O pecado de hyunjin

Unique.

Felix guardava o último livro das devoluções do dia no seu devido lugar assim que ouviu a porta ranger. As aulas da manhã já haviam acabado e as da tarde começariam em uma hora. Deduziu ser algum funcionário e voltou a busca da prateleira certa para o livro em suas mãos. O lugar dele era na mais alta, perto das enciclopédias. O loirinho se estica, na ponta dos pés, fazendo o máximo de esforço para alcançar o local.
Até uma mão pousar em cima da sua e segurar o livro, pondo-o onde ele tanto se dedicava para conseguir.
    ⁃    hey, o que você...
    ⁃    De nada.
    ⁃    Hyunjin.
    ⁃    Eu?
    ⁃    Tá fazendo o que aqui?
    ⁃    Peguei detenção. Vou passar a tarde te ajudando a arrumar esse muquifo.
    ⁃    Uma pena, você mesmo acabou de guardar o último livro das devoluções. Vai ter que voltar pra diretoria e achar outra coisa pra fazer.
    ⁃    Ledo engano, princesinha.
    ⁃    Me chamou de que?
    ⁃    Sua tia falou que o almoxarifado dos livros precisa ser limpo já faz um bom tempo e que minha gloriosa companhia seria útil para você.
    ⁃    Ela o que?
    ⁃    Tá aqui a chave. - Hyunjin segura a pequena mão de Felix, depositando uma chave no centro da palma. - só me diz o que fazer pra eu acabar logo com isso.
    ⁃    Tá. - murmurou, puxando a mão em punho e indo em direção aos fundos do local.

Assim que abriu a porta se arrependeu no mesmo instante. A sala transbordava em livros mofados e velhos. Havia uma mesa central abarrotada das mais antigas capas e várias caixas de papelão por todo o ambiente (com mais livros dentro, Felix tinha certeza).
    ⁃    O que temos que fazer com isso tudo?
    ⁃    Ver o estado, limpar, separar por categorias, catalogar e adicionar no inventário atual da biblioteca.
    ⁃    Hum - Hyunjin anda até uma pilha e levanta um livro, encarando sua capa. - Estado: velho. Categoria: chato. Podemos só dizer que todos estão muito mofados pra uso?
    ⁃    Não. - fecha a cara, caminhando até o mais velho. - Se não quer fazer isso, faz o que eu já te disse. Anda até a droga da sala da diretora e diz que eu não preciso da sua ajuda.
    ⁃    Lee Felix xingando, isso chega a ser excitante.
    ⁃    O que? - seu rosto cora violentamente.
    ⁃    Nada, lindinho.
    ⁃    Vou pegar o catálogo na minha mesa, pode ir separando o que achar por aí.
    ⁃    Tá. - larga o livro que segurava e levanta outro. Olha para os lados, dando uma volta completa com seu corpo, verificando a existência de mais livros do que sua capacidade para contá-los. Uma ideia brilha em sua mente, de repente. Se dirige até a porta e fica atrás dela, na espera do mais novo voltar.
    ⁃    Ok, peguei a lista. - Felix entra no cômodo e não encontra o outro. - Hyunjin? Será que ele foi mesmo falar com a titia? - Murmura em um muxoxo. Ele abaixa o olhar para a planilha em sua mão, não levantando-o a tempo de ver o que aconteceu na porta assim que a ouve se fechando bruscamente.- o que diabos...?
    ⁃    Que tal assim, - Hyunjin se aproxima do menor, girando o aro do chaveiro em seu dedo. - você diz pra sua tia que eu te ajudei e, em recompensa, eu te deixo sair da sala.
    ⁃    Nem fodendo.
    ⁃    Olha língua, princesa.
    ⁃    Vai sonhando, Hyunjin. Eu não vou fazer tudo isso sozinho.
    ⁃    Não disse que ia. - riu nasalado. - Só disse que não vou ser eu a te ajudar.

Hyunjin se aproxima, deixando o rosto a centímetros do outro. Seu ar debochado irritando o loirinho a sua frente. Felix avança e tenta tirar a chave de sua mão, mas ele desvia e vai para próximo da janela.

    ⁃    se tentar mais uma, eu jogo pela janela. Eu vi que seu celular tá em cima da mesa, o meu tá com a sua tia. Duvido que gritar funcione por aqui já que ninguém vem na biblioteca na hora do almoço.
    ⁃    Você não faria isso. Estaria se ferrando comigo.
    ⁃    Bem, eu tô ferrado de qualquer forma.

Segura a chave na ponta dos dedos, ameaçando jogá-la. O loirinho se irrita, tentando avançar de novo. Segura o braço do maior, que se desequilibra e, sem a menor das intenções, derruba a chave para fora.
    ⁃    Eu não acredito.
    ⁃    A culpa foi sua!
    ⁃    Você que ameaçou jogar. Se não ficasse com esses seus joguinhos, nada disso estaria acontecendo.
    ⁃    Calma ai, esquentadinho. Vamos dar um jeito.
    ⁃    Você mesmo disse: meu telefone tá na mesa lá fora, o seu na diretoria e ninguém vai entrar na biblioteca tão cedo. Ainda é horário de almoço.