Eventually

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Por Júlia

Bigi: -Tá falando sério?-se sentou do meu lado. Estávamos em sua casa, sentados no sofá de frente a grande TV que passava alguma animação da qual não lembrava o nome.

Júlia: -Claro que sim! Eu conversei com ele, e todas as informações que ele me deu batem.

Bigi: -Mas ainda assim, pode ser alguém tentando te enganar.-ele disse, me entregando uma garrafa de cerveja. 

Júlia: -Eu cheguei a falar com meu pai através dele. 

Bigi: -Sério?

Júlia: -Ele tá muito mal!

Bigi: -Caramba...

Júlia: -Por mais que meu irmão tenha me alertado, eu não sei se quero fazer algo a respeito. 

Bigi: -Mas o que você poderia fazer?

Júlia: -Eu não sei, mas sei que nada eu não posso fazer. 

Bigi: -Você não tem essa obrigação!-abriu uma garrafa de cerveja-Me desculpe Júlia, mas toda essa história está esquisita, eu não consegui confiar nesse seu "irmão".-disse, fazendo um gesto de aspas com uma mão enquanto tomava um gole da bebida.

Júlia: -Eu nem te contei tudo...

Bigi: -O que foi?

Júlia: -Existe uma probabilidade dele ser meu irmão gêmeo. 

Bigi: -O QUÊ?

Júlia: -Eu já te contei que minha mãe estava grávida de gêmeas e...

Bigi: -Não, ele não é seu gêmeo!-disse com certa firmeza. 

Júlia: -E como você tem tanta certeza disso?

Bigi: Por...Por...Por que ele não é. Está vendo? Ele está colocando coisas demais na sua cabeça.

Júlia: -Não foi ele, ele nem suspeita, fui eu quem pensei nessa possibilidade. Minha mãe sempre falou que era uma menina, mas pode não ser, né?

Bigi: -Isso é bem improvável! 

Júlia: -É... Tem razão!

Pensando agora, eu fui muito tola de ficar pensando nessas coisas. 

Bigi: -Me desculpa, tá?-ele me abraça e faz um cafuné no meu cabelo-Eu não quero que crie muitas expectativas e acabe se frustrando.

Júlia: -Eu sei.-digo bebendo um gole da cerveja-Está tudo bem. 

Ainda abraçado, ele me dá um beijo na bochecha.

Ele não é do tipo que diz "Eu te amo" em palavras, porém, ele demonstra através de ações. Em seu abraço, eu tive a sensação de que ele queria me dizer "Ei, eu estou aqui, não se preocupe!", e isso vale mais do que ouvir milhares de declarações de qualquer outra pessoa. 

Júlia: -Mudando de assunto... Eu vou lançar o álbum logo!

Bigi: -Sério? Que maravilha! 

Que maravilha, mas não parecia. Não é a primeira vez que esse sorriso meio sem graça e cara de paisagem surge quando eu falo dos meus projetos e da minha carreira. Espero que seja coisa da minha cabeça, que ele realmente esteja torcendo pelo meu sucesso. 

Bigi: -Vai dar tudo certo, você é muito talentosa! E vamos dizer que, de vez em quando, eu fico do lado de fora ouvindo você ensaiar... 

Júlia: -E por que fica do lado de fora? 

Bigi: -Eu não quero atrapalhar vocês, e é rapidinho, quando eu sinto saudades de ficar com você. 

Júlia: -A gente se vê praticamente todo dia, e ainda sente minha falta?

Bigi: -Sinto!

Por Bigi

Júlia: -Sorte sua que eu desisti de ir para o Brasil.-disse ela, fazendo cafuné em meus cabelos. 

Bigi: -Como assim?

Júlia: -Eu tinha umas coisas para resolver, nada demais, mas preferi deixar para minha assessoria lá. 

Bigi: -Ah, poxa. 

Júlia: -O que foi? Queria ir junto?

Bigi: -Só se desse tempo da gente passear juntos. 

Júlia: -A sós ou com meus amigos?

Bigi: -Bem, pra mim não importa muito, contanto que eu possa roubar você deles, só um pouquinho.

Ela se aproxima e começa a me dar um daqueles beijos. Sim, daqueles. Ela sobe em cima de mim e me encara, e volta a me beijar calmamente...

...mas minha alegria acaba quando o telefone dela toca. Ela imediatamente para e atende. Ela se afasta um pouco e enquanto isso, eu a observo tensa. Seu sorriso se desfez em questão de segundos, e isso me deixou preocupado. 

Júlia: -Claro, irei o mais rápido que puder... Bem, obrigada por me avisar!... Até depois... Tchau!-ela desliga e me encara-Parece que eu vou ter que ir para o Brasil de qualquer jeito. 

Bigi: -O que aconteceu?

Júlia: -Meu pai faleceu! 

Olho para ela, que não consegue esboçar uma reação. 

Bigi: -Eu sinto muito!-coloco a garrafa na mesa. Continuo olhando para ela, que nada faz.-Tá tudo bem?

Júlia: -Tá sim, eu só não consigo chorar. Acho que eu nem estou triste. 

Ela volta para o sofá e apenas me abraça e isso não me deixou nada confortável. Não esperava ver ela berrando de chorar, mas estou muito mais preocupado com essa reação dela. 

No dia seguinte...

Por Júlia

Alice: -Você está bem?

Júlia: -Estou!

Alice pareceu não confiar muito na minha resposta, mas prosseguiu. 

Alice: -Certo, eu vou colocar sua mala no porta-malas! 

Assenti com a cabeça e terminei de pentear meus cabelos. 

Desci as escadas para me despedir do Bigi. Ele não vai junto comigo, pois dona Katherine está internada, o que não é nada grave, mas ele prefere continuar no país de qualquer forma. 

Bigi: -Promete que vai ficar bem?

Júlia: -Eu estou ótima!

Ele olha no fundo dos meus olhos e me dá um beijo na testa. 

Bigi: -Por favor, se cuida!

Júlia: -Tá bom!

Nós nos abraçamos e ele me dá mais um beijo. 

Após mais uns minutos dele super cuidadoso comigo, ele vai para casa eu e meus amigos seguimos até o aeroporto. 

Alice: -Você está com bloqueio emocional?

Júlia: -Talvez.

Alice: -Bem, eu definitivamente não sei o que fazer para ajudar, mas quero que saiba que todos nós estamos aqui, tá? Você não precisa passar por nada sozinha!

Eu apenas dou um sorriso singelo para ela, que retribuiu. 

Depois de horas e horas de viagem, finalmente cheguei no Brasil, e nos hospedamos em um hotel. Apesar de não ter avisado ninguém, é inevitável que, quando você é uma das maiores cantoras do Brasil no momento, não descubram que seu pai faleceu e que de repente a você se hospedou num hotel. Apesar de tudo, tentei da melhor forma possível tratar meus poucos fãs, que estavam na porta do hotel, com amor e carinho, mas todos percebiam que eu não estava bem. 

Ao chegar ao quarto, tomo um banho e coloco um pijama. Prestes a me deitar, começo a ouvir um mutirão da porta do hotel. Ao olhar pela janela, vejo cartazes com corações e meu nome desenhados. 

"Julien, eu te amo!", "Julien, eu te amo!", "Julien, eu te amo!"

Quando me deparei com todos eles gritando meu nome, falando que me amam, eu fiquei extremamente emocionada. Fiquei lendo cada um dos cartazes e em um deles estava escrito "Força, Ju!", e eu finalmente, depois quase um dia inteiro, chorei pela primeira vez desde que meu "pai" morreu. 

Escolhida pra ser JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora