Era meio de setembro, a primavera já havia começado a alegrar o clima na cidade. A bela coloração dos ipês e roxos e amarelos pintavam a vizinhança e tudo era repleto de alegria, próprio para dar inicio a uma nova atividade - aulas de pintura. Conhecer pessoas novas, expressar a satisfação daquele período do ano.
O professor, Sr. Alberto, era um homem alto e dava indevida atenção às alunas. Provavelmente sua falta de talento o fez ensinar. Pessoa engraçada, havia perdido muito peso, um pouco desengonçado, quase um parvo. Mas não a ponto de permitir a perca do interesse da turma no curso. Cabelo preto, curto, completamente despenteado.
A escola não era um lugar incrível. Pelo contrário, um prédio industrial, provavelmente estivera abandonado. Paredes de tijolinho pintadas de branco e grandes janelas em uma das paredes da sala.
O Sr. Alberto começou a explicar sobre a dinâmica do curso, algo sobre materiais e pinturas. Então abrindo a porta ainda falando com a recepcionista e deixando cair um conjunto de cadernos e materiais de pintura ela apareceu interropendo o raciocínio do professor. Ela era uma jovem, provavelmente de pais de etnias diferentes. Era diferente de todos naquele lugar, mesmo se ela tivesse chegado a tempo ainda seria notada por ser tão diferente dos demais alunos.
Deu-se inicio à um borburinho acentuado de alunos excepcionalmente jovens e risadas juvenis. O professor inferiu um som solicitando silêncio.
- Shhh - disse o Sr. Alberto - Por gentileza, tome seu lugar senhorita... Qual o seu nome?
- Me chamo Niara. Me desculpe pelo atraso. - Disse a jovem com longos cabelos negros.
O professor continuou sua descrição nada interessante sobre o conteúdo do curso. Mas naquele momento a único coisa que parecia se revelar era a luz do Sol penetrando pelas grandes janelas iluminando a jovem e seu vestido colorido, o vento jogava seus negros cabelos sobre seu rosto do outro lado do grande estúdio. Mãos delicadas com unhas pintadas. Levantou os olhos e observou seus colegas atentamente, um a um. Por fim, notou que era observada e não desviou o olhar por um tempo até ser distraida por uma colega ao seu lado direito. Um agradável sorriso esboçou-se em sua face.
Aquela aula acabou sem grandes novidades e o sol já começava a se despedir no horizonte. Os jovens alunos saíam pelos portões da escola, encontrado outros amigos, encontrando pais, encontrando namorados. E lá estava ela. Uma leve brisa, vestígio do inverno, a acariciou e ela abraçou-se. Quase era possível sentir sua pele eriçada e sua respiração quente.
- Boa tarde Niara. - Disse alguém a abraçando por trás.
Após um leve susto a moça reconheceu a voz do desconhecido. Virou-se lentamente envolvendo seus braços no pescoço dele e olhando nos seus lábios ela disse algo que fez ambos sorrirem. O que ela teria dito para ele? Um beijo apaixonado e o brilho daquela tarde desapareceu de vista.
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Melancolia
RomanceQuem nunca sofreu por um coração partido e um amor não correspondido. A vida traz várias dores e dentre as piores dores estão o luto e um coração partido. Não importa quanto tempo não é possível apagar esses sentimentos.