Capítulo Dois

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Eu não sabia o que estava fazendo naquele lugar

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Eu não sabia o que estava fazendo naquele lugar.

Tudo cheirava a cigarro e álcool, e tal odor já havia se impregnado nas minhas roupas, se eu chegasse assim em casa meu pai me mataria.

Na verdade, ele me mataria se soubesse de qualquer sinal que eu saí de casa sem os seguranças. Eu precisava voltar urgente, antes que ele se desse conta de que eu não estava no quarto estudando como ele pensava. Era o que eu estava tentando explicar pra Verônica, quando um rapaz chegou nela. Alto, forte, moreno, a ausência da camiseta revelava o abdômen trincado, exatamente o tipo da Verônica. Droga. Ela me deixou completamente sozinha como eu imaginei que faria, e o pior é que viemos no carro do pai dela, mesmo ela tendo dezesseis anos, assim como eu, e não tendo carteira de motorista, o pai dela deixava ela dirigir. Na verdade, ele deixava ela fazer tudo, diferente do meu.

Desde que a mamãe morreu em um assalto, só posso sair de casa escoltada por seguranças, que observam tudo que eu faço e contam ao meu pai, ou seja nada de sair com garotos para dar uns amassos, nem de beber em festas.
Como toda boa adolescente, dou umas escapadas às vezes, porém definitivamente nunca tinha ido a um baile funk.

Haviam mais de quinze minutos que a Vê havia sumido, então, resolvi descer o morro e ir embora dali sozinha de Uber mesmo, antes que meu pai descobrisse e tomasse até o meu celular como castigo por aquela fuga.

Quando estava descendo o morro, trombei em um garoto e estava pedindo desculpas, quando uma outra menina, que devia ser a namorada dele, começou a gritar comigo.

- Você quer chamar atenção, sua piranha?

- Por que não vai mexer com gente da sua laia? - Respondi seca e continuei andando, sempre odiei essas garotas ciumentas que acham que qualquer pessoa quer o boy lixo delas, qual é?

- Sua princesinha de merda, você não está no seu condomínio de luxo onde você dita suas regrinhas. - Ela se colocou na minha frente, me empurrando com tanta força que caí no chão.

Senti minha perna arder e em seguida o sangue escorrendo. Merda.

- Para com isso Rafa! Deixa minha prima em paz, ela não fez nada. - Um rapaz alto e bronzeado veio me salvar dizendo pra tal da Rafa que era meu primo. Ele era magro, tinha a pele morena, olhos castanhos profundos e lábios carnudos, não pude deixar de notar o quanto ele era lindo.

A garota disse mais alguma coisa que não prestei atenção e foi embora.
Assim que ela virou as costas, o "meu herói" me deu a mão para que eu pudesse me levantar do chão. Normalmente, eu diria que não precisava ser salva, que sabia me defender sozinha, e principalmente que conseguia levantar do chão sozinha. Nunca gostei de parecer frágil para os garotos, mas naquele exato momento, eu tinha que ser honesta sobre duas coisas. 1) Se o estranho não tivesse chegado para me salvar, aquela garota ia me arrebentar, eu não tinha o menor preparo para brigar com ela. 2) Dessa vez, eu particularmente gostei de ser salva e de parecer frágil, aquele garoto parecia ser diferente dos outros, não sei o que me fez pensar isso, mas foi o que eu senti. Foi como se uma conexão tivesse se estabelecido entre nós assim que tocamos as mãos um do outro. Alguma coisa naqueles olhos castanhos, profundos e talvez um pouco tristes me fez ter vontade de conhecê-lo mais, de saber o porquê ele havia se importado com uma estranha, o porque ele vivia naquele lugar, ou se não vivia porque estava lá, porque aqueles olhos passavam uma impressão triste... Eu nunca havia tido tantas perguntas só de olhar para alguém. Mas para tudo tem uma primeira vez.

Desejos Do Coração [EM ANDAMENTO]Where stories live. Discover now