Saudade

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CAPÍTULO 49




                  Liz



Abri a porta do bangalô e observei o local por dentro, tudo em tons escuros e de madeira, meu olhar foi de encontro ao seu e eu senti o ar fugir completamente de mim, ou talvez meu corpo que tenha se tornado incapaz de sentir qualquer coisa além do mais genuíno desespero, e então neguei sem levantar minha cabeça, aquilo era loucura.


– Não vai entrar? – sua voz acorda-me do transe em que estava – Venha – bateu com a mão sobre o sofá – Vamos conversar.

– Eu... – meu coração batia rápido demais, era difícil engolir até minha própria saliva.


Por que eu estava tremendo tanto?


– Venha Liz – seu pedido fez-me mover para dentro da pequena casa quase que imediatamente, ainda mantendo um certa distância do seu corpo, sento-me no sofá.

– Sobre o que quer conversar?

No silêncio, ela me olhou com atenção, demorando algum tempo até se manifestar outra vez.

— Não sabia que você tinha pintado o cabelo  — Ela disse com um sorriso morno, tão diferente da forma como eu gostava de vê-la sorrindo para mim - Castanho escuro fica bem em você. 


Olhei para baixo, incapaz de esconder minha animação em ver que reparou em minha pessoa. Mas essa sensação não durou muito tempo.

Eleanor pediu um tempo, terminou comigo repentinamente, na verdade, e agora agia como se nada tivesse acontecido.

Eu a amo, muito. Entretanto, seus sentimentos por mim ainda são incertos. E eu não queria, mas a desconfiança reivindicou seu lugar em meu coração.

Ela já te esqueceu.

Provavelmente já tinha outra e estava apenas te usando.

As palavras de minha avó vinham atona, golpeando meus pensamentos e me deixando encabulada.

Moramos a 9867 mil quilômetros de distância uma da outra, e seria tão fácil ela me esquecer, tão fácil se apaixonar por outra pessoa e me deixar de lado por completo.

E eu também não estava a fim de ser mais uma, ou apenas uma marionete em suas mãos, que pode ser facilmente manipulada e usada onde e quando quisesse. Essa não sou eu.

Por que estava me entregando de bandeja a ela?

Não sabia dizer se era por causa do tesão ou por quê ainda a amo. Merda. Talvez os dois?


– Ok. Vamos... conversar – dou ênfase na última palavra – O que quer?


Em resposta, eu ouvi sua risada seca, sem humor, quase irritada.

Levantei meu rosto para buscar o seu, e o fiz a tempo de ver a forma impaciente como ela passou as mãos sobre os olhos, nariz e queixo, incomodada.


– Não iremos fazer... seja lá o que estiver pensando – a acuso, endireitando minha postura.

Depois de todas aquelas reflexões, a idéia de ter algo com ela naquele bangalô foram pro espaço. Não voltaria a cair facilmente em suas artimanhas.

— Só pode ser brincadeira... — Eleanor murmurou, talvez para ela mesma, quando soltou um suspiro alto.

Eu cerrei os punhos furiosamente quando um fogo pareceu ser injetado em meus olhos, que ardiam como nunca.

Save Me (Romance Lésbico) - REVISÃO Where stories live. Discover now