Capítulo 2

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Ellie

Dias atuais

Acordar com dor de cabeça, definitivamente é a pior coisa que existe. Logo eu, que odeio tomar remédio, só faço quando não tenho escolha, e agora parece que não vai ter jeito mesmo. Lembro das muitas vezes que fingia engolir remédios quando estava doente, mamãe que me perdoe, mas eu sou a pior pessoa do mundo para isso.

Ontem acabei exagerando um pouco e nem me lembro quantas taças de vinho bebi na casa da minha amiga. Ela aproveitou que os pais haviam saído e resolveu dar uma festinha particular. Nisso conheci um gatinho, que beija bem pra caralho.

Pietro era o nome dele, não tão alto, loiro, olhos azuis e uma boca que me roubou um dos melhores beijos da minha vida. Não que eu já tenha beijado muitas bocas por aí, afinal, tinha que ter o maior cuidado ao trocar saliva com alguém. Meu pai sempre foi muito ciumento, ele e minha mãe sempre conversaram comigo sobre aquele lance de casamento. Eu como filha de um mafioso deveria preservar minha virgindade para entregar apenas ao meu futuro marido, que eu definitivamente espero que esteja longe de conhecer.

Já perdi a conta de quantas caras já pediram a minha mão em casamento ao meu pai, mas para a minha alegria ele sempre recusou. Afinal, eu ainda nem completei meus dezoito anos, não quero perder a minha "liberdade" tão cedo. É claro que eu sei que meu destino será me casar com um mafioso e dar-lhe um herdeiro, mas até lá, eu pretendia aproveitar da melhor maneira possível.

Tenho noção de que ao completar a maioridade, o que no caso é daqui dois meses, terei que me preparar para me casar com um total desconhecido. Quero aproveitar ao máximo os dias de alegria que me restam, e hoje não vai ser diferente.

Combinei com uma amiga de sair hoje, e o gatinho da festa iria junto, eu claro que aceitei. Afinal, o que tem de mal nisso?

Estou sempre cercada de seguranças que não largam do meu pé, então se alguém tentar alguma gracinha eles vão interferir.

Até me assustei quando olhei no relógio e vi as horas, dormi demais. Resolvi tomar um banho e aproveitei para lavar meu cabelo, estava até pensando em cortar, mas eu sei que iria me arrepender. Os longos fios escuros batiam na minha cintura, sempre sedosos e brilhosos, se tem uma coisa que eu amo em mim é meu cabelo, que faziam uma combinação perfeita com meus olhos que eu havia herdado do meu pai. Todos dizem que sou a cópia dele.

Sem mais delongas sai do banho e após me vestir sequei meu cabelo, passei perfume e desci, estava morrendo de fome. Avistei meus pais almoçando.

__ A bela adormecida resolveu acordar._ meu pai falou enquanto me olhava com cara de reprovação.

__ Levei um susto quando olhei no relógio._ me servi e comecei a comer, senti o olhar dos dois sobre mim.

__ Que horas chegou, filha?_ mamãe já tinha terminado sua refeição e aguardava sentada ao lado do meu pai.

__ Era cedo._ respondi sem querer entrar em detalhes, a verdade é que já se passavam das 6:00 da manhã.

__ Você sabe que tem seguranças que nos informam de cada passo seu. Sei muito bem que horas chegou, Ellie. Não gosto de saber que está chegando esse horário em casa, você sabe que é perigoso ficar andando por aí, minha filha.

Meu pai também já tinha terminado de comer e me olhava, assim como minha mãe.

__ Eu sei, pai. Mas os seguranças estão sempre comigo, não tem perigo algum._ já tinha até perdido as contas de quantas vezes já tínhamos conversado sobre aquilo.

__ Você sabe que não é só esse tipo de perigo que seu pai se refere. Você é uma moça linda, minha filha. Atraí atenção de muitas pessoas. Sei muito bem como adolescentes são fogosos, ainda mais nessa idade.

É sério que eles iam entrar naquele assunto de novo?

__ Fiquem tranquilos, não vou sair transando por aí. Sei muito bem das regras, e garanto que minha virgindade continua intacta.

Pisquei para ambos.

__ Tudo bem. Mas tenha cuidado, com tudo e todos. Você é nosso bem mais preciso._ papai disse e voltou a atenção para minha mãe.

Sempre admirei os dois. Apesar dos anos o amor continua ali, queria ter a mesma sorte que minha mãe, encontrar alguém como meu pai. Apesar de ser um homem cruel, meu pai sempre tratou a mim e minha mãe como rainhas. Eu acho o amor deles tão lindo, não sei como meu futuro marido é, e não gosto nem de lembrar desse assunto.

O dia passou rápido, aproveitei um pouco da piscina, tomei um pouco de sol e me senti mais relaxada. A noite jantei com meus pais e avisei que iria sair com minha amiga Clara.

Tomei um banho, e fui me arrumar. Fiz uma maquiagem simples nos olhos e nos lábios passei um batom vermelho. Escolhi um vestido preto que ia até o meio das coxas e um salto também preto. Terminei de me arrumar e fui chamar meus seguranças para me levar. Quando passei pela porta todos me olharam de cima abaixo, fingi que não vi. Graças a Deus nunca me faltaram com respeito, as vezes os flagrava me olhando, mas apenas isso.

Passei o endereço da Clara e avisei que iria dar uma carona pra ela. Sempre fomos unidas desde pequenas, ela é filha do braço direito do meu pai, ela apareceu no pior momento da minha vida e me ajudou em muitas coisas.

Muitos não aceitavam o fato da princesa da máfia frequentar festinhas. A verdade é que as pessoas gostam mesmo é de julgar a vida alheia. Eu não vivo por aí largada, pelo contrário, fui criada cercada de regras, mas isso nunca impediu de sair, meus pais sempre tiveram muita confiança em mim. Certo que as vezes eu dou uma deslizada, mas eu vivo cercada de seguranças, não posso frequentar qualquer ambiente, sei até onde posso ir.

Tenho plena consciência do mundo a qual pertenço, sei que nunca poderei ser uma garota normal. O que faço é tentar aproveitar o máximo o tempo que me resta. Sei que quando completar dezoito anos logo poderá aparecer um casamento, mas até lá, eu vou viver a minha vida da melhor forma possível.

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⏰ Last updated: Jul 31, 2022 ⏰

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