Capítulo 16: Quem é Lilian?

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Florence

Continuei andando, tentando me afastar daquela maldita lanchonete. Eu não deveria ficar brava, mas era simplesmente mais forte que eu. Foi só meus olhos encontrarem os daquela garota pra todo meu dia ir pro fundo do poço.

—Florence! —Kyle puxou meu braço, me fazendo parar. Ele estava me chamando a bastante tempo, mas eu preferi ignorar e continuar andando pra longe. —Caramba, tá fugindo da polícia? Por que correr feito doída?

—Só tô com fome e quero ir pra casa pedir logo alguma coisa. —Afirmei, vendo Kyle passar as mãos nos cabelos, olhando para trás antes de se voltar para mim.

—Você me viu conversando com a Lilian, não foi? Por isso ficou chateada? —Questionou, e meu rosto se curvou em uma careta.

—Quem é Lilian? Nem sei de quem você tá falando. —Murmurei, me virando para voltar a andar, mas Kyle me segurou de novo. —O que é?

—A garota da lanchonete, Florence. —Afirmou, e minhas bochechas pegaram fogo. Não de vergonha, mas de raiva.

Lilian?

As sobrancelhas de Kyle se ergueram, como se minha reação fosse a confirmação que ele precisava. Agora sim eu estava com vergonha, porque agora ele sabia que eu havia chorado por causa dele.

Muito bom, Florence.

—Droga, não aconteceu nada, está bem? Sabe que eu não sou um babaca assim. —Kyle afirmou, parecendo realmente preocupado e um pouco culpado. —Florence, você é minha namorada pra todos os efeitos. Obviamente eu não ficaria com ninguém. Não quero te decepcionar, nem agir feito um idiota com você, com o nosso relacionamento sendo real ou não.

—Você não precisa se explicar, Kyle. Tá tudo bem. —Afirmei, sentindo mais vergonha ainda.

—Preciso sim! Você ficou chateada, eu sei. Eu entendi agora. Desculpa se eu sou lerdo pra caramba. Mas olha, eu estava te esperando e ela sentou e começou a conversar comigo. —Começou a explicar. —E quando ela ousou dar em cima de mim, eu fui embora.

Bem, isso eu sabia, porque eu tinha chegado exatamente nessa parte. Mas Kyle não me deixou falar nada.

—Sei que você viu alguma coisa, porque o Theo me disse que você tinha ido me procurar. Só quero que saiba que não aconteceu absolutamente nada e nem vai. —Afirmou, parecendo realmente sincero. E eu sabia que era. Kyle era lerdo, sim. Mas não um babaca e muito menos mentiroso. —Me desculpa se de alguma forma eu te magoei. Juro que não foi minha intenção. De verdade, Florence, não aconteceu nada.

—Tudo bem. Eu confio em você. —Murmurei, engolindo em seco. Se tinha alguém que eu confiava de olhos fechados era Kyle. Eu conhecia ele a tempo demais. E ser melhor amiga dele, ainda me deu a chance de conhecer seu melhor e seu pior lado. —Eu só fiquei... sei lá.

—Certo, mas se eu fizer algo que você não gostar, por favor me fala, está bem? —Pediu, segurando meu rosto entre as mãos. —Eu me preocupo com você e não quero de jeito nenhum acabar com a nossa amizade por uma coisa sem qualquer importância.

Ignorei a pontada de decepção e abracei Kyle, pensando que tudo que as garotas falaram era bobagem. Kyle era um excelente ator, porque ele realmente não sentia nada por mim além de amizade. Isso era muito, mas muito claro pra mim.

—Vamos, KitKat, temos que alimentar o monstrinho que vive aí dentro da sua barriga. —Murmurou, me fazendo soltar uma risada alta.

[...]

Coloquei a tela na varanda, deixando ela virada para o sol, para que secasse toda a tinta. Kyle estava tomando banho e os outros estavam na piscina, nos esperando. O luau já era amanhã, e por mais que eu dissesse para as garotas que era uma péssima ideia o que elas pretendiam fazer, elas não me ouviram.

—Florence! —A voz de dona Inês me fez sobressaltar no lugar. Olhei para trás, vendo ela caminhar pela varanda interligada na minha direção. —Que bom que te encontrei, querida.

—Oi, Sra. James. —Abri um sorriso nervoso e ela segurou meus ombros, com um sorriso assustadoramente grande.

—Você vai no cinema com o Theo. —Declarou, me fazendo encolher os ombros e arregalar os olhos.

—Ah, eu vou? —Arqueei as sobrancelhas e ela assentiu rapidamente, ainda sorrindo largo.

—Sim, você vai. Theo quer ir assistir um filme e está com vergonha te de chamar. —Afirmou, e eu sabia que na verdade, Theo não queria ver filme nenhum e era ela estava só inventando isso. Theo, diferente dela, tem bom senso. —Mas você vai, não é? Não quer deixá-lo triste.

—Hm, Sra. James? —Juntei minhas mãos na frente do corpo e respirei fundo. —Sei que a senhora gosta muito de mim e me queria na família. Mas olha, não posso ir no cinema com o seu filho. Eu tenho namorado e isso seria uma imensa falta de respeito da minha parte com ele. Não quero criar uma situação ruim dentro da sua casa, por isso eu tenho que negar esse convite. Sinto muito. Mas ficaria muito feliz se a senhora respeitasse meu relacionamento com o Kyle e não tentasse me juntar com o seu filho.

Ela me encarou por alguns segundos, com uma expressão de puro desagrado. Abri um sorriso nervoso, mas para minha felicidade Kyle saiu de dentro do banheiro. Dona Inês olhou em direção a ele e fez uma careta, se virando e indo embora.

—Meu Deus! —Sussurrei, passando as mãos nos cabelos.

—Florence? —Entrei no quarto, vendo Kyle secando os cabelos com uma toalha, me encarando com as sobrancelhas erguidas. —Tudo bem? Você tá com uma cara engraçada.

—Ah, foi a dona Inês de novo. —Me sentei na cama, frustrada. —Falei pra ela que gostaria que ela respeitasse meu relacionamento com você.

—E o que ela disse? —Soltei uma risada nervosa.

—Nada. Ela pareceu muito frustrada e irritada. E com uma cara de quem não ia desistir. —Afirmei, me deitando e encarando o teto. —Kyle?

—Sim, KitKat? —Sorri involuntariamente.

—Ainda dá tempo de voltar pra casa antes que isso vire um caos? —Ele soltou uma gargalhada, que me fez sorrir mais ainda.



Continua...

10 Maneiras de se Apaixonar por Florence Miller  / Vol. 3Onde histórias criam vida. Descubra agora