Chapter 20 - conhecidos.

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19h02.

Ainda naquela noite, os detetives retornaram ao interrogatório com a garotinha. Desta vez tentariam tirar mais informações sobre o misterioso Kim, que supostamente seria a maior fonte de detalhes para a equipe, principalmente pelo fato de Luna confiar de olhos fechados no homem desconhecido. 

Jongho era o único calado até o momento na pequena sala de Wooyoung, o que, de início, passou despercebido pelos amigos. Exceto pelo próprio Jung. Ele sabia que o mais novo estava escondendo algo, principalmente quando o notou distraído no debate entre eles. Desde quando Jongho não se interessava por acharmos um suspeito depois de tantos meses trabalhando? Era o que pensava.

Anotando mentalmente tal comportamento, os detetives voltaram para a sala principal, encontrando Yunho e Luna já sentados ali. Yeosang notou que a menina estava agindo de uma forma diferente que minutos atrás, seus olhinhos brilhantes corriam por todo o cômodo, analisando cada janela pouco iluminada pela luz do poste ao lado de fora, suas pernas que pouco alcançavam o chão balançavam de maneira ansiosa, as pequenas mãos apertavam levemente o estofado. Ela estava nervosa, ansiosa e com medo da futura situação, Kang apenas não imaginava o exato motivo.

Após arrumarem os equipamentos e se acomodarem novamente nos antigos lugares, um curto período silencioso dominou o local, até que Wooyoung deu o primeiro passo e começou a questionar Luna.

- Você mencionou que estava em tratamento, certo? - a viu confirmar em um sussurro - Como é feito?

- O Doutor Kim me passa alguns remédios para tomar por dia, todos diferentes e cerca de cinco comprimidos - ela respondeu brevemente.

- Pode me falar mais sobre seu Doutor? - Luna negou - Por que?

- Eu não tenho permissão para isso, são ordens dele - disse firme.

- Então pode me mostrar onde ele mora? Onde posso encontrá-lo?

- Eu não sei.

Todos se calaram. Yeosang passou seu olhar por Wooyoung e Luna, ficando tão confuso quanto o melhor amigo diante daquela resposta inesperada.

- Luna, o Kim realmente existe? - questionou Yunho, prendendo a atenção dela e dos policiais.

Diante disso, Luna não lhe deu mais uma palavra sequer, levando o loiro a acreditar que era apenas um fruto da imaginação alheira. Portanto, para sua surpresa, a garota suspirou e ergueu seu braço direito em direção a Jongho, apontando para seu rosto e o encarando de maneira séria e pouco ameaçadora.

- Ele - deu uma pausa - Ele conhece o Doutor Kim, eu já o vi caminhando pela minha rua e entrando na casa dele durante muitas noites seguidas. 

O loiro finalmente encarou o Choi, sendo correspondido no mesmo segundo, com uma expressão surpresa e curiosa. Logo, voltou sua atenção para a de cabelos escuros. Esta que permanecia olhando para o maior com uma certa raiva carregada em seus olhos, a ponto de suas mãos apertarem ainda mais forte o tecido grosso do sofá em que estava.

- Ele esteve lá recentemente, com dois homens. Saíram em um carro preto, estavam discutindo entre si - ela comentou.

- Você lembra quando foi? - perguntou Yeosang dessa vez, curioso sobre a afirmação feita.

- Uma semana antes da morte da Lua, não lembro o dia certo, mas era entre quatro e cinco da manhã.

[...]

19h47.

Foi quando Jongho adentrou a casa furioso, batendo fortemente a porta ao fechá-la, chamando a atenção do irmão que estava sentado no sofá da sala, com o notebook em mãos, que o olhou assustado.

- E você ainda me impediu de matar aquele imbecil - indagou o mais novo.

- Imbecil? Quem? - questionou San.
- Hongjoong 'tá manipulando uma garota de treze anos, Choi San. Treze anos! - enfatizou a última fala.

- Por que?

- Porque ele é doente! - bufou frustrado.

- E o que pretende fazer?

- Minha equipe sairá em doze minutos para investigar a casa da testemunha, provavelmente iremos atrás dele também.

- É sua chance de denunciá-lo - comentou.

- Infelizmente aquele idiota tem o plano perfeito para nos dedurar. Ele está trabalhando com a máfia.

- Mas ele é o líder, não? - o viu negar.
- Ele deu o cargo para outra pessoa, tenho quase certeza que é o delegado Park.

- Park? O marido de Yeosang?

- Ex marido - o corrigiu - Quando o questionei se estava trabalhando para Seonghwa naquele dia, ficou nervoso e rapidamente desviou dizendo "não trabalho para ninguém".

- O que te faz pensar que o Seonghwa seja líder da máfia? Ele é um policial, trabalhou com o Kang por muitos anos, basicamente fundou a própria carreira naquela delegacia.

- Faz sentido ele ver a cena do crime com os próprios olhos e simplesmente ir embora? - negou - Seu namorado é quem mais suspeita dele, eu não estou louco ainda, San.

Por fim, Jongho foi até seu quarto, arrumou os equipamentos necessários e saiu a caminho do apartamento de Yeosang. Durante o trajeto, recebeu mensagens do loiro, dizendo que queria conversar ao final da investigação. Confirmou, afinal, não havia mais o que esconder.

Quando parou em um semáforo vermelho, Jongho notou que caia uma leve chuva ao lado de fora, combinando perfeitamente com o clima tenso em que estava se metendo. Olhando atentamente a tela brilhante de seu celular para confirmar o endereço com a equipe, uma pequena movimentação na calçada ao lado do passageiro lhe chamou a atenção. Havia duas pessoas ali, pareciam estar discutindo seriamente. Choi desligou rapidamente o eletrônico e passou a observar melhor a situação. A pessoa menor estava coberta por uma capa de chuva amarela, cobrindo parte de seu rosto com o capuz. Já a pessoa maior era impossível de identificar. Estava completamente coberta de preto, literalmente dos pés à cabeça, e mantinha uma postura ereta.

Estava tudo normal, até o indivíduo mais alto entregar uma maleta pequena ao outro, que suspirou ao pegar. Arqueou a sobrancelha, prestes a dar partida para seu rumo, Jongho colocou a destra no volante quando percebeu que a pessoa lhe encarava. O detetive se aproximou novamente do vidro do passageiro, na tentativa falha de enxergar o rosto misterioso.

Ouviu uma buzina ao seu lado, assustando e tomando sua atenção de imediato, abaixou seu vidro e viu Yeosang no carro ao lado. Sorriu fechado, sendo correspondido. Em um breve gesto, Kang tomou a frente de Jongho para o guiar até o destino da investigação. Este que olhou novamente para a calçada, agora vazia, e finalmente voltou a dirigir atrás do carro preto do namorado.

Agora a única questão que Jongho queria a resposta era "Quem era a pessoa de capuz amarelo que, aparentemente, o conhecia?"

CASO 789 • JONGSANGDove le storie prendono vita. Scoprilo ora