T3 C3: Desconhecido.

56 9 5
                                    

Os sete mortos se deslocam rapidamente pela rodovia atrás de Samuel. Amedrontada e com o rosto encharcado pelas lágrimas, a criança sente o desgaste da corrida de quase um quilômetro na tentativa falha de despistar os putrefatos. A exaustão começa a dar sinais e as pequenas pernas do garoto ficam trêmulas. Embora ele se obrigue a continuar correndo, seu corpo não suporta mais o esforço. O pé direito vira numa das passadas e ele cai ralando os cotovelos no asfalto. Os zumbis avançam para cima da criança que fecha os olhos temendo seu final quase certo e se assusta com os estrondos sequenciais que a fazem abrir os olhos e ver as criaturas caídas aos seus pés com as cabeças estouradas.

Quatro homens trajados com roupas táticas pretas e em posse de armas de grosso calibre aproximam-se. Um deles se agacha ao lado de Samuel e o analisa dos pés a cabeça dando atenção especial aos ferimentos ocasionados pela queda enquanto os outros permanecem atentos ao perímetro.

— Tudo bem, meninão? - o agachado pergunta.

— Estou com medo... - Samuel choraminga, assustado.

— O que está fazendo sozinho? - um dos caras de pé questiona.

— Os monstros chegaram, eu corri e me perdi dos meus amigos... - Samuel diz rapidamente e para ao sentir as fisgadas no tornozelo. — Meu pé está doendo muito.

— Esse? - o agachado aponta para o pé direito da criança, ela assente. — Vamos dar um jeito, beleza?

Ainda assustado e sem entender ao certo quem são os homens, Samuel assente e tem atenção desviada para a picape que chega em alta velocidade. Samuel é erguido pelo homem que o examinara e colocado na caçamba. Os demais também embarcam e dois tapas na lataria são suficientes para o veículo se mexer novamente.

Camuflada no meio da vegetação próxima ao acostamento, uma jovem assiste o veículo com os paramilitares se afastar levando a criança.

— Droga. - bufa e afasta uma mecha do cabelo escuro da frente do rosto.

Ela retira do bolso da calça a embalagem com o último chiclete e o leva à boca. A mão direita vai para a testa e ela esfrega as pontas dos dedos na região pensando no que fazer.

___

A alguns quilômetros dali, Bruna e Eduardo também têm a árdua missão de fugir dos mortos, só que no caso deles, são dez errantes os perseguindo desde o engavetamento. Pensaram que entrando na floresta teriam mais chances de despistar as criaturas, mas estavam errados. A quantidade deles é maior na mata.

— Vamos voltar para a estrada! - Eduardo diz sem diminuir o ritmo.

Bruna concorda e eles começam a escalar o barranco com alguns metros de vantagem sobre os zumbis. Eduardo é o primeiro a chegar ao topo e ajuda Bruna. O adolescente vira-se pronto para atravessar a pista e não percebe o veículo vindo em sua direção.

— CUIDADO! - é tudo que Bruna consegue gritar.

Eduardo congela, vê o motorhome cada vez mais perto e as coisas parecem acontecer em câmera lenta diante dos seus olhos. Os pneus deslizam no asfalto, a fumaça sobe e com ela o cheiro de borracha queimada. Por sorte, o veículo consegue brecar a centímetros do jovem. Bruna afasta as mãos do rosto e respira aliviada ao ver o amigo inteiro. Ambos fitam o veículo e veem através do para-brisa o casal de idosos. O homem de óculos está ao volante e ao seu lado, no carona, a mulher. Os mortos não demoram a chegar a estrada deixando os dois jovens ainda mais tensos.

— Entrem! - o motorista os chama.

Sem pestanejar eles correm para a lateral do veículo e o adentram quando o idoso abre a porta. Com Eduardo e Bruna a bordo, ele retorna para o volante, ajeita o óculos de lentes redondas no rosto e acelera antes que os zumbis cerquem o veículo.

Zumbis: O Começo do Fim (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora