Bem, o aniversário das gêmeas será amanhã e eu perguntei se ele vai passar o dia com elas, ele disse que vai viajar hoje e eu contestei – viajar no aniversário das filhas?

— Algusto eu não falei que não tem que viajar, mas elas são suas filhas, vão sentir falta do pai - Explico.

— Será que são? Eu sei que você é uma vadiazinha barata! Deveria agradecer por eu dar do bom e do melhor pra esses desgraçados.

— Não fala assim dos meus filhos! - Falo me segurando para não gritar.

— Então não me enche Nicole! Eu te peguei grávida e dei do bom e do melhor para aquele menino, pra depois você engravidar de outro desgraçado.

— Eu nunca te trai - Me defendo.

— Eu sou idiota Nicole? Olha a minha cara de idiota. Você acha que eu não sei das coisas, mas eu não sou trouxa Nicole, com certeza esse menino é filho de drogado ou de homem casado. Afinal você nunca disse nada do pai, se é que sabe quem é o pai!

E essa discussão durou por algumas horas, depois de um tempo eu simplesmente desisti de tentar argumentar com Algusto. Fiquei só escutando, esperando ele descidir que era hora de parar.

Quando ele finalmente parou de me ofender e saiu do escritório eu me senti aliviada. Abri um dos armários e peguei uma cartela de remédio para dor de cabeça e chamei Pietra.

— Com licença, o que a senhora deseja? - Ela questiona.

— Trás um copo de água - Peço.

Ela concorda e vai buscá-lo, me sento no sofá e fecho os olhos, preciono o espaço entre os olhos, acima do nariz na intenção de aliviar a dor.

— Aqui senhora - Escuto o barulho da porta sendo aberta e a voz de Pietra.

— Obrigada, pode deixar encima da mesa - Oriento.

Em seguida escuto o barulho de paços e da porta sendo fechado.

Um... dois... três! Conto mentalmente e então abro os olhos, assim que me deparo com a luz vinda da janela sinto uma pontada na cabeça e ponho a mão em frente aos olhos para broquear a claridade direta.

Caminho até a mesa, tiro um comprimido da cartela e tomo com água. Então vou em direção a janela e fecho a cortina blackout, volto para o sofá e me deito.

pov's Sara

Usei o dia para limpar e organizar o apartamento, já não estava mais aguentando o chiqueiro, e como costumo chegar tarde e cansada, quase não tenho tempo.

Termino de limpar o armário da cozinha e finalmente posso respirar aliviada, acabou todo o serviço. Pego meu notebook e vou me sentar no colchão de ar, começo a navegar nas redes sociais e me deparo com uma foto de Nicole com as crianças, capa de uma matéria.

— "Empresária Nicole Paollin fala sobre maternidade e como faz para consolidar trabalho e filhos" - Leio em voz alta o nome da matéria.

Entro na matéria e começo a le-la. Tomo um susto ao ouvir o som alto de trovão ecoar pelo céu, sinto meu estômago dar voltas e voltas, tampo a boca com a mão e corro para o banheiro.

Me abaixo no vaso e ponho tudo para fora, depois de alguns minutos sou obrigada a me levantar do chão e enxaguar a boca, para ir ver qual infeliz que está tocando a minha campainha sem parar.

— Quem é? - Falo pegando o interfone.

— Sara precisamos conversar - Escuto a voz de Nicole.

— Espera um pouco - Falo e ponho o interfone devolta no gancho.

Aperto o botão que destrava o portão e libero sua entrada, espero alguns minutos ansiosa até escutar alguém bater na porta da sala. Abro a porta e me deparo com uma Nicole com semblante cansado.

— Entra - Dou espaço.

Ela passa por mim e então fecho a porta, me viro a vejo respirar fundo. Seus olhos parecem vazios, não consigo encontrar brilho algum, as bochechas estão rubras e a boca curvada para baixo.

— Aconteceu alguma coisa? - Questiono preocupada.

— Nada demais, é... - Ela põe a mão no bolso do blazer e tira um pequeno envelope — Amanhã é aniversário das gêmeas, estão fazendo 4 anos.

Ela estica a mão e pego o envelope azul bebê, abro e me deparo com um convite feito a mão, suponho que por Nicole mesmo.

— Não é só isso - Comento ainda lendo o que está escrito no convite.

— É só isso, sei que você vai estar lá de qualquer jeito, mas a pedido das minha filhas quero que seja uma convidada.

Comprimo os lábios e desvio o olhar para o lado pensando no que dizer, então segundos depois olho para Nicole.

— Ontem você foi embora tarde, não teve problemas com seu marido? - Questiono pondo o convite dentro do envelope e indo em direção a geladeira pendura-lo.

— Não - Ela responde, mas conheço quando mente.

— Você inventou uma meia mentira - Afirmo.

Não reconheço a Nicole mãe, empresaria e esposa perfeita que ela é agora. A Nicole que eu conhecia, ficou junto as lembranças, ela morreu quando leu a carta, quando me esperou chegar e eu não cheguei, quando provavelmente tentou pensar que aquilo era uma brincadeira, quando viu o positivo no teste de gravidez, quando percebeu que criaria nosso filho sozinha porque eu ignorei seu e-mail, quando perdeu o bebê...

Mas... Droga! Eu sinto que ela está viva, cada vez que conversamos parece que é a mesma Nicole de sete anos atrás e eu sinto que a conheço e eu sei que ela está mentindo, sei que está com medo.

— Não me acuse, ainda sou sua patroa - Ela fala mas sem o tom sério, parece mais uma prece.

Mordo meu lábio inferior para não falar nada por impulso, penso um pouco e então a abro a boca.

— Me conta - Peço com a voz o mais calma possível — Eu não vou te julgar.

Ela preciona os lábios e então me olha nos olhos.

— Eu só estou mal porque meu marido não estará no aniversário - Ela fala — Ele nunca tá - Ela fala mais baixa.

— Ele parece ser tão bom com você e com as crianças - Comento.

— E ele é - Ela diz — Só que ele não valoriza essas comemorações.

— Eu vou tá lá - Falo me aproximando.

— Obrigado.

Eu sei que não é só isso, mas não posso preciona-la, tenho vontade de me aproximar, abraçar e dizer que está tudo bem... Seria uma linda mentira.

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