[DISPONÍVEL ATÉ 09/05/25] Dever e Fidelidade #2

Capítulo 17

[Oii, pessoal! Este capítulo era para ter sido publicado na última quarta-feira, como eu prometi, mas estou me organizando para ir à Bienal do Livro e acabei terminando de escrevê-lo só hoje. Peço perdão pelo atraso e garanto que o capítulo de quarta-feira será postado sem problemas!

Ah, eu estarei na Bienal nos dias 7, 8, 9 e 10 no estande da editora The Books com meus livros CRUEL e CRUEL II, caso vocês queiram aparecer para me dar um alô! Tem mais informações nas minhas redes sociais! ;)

Beijão e boa leitura!]

     - Não ouço absolutamente nada.

     Minhas costas doem e me sinto cada segundo mais irritada e, embora eu esteja me esforçando para demonstrar a Hallux minha insatisfação com a maneira como ele ministra sua lição, ele não parece se importar muito. Na verdade, de todas as pessoas que me cercam, ele é o único que aparentemente trocaria uma audiência com a rainha por qualquer atividade banal cotidiana sem pestanejar. Parte de mim pensa que ele faz de propósito - me ignora e me deixa irritada para que eu desenvolva uma "boa conduta" e minha "humildade em ouvir e aprender". A minha outra parte fica imaginando como seria ameaçar jogá-lo nos calabouços se ele não me ensinar a lançar feitiços.

     Faz cinco dias que nossas lições começaram. Eu pedi lições de magia, mas o velho mago apareceu em meu gabinete real com meia dúzia de livros sobre elementos da natureza: como contemplá-los e conhecê-los minuciosamente. Quando fiz menção de jogar os livros no fundo de um baú, Hallux me impediu com uma única e vital frase:

     - Precisa aprender isso para conhecer a magia elemental.

     Nada me fez mudar de ideia tão rápido na vida e, horas depois, após atender a mais uma audiência de crise com atualizações sobre os avanços de Rei Mar em Dardanelo, eu me debrucei sobre os livros. Como se fosse uma simples princesa. Como se as coisas pudessem voltar a ser como antes, quando minha mais importante preocupação era estudar e ganhar a aprovação de meu pai.

     Agora, preciso proteger minha nação de um pirata ensandecido.

     Só a magia pode agir contra um homem como aquele.

     - Concentre-se - repente Hallux pela quarta vez. Ele está concertando algum tipo de luneta enferrujada que tem carregado nos últimos dias.

     Olho para a folha verde-musgo sobre a mesa diante de mim e então para o velho. Bufo alto, fazendo a folha escorregar pela madeira.

     - Não há magia nenhuma nisso. Olhe, qualquer um pode mover uma folha se assoprar.

     - Então não assopre - resmunga Hallux, os olhos fixos e centrados na luneta. - Use o vento para mover a folha. Não foi isso que pedi que Vossa Majestade fizesse?

     Suspiro, erguendo e baixando os ombros.

     - Sim, foi. Mas como? Como posso fazer isso se nem sei magia? - Dou um tapa na folha, que voa até cair da mesa. - Não aceito ficar aqui perdendo tempo. Tenho reuniões importantes amanhã bem cedo.

     Começo a me levantar, espiando Hallux de canto de olho para ver se ele vai me impedir, mas o mago parece cada vez menos interessado na minha presença. Então me lembro que eu pedi que ele me ensinasse. Eu é que preciso de algo dele e não o contrário. É a esse tipo de humildade que ele se refere? É isso que preciso reconhecer e aprender?

     Fico parada de pé, a cadeira ainda bem atrás de mim, e olho para a folha, agora caída no chão. Concentre-se. Mas devo me concentrar em quê? Na cor da folha? No formato? Na forma como ela é balançada pelo vento? Não faz sentido e eu não entendo. Mas fito a folha mesmo assim, como se, de repente, ela pudesse se transformar de um segundo para outro em uma arma poderosa para proteger Omem do Rei Mar.