S.O.S

172 31 366
                                    

Estar ao lado dele em público era praticamente uma tortura pois eu não poderia descuidar na minha linguagem corporal, por ter muita gente conhecida perto e tinha que tomar cuidado na forma e palavras que sairiam da minha boca. Aquele clima que estávamos levando, com uma cara óbvia que estávamos nos conhecendo melhor iria levantar uma suspeita muito grande. Ao mesmo tempo que eu queria que ele saísse do meu lado, queria que ele ficasse próximo, deitar no colo dele e sentir o seu perfume de perto.

O pessoal começou a jogar e eu o incentivei a se misturar, aproveitar que ele era alto pra brincar um pouco, sentir o vento com maresia e tomar um pouco de sol. Assim ele me ouviu e deixou o celular comigo, um ato simples, mas algumas garotas olharam pra mim e senti as minhas bochechas ficarem quentes. Senti que ele tinha percebido o meu encabulamento e sorriu. Como nada podia piorar, ele começou a tirar a blusa, e eu consegui ver o corpo dele e pela primeira vez na minha vida senti o meu coração palpitar por ver um abdômen masculino.

Olhei para o chão, admirando a areia e torcendo para o meu rosto não transparecer o que eu sentia, ele me deu a blusa para segurar também, eu não conseguia olhar para cima e fingi dobrar a blusa, respirei fundo e olhei ele indo para o lugar dele próximo a rede. Para a minha sanidade e discrição, fiquei feliz em ver que ele estava de regata e o fato de eu ter visto o corpo dele foi apenas um acidente. Assim eu pensava.

A Renata apareceu e sentou do meu lado, me ofereceu água de coco e eu aceitei. Costumávamos ser melhores amigas na nossa adolescência, mas as nossas vidas seguiram rumos diferentes e ela conheceu amigos com perfis diferentes dos meus, mas eu gostava dela, sentia falta dela as vezes, mas não tinha como criar intimidade com ela novamente.

Mesmo sem intimidade, ela me conhecia.

Naquele momento, me conhecer não era uma coisa muito segura para mim.

- Ai amiga, eu achei ele muito bonitinho. - Disparou a Renatinha, enquanto eu tomava um super gole de água de coco.

- Tu gostou mesmo dele ne? - Tentei parecer indiferente, mas fingir doia muito.

- Não vou mentir, ele chamou a minha atenção. - Ela olhou para o mar, sorrindo. - Vocês se conheceram antes de ele começar a frequentar o grupo ou a amizade surgiu agora?

- Hum... ele não é meu amigo Renata. Apenas estou cumprindo o meu papel de acolher, por ser da comissão.

- Letícia, nos conhecemos desde os 13 anos e sabemos que você consegue fazer amizade com pessoas aleatórias e eles se tornam mais amigos seus do que quem está na sua vida a mais tempo.

Existia uma mágoa dentro dela em relação a mim, não existia?

- Não temos intimidade, foi isso que eu quis dizer.

- Segurar os itens pessoais não é intimidade? Existem outras pessoas aqui assistindo o jogo, ele chegou e já foi tomando a sua atenção, sentou do SEU lado e deixou as coisas dele com VOCÊ! Você e ele não estão paquerando, certo?

Garota direta não?

- Eu tenho namorado, né?

- Então vocês já são amigos de longa data em apenas 24 horas, como eu disse anteriormente. Você faz amizade rápido demais com pessoas aleatórias.

- Talvez seja... mas o que tudo isso tem com você estar afim dele?

- Se vocês são íntimos por algum motivo que só a sua cabeça entende, tente sondar ele pra mim. - Ela sorriu, enquanto os meus olhos examinavam aqueles olhos castanhos e realmente existia interesse por ele ali - Isso não é um problema pra você, né?

- Isso, zero problemas. Mas porque você não se aproxima dele, não tive dificuldades em começar a falar como ele. Me parece uma pessoa bem aberta.

- Letícia, com você por perto fica um pouco difícil de me aproximar e ter a atenção dele, talvez ele seja como você, faz amizades aleatórias e se apega a essas pessoas aleatórias. Você sabe que ser uma das líderes te traz visibilidade. Só sonde. Seja legal.

Tarja PretaМесто, где живут истории. Откройте их для себя