Capítulo 5

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Camila Cabello Point Of View

New York, Estados Unidos
15 de Fevereiro de 2018

Ao acordar do meu cochilo resolvi dar uma olhada no pós operatório da minha paciente, a cirurgia havia sido complicada era bem possível que ela demorasse a sair do coma.

Me levantei da cama e calcei meu tênis, coloquei meu avental e fui até a recepção do hospital perguntar em qual quarto ela estava, observei uma mulher levemente alterada falando com a recepcionista.

ㅡ Eu só quero saber se ela está bem, por favor! - A morena gesticulava desesperada.

ㅡ O que está acontecendo aqui? - Indaguei para a recepcionista.

ㅡ Eu quero se a minha amiga ainda está na cirurgia, o nome dela é Lauren Jauregui.

ㅡ Ela é minha paciente, vamos sentar e eu te informo tudo.

Apontei para os bancos da recepção e ela assentiu com a cabeça, se acalmando aos poucos.

ㅡ Me desculpe por ter me excedido, eu não quis atrapalhar o trabalho dela. - Abaixou a cabeça em sinal de vergonha.

ㅡ Sem problemas, sua amiga teve um quadro complicado... Quase faleceu mas trouxemos ela de volta, inclusive preciso ir verifica-la.

ㅡ Eu posso vê-la?

ㅡ O horário de visitas é só mais tarde, pode ficar aqui e esperar ou vá pra casa e volte daqui a algumas horas. Não sei se poderá vê-la hoje, preciso fazer alguns exames antes e te confirmo.

Ela concordou em esperar na recepção, e falou que iria avisar para os pais de Lauren.

ㅡ Com licença, você sabe em qual quarto está a paciente Lauren Jauregui?

A recepcionista se apressou em procurar o nome que eu pedi e logo me informou.

ㅡ Quarto 727, no sétimo andar.

Agradeci e me dirigi ao elevador, chamando o mesmo. Adentrei a caixa metálica após algumas pessoas saírem, apertei o botão e aguardei alguns segundos. Andei calmamente até o quarto correspondente, aumentei a temperatura do ambiente, ajustei a inclinação da cama.

Anotei na ficha do paciente os batimentos cardíacos e a pressão, medi a temperatura corporal e percebi que ela se encontrava quente, acima do normal.  Retirei algumas cobertas para não aumentar mais a temperatura.

Após fazer o check-up completo, notei que ela estava relativamente bem depois da cirurgia apesar da febre. Chamei uma enfermeira e mandei administrar uma dose de remédio para baixar a temperatura.

ㅡ Já checou a reação das pupilas?

ㅡ Sim, infelizmente a paciente ainda não reagiu. - Explicou.

ㅡ Vou tentar então, me espere.

Peguei a minha pequena laterna, e suspendi a pálpebra da paciente, observando as reações a luz.

ㅡ Estranho... Ela parece reagir com a sua voz, enquanto a senhora falava, vi seus olhos tremerem levemente. - Franziu o cenho e se aproximou.

ㅡ Tente você, Rachel. - Falei entregando a lanterna.

E realmente, Lauren não reagiu com a enfermeira, entretanto comigo mostrou reação involuntária consciente. Era um pouco raro, os pacientes terem uma conexão com a voz de apenas uma determinada pessoa, mas acontecia. Poderia ser por afeto ou por achar atraente.

ㅡ Quero que diminua a dose de morfina, vamos ver se ela acorda do coma induzido. - Afirmei sorrindo.

Tenho esperança que essa paciente acorde sem muitas sequelas do acidente.

ㅡ Ela é muito forte, não acha? Em poucas horas após a cirurgia, já tem consciência mesmo que seja apenas com você.

ㅡ Os anjos da guarda devem ama-la demais para proteger desse jeito. - Suspirei andando até a porta do quarto ao lado de Rachel.

ㅡ Acredita em anjos da guarda, Doutora? - Questionou desacreditada.

ㅡ Eu acredito que nada é por acaso, se ela está viva é com alguma razão. Ainda não cumpriu a missão de vida dela. - Expliquei.

Fui novamente até a recepção para informar a amiga de Lauren, ainda não poderia deixar vê-la pois preciso descobrir se irá acordar ou não. Vi a garota sentada nas cadeiras conversando com um casal, provavelmente os pais de Lauren.  A mais nova se levantou ao me ver e sorriu gentilmente.

ㅡ Graças a Deus, como está a minha filha? - O homem de cabelo castanho me perguntou.

ㅡ Lauren passou por uma grande cirurgia, teve alguns membros quebrados e uma lesão cerebral. Apesar de tudo, ela parece estar reagindo, vou diminuir os remédios e ver se ela acorda do coma. E poderei dizer com certeza se ela está com alguma sequela ou não. - Informei aos mais velhos e me assustei recebendo abraços dos três.

ㅡ Qual seu nome querida? - Indagou a mãe de cabelos claros.

ㅡ Doutora Camila Cabello. Suponho que sejam os Jauregui's, correto?

ㅡ Sou Michael Jauregui Lawrence e minha esposa é Clara Jauregui, essa é Verônica Iglesias. Ela é a melhor amiga da minha filha e é  da família. 

ㅡ Bom, é um prazer conhecê-los e apesar de ser o horário de visitas, ainda não posso libera-los. Preciso de mais alguns exames da Lauren.

ㅡ Entendemos, Doutora. Obrigada por estar cuidando tão bem da minha filha.

ㅡ Sem problemas, esse é o meu trabalho.

Me levantei da cadeira e me despedi de todos ali presentes, Verônica estava sorrindo demais para mim, achei um pouco estranho.  Resolvi deixar pra lá, já estava na hora de comer alguma coisa, minha barriga implorava por comida.

Fui até o refeitório do hospital, decidi pegar algum processado nas máquinas. Peguei cinco dólares e inseri, apertando o botão para pegar um salgadinho.

Esperei alguns segundos e o pacote de batatas processada não caiu, a máquina travou novamente. Eu tenho um azar com essas coisas, bati na lateral de metal e ainda nada.

ㅡ Que inferno, odeio essas porcarias! - Reclamei.

ㅡ Você deveria saber que alimentos ultra processados faz mal a saúde, Camilinha. - Revirei os olhos ao ouvir a voz do embuste, Austin Mahone.

A pedra no meu sapato, o outro melhor neorocirurgião desse hospital,  desde que cheguei, ele me odeia. Todos sabem que não presta,  já roubou vários pacientes meus por inveja, e vive contando boatos sobre mim. E mesmo com tudo isso, eu não o odeio, tenho pena pois não consegue ter orgulho de suas conquistas e quer destruir as minhas.

ㅡ Lá vem você estragar o meu dia - Sorri falsamente.

ㅡ Fiquei sabendo que fez uma cirurgia de grande porte, enquanto a chefe me botou para fazer uma avaliação de um possível tumor cerebral. - Esbravejou irritado.  ㅡ Esse hospital é meu, não tem lugar pra dois neurocirurgiões.

ㅡ Isso tudo é inveja? Se você é tão bom como diz ser, não deveria ter medo que eu tome seu lugar. - Debochei e ele me fuzilou com o olhar dando um tapa forte na máquina de metal e meu salgadinho caiu.  ㅡ Olha ainda me fez um favor, sempre soube que você tinha um amor incubado por mim. - gargalhei pegando o pacote e sai do local deixando um Austin furioso.

Beyond time  ㅡ CamrenWhere stories live. Discover now