Kalilla Becker

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Cinco dias se passaram desde aquele dia que beijei meu amigo na frente dele, não sei o que me deu, ainda não sei dos meus sentimentos.
Cinco dias que não o vejo pessoalmente,que ele me evita, somente através das câmeras que instalei pelo castelo, de lá consigo vê-lo, ouvir sua voz e todas as vezes meu coração acelera.
Cinco noites que não consigo dormir, pois durante todas essas noites ele trouxe mulheres para o seu quarto, claro que não instalei câmeras em seu quarto, mas no corredor sim e ele sempre volta das suas saídas noturnas acompanhado. Não consigo dormir, fico imaginando ele na cama com essas mulheres, o que está havendo comigo?
Estou sendo pressionada de todos os lados a fazer com que ele aceite meu sangue e eu não sei como fazer isso.
Agora estou na base Guerreiros do Bem, tenho uma reunião com Sebastian, tenho certeza que não gostarei nem um pouco dessa reunião.
Entro na sala de reunião e sou surpreendida com a presença da Lisa Cross e do Erick Santiago. Levanto minha sobrancelha de curiosidade. Os três juntos, coisa boa não é.

-- Bom dia Kalilla, estamos aguardando a presença do rei Rodrigo Becker. Pode sentar, ele já está chegando. --Sebastian diz. Fecho a cara quando escuto o nome do meu irmão.
-- Porquê a presença dele é necessária? Durante todos esses anos que trabalho como caçadora ele nunca precisou vir aqui. -- Quanto termino de falar, ele entra falando.
-- Boa noite a todos! Porque somente agora Kalilla essa missão é de suma importância e não gostei de saber do seu fracasso. -- Eu nunca fracassei em nada, ouvir ele falar assim comigo. É meu irmão, mas somos dois estranhos.
-- Eu ainda não fracassei Rodrigo.
-- Não foi o que me informaram, tive que deixar meu castelo e meus afazeres para vir até aqui. -- Diz frio, como sempre foi.
-- Tenho certeza que Kalilla vai conseguir concluir sua missão, vossa majestade. -- Sebastian intervém. Erick me olha com pena, odeio que sintam pena de mim.
-- Sebastian, não me interrompa. -- Ele é um soberbo.
-- Não se preocupe comigo Sebastian, eu o conheço melhor que ninguém. -- Olho para a cara dele, Rodrigo tem a aparecia de 32 anos, mas é mais velho, um homem bonito, mas com o coração cheio de sombras.
-- Kalilla, você tem apenas dois dias para fazer com que o rei Enzo aceite você como doadora. --Rodrigo diz implacável.
-- Ou? -- Pergunto irônica.
-- Ou você será trocada, mandaremos outra caçadora no seu lugar e como punição pelo seu fracasso, ficará afastada do seu trabalho por trinta dias, terá também que entregar suas armas. -- Rodrigo é categórico.
-- Você irmão deve estar gostando disso tudo, mas não vou dar o gostinho do fracasso para você. -- Ele bate palmas e sorri debochando.
-- Falou a dona da verdade, você é uma tola Kalilla, você matou minha mãe no parto. -- Ele grita deixando cair sua máscara.
-- Eu não tive culpa, eu não tive culpa. -- Falo deixando algumas lágrimas caírem. -- Todos nos olham.
-- Majestade, esse não é o foco. Por favor, viemos tratar da segurança do meu irmão. -- Lisa diz.
-- Desculpa princesa, não era pra isso ter acontecido, essa mulher me tira do sério. -- Olha pra mim com cara de poucos amigos. Que se ferre ele.
-- Kalilla, o caso é que o rei Enzo vai viajar daqui uns cinco dias para a alcatéia do supremo, ele tem que aceitar você, pois já estou dando um jeito da Ester nos acompanhar, mas sem ele te aceitar não terá como você ir, precisamos das duas. -- Erick explica.
-- Pois é Kalilla, ele também precisa de uma doadora, na alcatéia ele terá que se alimentar somente da doadora, o sangue lupino nos fazem mal. -- Lisa diz. Tantas informações, minha cabeça parece que vai explodir.
-- Sei tudo que está envolvido, farei uma tentativa hoje para que ele aceite meu sangue, eu não sei porque ele está tão irredutível em me aceitar. -- Digo, Rodrigo dá uma risada irônica. Deixo passar.
-- Então estamos conversados a senhora tem dois dias para conseguir, caso não consiga, será trocada. Quero ser informado de tudo. Não aceito fracasso.
-- Certo vossa majestade, não vou fracassar. -- Ele levanta e sai sem falar com ninguém. Arrogante. -- Desculpa por esse espetáculo, muitos não sabem, mas agora vocês sabem que sou a irmã mais nova do rei Rodrigo. Quanto a minha missão, não vou falhar. Meu sobrenome no castelo é Pery, não se esqueçam.

Deixo os três na sala de reunião, lágrimas rolam dos meus olhos, desde que meu pai faleceu, eu tinha apenas seis anos, não tenho carinho ou amor, meu irmão me enviou para um colégio interno e eu só voltava para casa uma vez ao ano no Natal, mesmo assim Rodrigo nunca estava, sempre deixou claro que não suportava minha presença, sempre me culpou pela morte de nossa mãe, ela engravidou com mais de cinquenta anos, gravidez de risco, minha mãe nunca aceitou sangue vampiro para manter sua jovialidade, meu pai dizia que ela queria ficar velha e morrer.
Quando fiz dezoito anos conheci a Ester e o Sebastian, aprendi com os dois a ser uma excelente caçadora, a melhor.
Desde então nunca mais pisei naquele castelo. Sei de muitos segredos do meu querido irmão, coisas que não gosto de lembrar.
Passo em frente ao orfanato sempre venho aqui, sempre que posso gosto de ajudar as funcionárias com as crianças.
Paro o carro e entro, as crianças estão no refeitório almoçando, a diretora do orfanato vem até mim, Rosie é uma senhora muito simpática.

-- Kalilla querida, bom te ver. Chegou na hora do almoço, quer almoçar conosco? -- Balanço a cabeça que sim, Rosie é uma amiga e quase uma mãe para mim. -- Senta aqui meu amor. -- Sento ao lado dela e de um lindo garotinho loirinho.
-- Desculpa vir sem avisar e atrapalhar o almoço das crianças.
-- Não precisa pedir desculpas querida, nosso patrono esteve no orfanato, encheo as crianças de presentes. -- Ela diz, sempre venho aqui e nunca consegui ver esse homem tão generoso.
-- Quem é esse homem? -- Pergunto, embora já sei que ela não dirá.
-- Querida, sinto em não poder te falar. -- Decido mudar de assunto.
-- Quem é esse mocinho lindo ao meu lado? -- Pergunto para o menino.
-- Meu nome é Andrew, olha o que ganhei do tio bonito. -- Ele mostra um caminhão.
-- Nossa que caminhão bonito. -- Ele da um sorriso tímido.
-- Andrew chegou a pouco tempo, ele tem vários traumas, mas agora aos poucos está voltando a se comunicar. -- Diz sorrindo para o menino.

Passei umas duas horas no orfanato, conheci melhor o loirinho, me encantei por ele.
Agora estou nos portões do castelo.
Hora de enfrentar minha realidade, vou ter que jogar todas as minhas armas para cima do rei egocêntrico.
Não posso falhar.
Entro no castelo e encontro minha amiga, quando me ver vem correndo e me abraça.

-- Você está bem? Estava preocupada com você, não faça mais isso comigo. -- Ester diz rápido atropelando as palavras me abraçando, desfaço do abraço.
-- Estou bem Ester, desculpa não avisar, mas passei no orfanato. Digo calmamente.
-- Erick me contou tudo que aconteceu lá, sinto muito.
-- Está tudo bem Ester. Sabe dizer se o Enzo está no castelo?
-- O que você pretende fazer?
-- Tudo que estiver ao meu alcance. -- Digo, seguimos até o nosso quarto.
-- Tem certeza Kalilla, tem certeza que fará tudo, você pode sair disso tudo com o coração quebrado, ou você acha  que não vejo você tomar conta das noites do rei.
-- Tudo Ester, tudo. Não vou falhar, não vou dar esse gostinho para o Rodrigo. Me empresta um vestido seu, sabe que tipo de roupa estou pedindo. -- Ela não gosta de nada disso.
-- Kalilla melhor você pensar direito, é sem volta.
-- Já pensei Ester, esse tempo que passei no orfanato usei para refletir, pensei nas crianças, já pensou se o matam, farão daquelas crianças escravas, não vou permitir, eu prefiro morrer no lugar dele. -- Ester suspira.
-- Você tem razão, mas isso não é certo, são seus sentimentos, sua vida Kalilla.
-- Já está decido Ester, quero aquele vestido vermelho decotado e colado no corpo. -- Ester anda derrotada até o closet, volta com o vestido em mãos. -- Você não respondeu, sabe se ele está no castelo?
-- Está sim, ele estava no jardim brincando com aquele vira-latas. Agora deve estar no quarto. -- Dou um sorriso imaginando a cena.
-- Vou tomar banho.

Após um longo banho, estou parada em frente a sua porta, coração dispara. Ele conversa com alguém, mas não dá para escutar o conteúdo da conversa, mas é uma mulher.
Bato na porta e para minha surpresa uma mulher muito bonita, alta e negra abre a porta, usando apenas um roupão.
Logo o vejo só de cueca box aparecer na porta, ele me olha de cima abaixo surpreso. Droga, quem será essa mulher.

-- Querida você pode me esperar na cama que já estou indo. -- Diz para a mulher. Ele me olha com um ponto de interrogação, meu rosto queima de vergonha e raiva dele e de mim.
-- Desculpa atrapalhar, não sabia que estava acompanhando. -- Ele sorrir maliciosamente e me olha, seus olhos param no decote dos meus seios.  Que vergonha.
-- Por acaso a senhorita veio oferecer seu trabalho? -- Diz e minha vontade é dar um tapa na cara dele, mas ele é o rei. -- Sinto lhe informar que já tenho companhia a não ser que queira se juntar com a gente. -- Diz rindo. Nojento.
-- Não obrigada. -- Vamos ver se você é tão imune, viro meu pescoço tirando meu cabelo, deixando minha veia livre. Ele olha vidrado para o meu pescoço, engole seco.

Sem esperar ele já está com a presa furando o meu pescoço, ele suga rápido e com força ao mesmo tempo acaricia meu seio por cima do vestido. Minhas pernas ficam bambas, indescritível.
Somos interrompidos por aquela mulher.
Ele para e me olha com raiva, ele sabe que fiz de propósito.

Enzo Cross, O Rei Dos Vampiros.Where stories live. Discover now