Uma cachoeira escura

Ela estava andando pela aquela extensa chácara sombria, não via mais o sol, árvores estavam por todos os lados. Havia também uma trilha, a garota decidiu seguir, admirada com tamanha beleza. Derepente, cachorros famintos corriam em sua direção, ela teve que sair as preças.

Sem rumo, queria ir para qualquer lugar longe de tudo o que a corroía, todos a enjoavam e ela era fria.

Avenidas da morte já não davam medo, possuída pela confusão, seu corpo apenas carregava enigmas, quase incapazes de serem decifrados.

Depois de algumas horas andando, avistou uma espécie de praia estranha, não havia areia, apenas um barro que parecia fezes, e o mar estava sujo, como a alma dela, nada mais importava, então decidiu correr e mergulhar no seu próprio ódio, para nunca mais precisar sentir...

Se deparou com um buraco profundo, se jogou para ver até onde iria.

Acabou encontrando uma cachoeira. Percebeu como a água era diferente de tudo o que já tinha visto, de todas suas ilusiões perdidas.

A menina segurou as pontas do vestido e decidiu sair andando, desta vez, queria explorar o máximo de cores concretas que estavam ali, caindo, envolvendo pedras.

O som era como música em seus ouvidos, permitindo qu ela dançasse, enquanto as flores e plantas a aplaudiam.

Acabou tropeçando em algo tão gelado quanto água no inverno, e quando se abaixou para ver o que era, enxergou um belo rapaz, esquecido como o vento, morto, literalmente, assim como sua ingenuidade.

Não sentiu remorsos, era culpa das ondas ter levado tão longe o corpo de alguém que um dia foi seu eterno amor.

Ainda podia sentir gosto de sangue, as ondas não derrubaram a estaca no pescoço do menino.

Não pôde fazer nada, horas tenebrosas já haviam passado como segundos, então, deitou, do lado do garoto, e com um gesto com a mão perfurou seu próprio coração com a mesma estaca que acabara com a vida de seu noivo, finalmente, dormiria para sempre ao lado do anjo.