Capítulo 19

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Um dia eu fui apaixonado por essa cidade. Era aqui que Michael Jordan jogava e o lugar em que todo o restante do país se curvava para ver o Chicago Bulls jogar. Eu era apenas uma criança na época, mas achava esta cidade a mais importante do mundo,

À medida que fui crescendo, fui me apaixonando pela agitação e a vida noturna, e o perfeito equilíbrio em ser uma cidade grande, mas sem ser tão imensa e impessoal como Nova York, por exemplo. Amei também o fato de ter a University of Chicago aqui, o que me permitiu ficar junto com o Louis, sem precisar passar pelo drama da maioria dos namorados de ensino médio que se afastam quando um vai estudar na costa leste e o outro na oeste.

Mas agora, eu odeio esse lugar. Esta cidade está me sufocando.

Eu odeio o quanto venta nessa cidade. Eu odeio como o inverno aqui é nublado. Eu odeio que metade das séries policiais se passem por aqui, porque isso me lembra o quanto esta cidade tem se tornado violenta e mesquinha.

Minha história com ela pode ser romântica, mas meu presente é sufocante.

Depois que voltar das férias, pretendo conversar seriamente com Louis sobre a possibilidade de nos mudarmos daqui para qualquer outro lugar. Eu quero algum lugar solar, ameno e alegre, o que é o oposto do que este lugar tem representado para mim.

Eu sai do Target com o coração apertado novamente. E enquanto ando para casa, eu fico pensando como minha vida é uma montanha russa, com um dia tão bom e divertido como ontem, para depois ficar ruim, e no outro dia pior, no outro pior ainda. Se bem que minha vida não está parecendo uma montanha russa, tá parecendo só uma ladeira abaixo mesmo.

Por isso eu bufo, enfiando minhas mãos dentro do meu casaco sobretudo, para me esconder de um vento gelado que corta as ruas. Logo estou atingindo a minha casa e tento respirar aliviado, mas acontece que até este imóvel, que escolhi com tanto cuidado ainda pensando em me tornar pai, é uma lembrança do meu fracasso nesse quesito, já que não consegui sequer adotar. Eu respiro antes de entrar, deixando as minhas botas, casaco e cachecol logo na entrada.

Louis está sentado no sofá assistindo algo que parece ser futebol, e eu estou irritado, emburrado, chateado, preocupado e (insira aqui o seu -ado de preferência).

- Oi, onde você foi? Acordei e você não estava aqui

- Fui no Target

- E cadê as compras? Tão no carro? Quer que eu carregue?

- Não, eu desisti de comprar.

- E tá tudo bem?

- Não - respondo emburrado e Louis desencosta do sofá abrindo os braços para mim, e eu mergulho nele como sempre faço quando tenho um problema, mas dessa vez nem isso alivia, porque a merda do sentimento de angústia está presente e não some. E não some porque desta vez, a angústia inclui Louis.

- Por que desistiu de comprar?

- Inflação - respondo emburrado e Louis ri

- A economia não pode nos matar de fome, babe.

- Lou, posso te fazer uma pergunta?

- Eita, lá vem - Louis me solta e ergue o corpo no sofá - O que foi dessa vez? Manda...

- Você tentou colocar fogo na casa que você morava com a Guinevere? - Eu pergunto na lata, sem cuidado, sem preparo, porque eu estou simplesmente cansado de jogar ou de comer pelas beiras ou com psicologia. Tudo o que eu quiser saber, serei direto e quero respostas diretas, sem atalhos e subterfúgios.

- Mas de onde veio isso agora?

- Veio da Guinevere e eu quero saber a sua versão. Ela me disse uma vez que você queria matá-la quando fez isso - Louis dá uma gargalhada alta

W - [Larry Stylinson]Where stories live. Discover now