"Cocaína"
- Não sei porquê ainda insiste nisso [Nome], sinceramente.
- Quem?
- A [Nome].
- Te perguntou alguma coisa.
Yaku e Tetsurō não lhe davam trégua. Eram como água e vinho para si mesmos, enquanto você os via quase como irmãos gêmeos... Mesmo com intrigas. Poderia assistir o circo pegar fogo sem problemas, até atiçaria um pouco de lenha, mas o que estava fazendo requeria sua atenção por completo.
- Meninos, compreendo perfeitamente suas diferenças um com o outro, e Yaku, obrigada por se importar, mas eu realmente acho necessário utilizar essa forma de análise. Qualquer tipo de pipeta tem no mínimo 1 ml de capacidade de medida, um conta gotas não. Por isso prefiro continuar a usar esse método, é mais seguro e tem muito mais precisão. Imagina se eu colocar 1 ml de ácido com a pipeta, e ele ultrapassar o volume molar da substância? Fudeu. Então se não se importam, vou continuar com o conta-gotas.
Identificação de ácidos não era difícil, apenas complicado. Eram muitas fases até chegar no procedimento final, mas nada impossível. Já estava no último, a análise seria de um alcalóide sob ácido clorídrico, mas ainda precisava de um microscópio para enxergar melhor. Aplicou algumas gotas do ácido junto com o alcalóide em uma lamínula de vidro, e o encaixou dentro da lente. Se assustou e se afastou do microscópio no mesmo instante em que observou.
- Ei, tudo bem? O que é?
Apenas um tipo de alcalóide virava sal. Esse era bem popular no mundo das drogas.
- Kuroo, sai de perto! Ponham luvas, máscara, óculos, o caralho a quatro, mas não toquem e nem assoprem. Vai virar sal em questão de minutos, e se não acabarmos com isso vamos direto para a cadeia.
Não tinha ideia de quem poderia ter implantado aquilo no seu trabalho, talvez nem soubessem.
- [Nome], esse alcalóide é Cocaína! - Afirmou Yaku, horrorizado.
- Fala baixo porra! Ela não sabia, nem tinha como ela saber. O que vamos falar pro professor? Foi ele quem separou esses reagentes para analisarmos.
- Será que ele sabia?
- [Nome], ninguém tem éster de ácido benzóico à toa no laboratório. Ou ele armou para nós, ou ele não sabia, e se não souber, alguém da faculdade sabe. Alguém grande e com um bom cargo, eu suponho. O que vamos fazer? Já virou sal na lamínula. - Kuroo apontou para a lâmina abaixo do microscópio, haviam cristais de sal já proeminentes no vidro.
- Gente, e se substituirmos? Nosso trabalho era identificar os ácidos, e esse foi o único que se caracterizou como alcalóide. Podemos jogar a substância fora, e colocar água. É base, H2O é solvente universal, não precisamos nos preocupar.
- E quem guarda água em vidro âmbar? Vamos colocar outro ácido, assim não interfere na característica do vidro, e não precisamos mentir. São todos ácidos. E se alguém questionar se tínhamos outra substância, dizemos que nosso tema foram apenas ácidos, nada de diferente. De acordo? - Propôs Kuroo que, até então, era o menos preocupado com a situação. Talvez estivesse tentando descobrir como descartar a substância indesejada. Pela pia não, de jeito nenhum. Então como?
- Eu sou à favor. - Respondeu Yaku.
Pensou na ideia, era loucura, mas o que mais poderiam fazer? Se reportassem, qual seria a chance de passarem ilesos?
- Também sou à favor. Mas como vamos jogar fora? Sabemos que pia, ralos e privada não são uma opção. - Pensou em como fariam aquilo sem deixar vestígios, não podiam queimar, mas talvez se jogassem em terra ainda teriam uma chance.
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𝐀𝐂𝐇𝐈𝐋𝐋𝐄𝐒 | 𝐊𝐢𝐭𝐚 𝐒𝐡𝐢𝐧𝐬𝐮𝐤𝐞
FanfictionEla acreditava nos números. Ele nas palavras. Ela cria no infinito. Ele era agnóstico. Ela gostava das partituras. Ele da poesia. Em meio aos antônimos, ambos sempre se reencontravam de alguma forma. Para ela, talvez não fosse à toa. Para ele, era...