💫MJ → Adeus minha Querida Chama Azul |2

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ATO II

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Minha cabeça latejava, precisava de ar e sair o mais rápido possível da cafeteria, então corri em direção a porta. Já do lado de fora respirei fundo enquanto contava para mim mesmo até três — agradeço muito a todos os dias de estresse da minha rotina de trabalho por terem me ensinado a me controlar sozinho. Continuei meu caminho até o parque mais adiante. Casais passeavam com seus animais de estimação, crianças iam para a escola e idosos liam jornais ou faziam caminhada. O parque era realmente movimentado durante o dia. Foi aqui onde aconteceu nosso primeiro encontro. Costumava chamar esse lugar de nosso, mas já não sei mais como chamá-lo. Sentei-me perto do lago, minha cabeça ainda me lembrava das coisas que lutava para esquecer.

Durante as gravações do comercial, Luna e eu não mantínhamos contato, nós nem se quer nos olhávamos. Isso tudo era necessário, já que ela era uma figura pública, não queríamos manchar sua imagem com escândalos, principalmente porque ela ainda era nova nesse ramo. Aquela carona fez com que ela confiasse em mim e toda vez que ela precisava de alguma coisa, durante as gravações, era sempre a mim que ela recorria. Em poucos dias fui de apenas um ajudante para "motorista substituto", tudo devidamente comunicado para sua empresa. Claro, isso fazia com que as pessoas falassem pelos corredores, mas não deixávamos aquilo nos abalar e sempre esclarecíamos que nada estava acontecendo entre nós. De tanta negação, no fim, ninguém desconfiava de nada.

Todas as noites, por volta da meia-noite, nos encontrávamos ali, no parque, diante do lago. Ficávamos conversando por horas sobre nossas vidas, objetivos, sonhos, éramos muito compatíveis e nos entendíamos perfeitamente. O que começou a aflorar dentro de mim era, por muitas vezes, inexplicável. Um simples toque fazia com que todo meu corpo formigasse, um selar de lábios eram como explosões no céu da boca e sua fragrância fazia com que o tempo parasse. Estava completamente apaixonado por ela.

Nosso romance já vinha se estendendo há alguns meses, mesmo após o término do projeto. Porém, algo parecia estar diferente em Luna, mesmo não podendo explicar o quê, era possível sentir apenas no seu olhar que algo a vinha incomodando. Lembro-me exatamente do dia em que, por fim, teríamos nosso primeiro encontro a luz do dia. Lembro-me do quão ansioso estava. Aquele momento demorou muito devido à agenda lotada da Luna, tudo estava apontando que as promoções tinham sido muito bem recebidas pelos críticos e pelo público, que passou a consumir mais do produto. Ou seja, estávamos ambos em lucro, o que significava muito mais trabalho pela frente.

Tinha conseguido adiantar uma de minhas folgas e planejado todo o trajeto para nosso encontro, porém recebi uma mensagem de Luna avisando que teríamos que cancelar, porque precisava tirar aquele dia de descanso devido uma viagem que faria a Jeju para as gravações de mais um comercial no dia seguinte. Era compreensível que ela tirasse aquele dia de folga, mas admito que ficar sabendo que ela teria que viajar, um dia antes da viagem, não me deixou tão contente. Pensei que estávamos em um relacionamento, normalmente as pessoas compartilham esse tipo de informação com seus companheiros. No fundo, minha intuição me dizia que algo não estava certo.

Com Luna viajando, passado-se dias, a monotonia diária estava começando a me parecer cansativa. Quando você se acostuma com a presença de alguém é muito difícil voltar para sua rotina de antes. Então resolvi sair com Soo-hyun para passar o tempo.

— Myung-jun! — Era possível escutar a voz de Soo-hyun a quilômetros de distância.

— Por que demorou tanto? — Lembro de ter ficado a esperando alguns minutos apenas, mas tenho essa mania de aumentar as coisas.

— Ah, para de reclamar. — Tudo para ela era só risos — Eu não demorei tanto assim.

Caminhamos no enorme calçadão, era um final de semana de sol, porém estava fresco para passear. Fomos em algumas lojas de roupas, calçados e por fim paramos na adorável COZY&CREAMY. Pedimos o de costume e nos sentamos nos lugares de sempre, conversamos sobre os momentos difíceis e engraçados do nosso dia a dia e sobre o relacionamento de Soo-hyun com nosso colega de trabalho Tae-yong — era estranho vê-los juntos já que ambos não se suportavam quando se conheceram.

O clima estava bom e a conversa sobre relacionamentos fazia com que minha saudade por Luna aumentasse, ainda mais. Conversávamos por mensagem, mas não era a mesma coisa. Queria sentir o calor de seu corpo próximo ao meu novamente. Uma semana depois Hyun-joon convidou a todos que participaram do projeto Luna — ainda tento descobrir de qual mente criativa saiu esse nome — para um jantar de comemoração pelo sucesso do comercial. Admito que fiquei muito animado, já fazia mais de uma semana que havia visto Luna pessoalmente. Mesmo sabendo que ela provavelmente já havia recebido a mensagem sobre a festa, não conseguia conter minha alegria em compartilhar a informação.

A confraternização foi marcada numa churrascaria próxima do prédio de publicidade. No dia, mandei mensagem para Luna avisando se poderíamos nos encontrar no nosso lugar de sempre, mas por algum motivo não houve resposta. Algo devia ter acontecido durante sua viagem de trabalho, talvez fosse melhor que conversássemos pessoalmente. Peguei minhas coisas e segui para o local de encontro. Quando cheguei, lembro-me que os convidados já estavam sentados com muitas garrafas de Soju, porém, nenhum sinal de Luna.

Depois de trinta minutos finalmente pude ver a silhueta dela se aproximando da mesa.

— Desculpe a demora, estava terminando uma sessão de autógrafos. — Sua voz serena fazia cócegas nos ouvidos dos homens bêbados.

— Tudo bem Luna, querida, vamos, sente-se aqui! Vamos beber a noite toda! — Hyun-joon já estava visivelmente bêbado.

Peguei meu celular e mandei mensagem para Luna outra vez. Ela pegou seu celular e, ao perceber que a mensagem era minha, respondeu:

"Não posso."

As palavras, mesmo não sendo ditas por ela, soaram frias como o inverno. Eu só conseguia me perguntar se havia feito algo errado. Mas, por mais que buscasse em minha mente, não conseguia achar nenhum motivo para a atitude dela.

— Pessoal, vamos tirar uma foto? — Soo-hyun costumava levar consigo sua câmera polaroid.

— Pode deixar comigo. — Não queria ser fotografado, mas isso não poderia interferir na alegria dos outros.

Sem que percebessem duas fotos foram tiradas e uma delas foi guardada no meu bolso. Após muitas reclamações, devido a minha decisão de ir embora mais cedo, consegui sair de lá perto da meia-noite. Meu carro estava próximo, mas decidi que daria uma caminhada antes de ir embora.

Meus passos pensativos me guiaram ao meu lugar de conforto, COZY&CREAMY. Sentado com um café nas mãos, tentava entender o que estava acontecendo. A cada gole era uma paranoia diferente. Então meu celular vibrou mostrando que uma mensagem havia chegado.

"Myun-jun, sei que a forma com a qual decidi vir falar isso para você pode ser vista como cruel, porém não sei como poderia fazer isso pessoalmente, então espero que você realmente me entenda. Após minha viagem para Jeju, pude parar um pouco e pensar mais na minha carreira. Foi quando me dei conta de que minha vida está seguindo o caminho que sempre sonhei e continuar com isso seria totalmente injusto com você. Então a decisão correta a se tomar é pararmos por aqui. Sei que agora você deve estar com mil perguntas em mente, mas no momento não terei como respondê-las. Por favor, aguarde que entrarei em contato com você assim que possível."

Aquelas palavras foram como facas perfurando meu coração. Todas as memórias construídas por nós se tornaram nada mais do que sentimentos unilaterais. Era como se um abismo sem fim tivesse me engolido. Caminhei até o enorme painel de memórias, então peguei a foto do meu bolso e escrevi:

"Noite de comemoração"

Nunca imaginei que aquelas palavras um dia se tornariam as mais difíceis de se escrever.

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Aroha's Galaxy - Astro CollectionOù les histoires vivent. Découvrez maintenant