Capítulo um

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- Isso é patético.

Já era a centésima vez que essa mesma frase saia de sua boca. Parecia que eles não estavam ouvindo falar ou só estavam tentando ignorar sua birra altamente infantil para um adolescente de dezesseis anos.

Mas, sinceramente, ninguém merecia passar por tudo aquilo de novo. Jantares de pessoas ricas, e principalmente, pessoas envolvidas em política, eram a mesma coisa que pedir para ir em um restaurante que você já foi, odiou a comida, mas mesmo assim volta lá por pura burrice.

Lucios continuava parado em frente ao espelho com Narcisa a sua frente terminando de arrumar sua gravata, passando a mão pela barba e fingindo que a existência de Draco era completamente inútil e perturbadora ali, continuava apenas olhando para o vento tentando ignorar as falas do próprio filho.

- Patético, é completamente patético. Será que não posso ficar em casa? Eu nem faço nada nessas merdas de jantares mesmo.

Narcisa bufou, se distanciando do marido após dar os últimos retoques em sua gravata e se virar para Draco com as mãos na cintura.

- Draco, meu filho, já conversamos sobre isso, você é nosso único e legítimo filho, precisa ir. Por mais que não goste, sabe que é necessário para a imagem de seu pai que estejamos nós três juntos nesses jantares. Eles acontecem poucas vezes no ano, não custa nada você nos acompanhar, serão apenas algumas horas.

Por mais que quisesse dizer sim para o sorriso suplicante de sua mãe para que ele apenas parasse de reclamar, não conseguia conter o desgosto e mal vontade de pisar naquele lugar novamente.

- Mas, mãe, por favor. É só dizer que eu estou doente. Que peguei uma catapora, gripe, que estou com uma dor de barriga de matar ou até uma doença muito contagiosa, não vai machucar vocês se me deixarem ficar em casa apenas hoje, por favor - Suplicou, com as mãos juntas à frente do corpo formando uma cruz.

- Draco...

- Deixe disso, Draco - Lucios interrompeu a fala de sua esposa. - Terão pessoas da sua idade lá, não precisará ficar conosco e muito menos com nossos amigos, apenas seja gentil, comprimente a todos e se junte a seus amigos como sempre faz, já passamos por esse drama toda vez, apenas aceite, sim.

O loiro revirou os olhos. - Eles não são meus amigos. São filhos do seus amigos, os quais eu sou obrigado a aguentar por pura educação por conta de vocês, eu odeio aquelas pessoas.

- Não fale assim, Draco, eles gostam de você, principalmente Daphne - Narcisa o lançou um sorriso divertido - Susana, sua mãe, disse que ela comenta muito sobre você em casa, e tudo indica que esteja gostando de você, porque não lhe dá uma chance? Ela é uma ótima garota.

O loiro bufou, Daphne era uma das meninas mais detestáveis que já conhecera. Odiava a sua mania intrometida e o jeito que se jogava para cima de si.

- Concordo com sua mãe, o pai dela é um grande amigo meu, seria ótimo que você dois namorassem - Olhou para o relógio em seu pulso - Aproveite esta noite para conseguir algo a mais com a menina. Precisamos ir agora.

- Não gosto dela e nem em seus sonhos que irei namorar ela, e podem ter certeza que não farei questão nenhuma de ficar perto dela essa noite.

Saindo rapidamente pela porta em direção ao jardim, deixando dois pais descontentes para trás.

✩✩✩

Detestável era uma palavra até educada e muito simples para o péssimo jantar que Draco estava tendo.

Após cumprimentar boa parte das pessoas com um sorriso falso e com uma grande vontade de ir embora dali, o loiro manteve sua calma e alta concentração para não ter um surto durante o jantar.

Mas sua paciência já estava beirando a erupção.

Após o jantar os adultos se juntaram para beber e falar de política e assuntos chatos e banais, e Draco, como sempre, fora obrigado a se juntar em uns sofás minúsculos com os filhos insuportáveis dos amigos de seus pais.

- ... e semana que vem vou para Paris, estou muito ansiosa, dizem que é uma das mais belas cidades, e o principal, é a cidade do amor. Já vi fotos e é realmente romântica, não acha Draco?

O loiro deu um pequeno pulo ao sentir uma mão cutucando seu braço e a voz fina de Daphne chegando em seus ouvidos.

- Hum? Não, não acho.

Não sabia muito bem do que não achava, mas tinha uma certeza: Se Daphne achava, ele com certeza não concordava com aquilo.

- Mas, Draco... Você não acha qu-

- Ei, com licença - O loiro deu um leve suspiro de alívio ao ver a voz de outra pessoa substituir a de Daphne e a atenção se voltar à dona da nova voz. - Posso ficar aqui com vocês? Meus pais...

- Quem é você? - Parkinson, que antes se mantinha calada apenas ouvindo a amiga, perguntou.

- Sou Harry, Harry Potter.

Draco que já estava voltando a fechar seus olhos para mais uma descansada, reabriu-os com curiosidade ao novo nome falado.

Focando toda sua atenção no moreno em meio dos dois pequenos sofás, o loiro esfregou os olhos com as mãos para melhorar um pouco a visão.

Um moreno que não devia ter uns cinco centímetros a menos que si, tinhas as mãos relaxadas dentro do bolso de sua calça jeans bege, com uma camisa social vinho e um all star da mesma cor que a camisa, tinha um sorriso tímido enquanto falava com os mimadinhos.

- Meus pais já comentaram sobre o seu, James Potter... Bom, fique a vontade, eu e Pansy temos que dar alguns comprimentos a outros convidados, vamos Pan? - Com um sorriso de nojo disfarçado chamou a amiga que logo se pôs a acompanhar para longe dali. - Até mais tarde, Draco.

Como se uma pessoa com uma doença altamente contagiosa tivesse entrado ali, aos poucos, todos foram saindo falando desculpas esfarrapadas para o moreno e nem se dando o trabalho de dar algum tchau para Draco.

- Me desculpe - Disse o moreno fazendo o loiro franziu o cenho - Meu pai não é bem amigo dos pais da maioria aqui, sabe que essa coisa de política é meio caótica. Acho que acabei afastando seus amigos, foi mal.

Draco soltou uma leve risada, se ajeitando devidamente no sofá e sorrindo ainda mais ao olhar para a face confusa do moreno.

- Relaxa, eu já estava cavando um buraco para sair daqui logo, eles não estão nem perto de serem meus amigos, fica tranquilo - Com um aceno tranquilo com a mão, viu o moreno suspirar aliviado.

- Uh, que bom, não queria ter atrapalhado a conversa de todo mundo. Mas então, eu posso...

- Claro, claro que pode - Acenou com a cabeça para que o moreno se sentasse ao seu lado - Meu nome é Draco, Draco Malfoy, é um prazer.

- Eu sou Harry, mas você já sabe. Também é um prazer.

O moreno se sentou com as pernas abertas e ambas as mãos nos joelhos, olhando sem jeito para os lados e se voltando para o loiro.

- O que geralmente você faz aqui nessas festas? Tipo, você não pareceu muito entretido na conversa com aquele pessoal, e os adultos parecem que vão levar um bom tempo. Você não tem nada para se divertir?

O loiro se virou de lado, checando se ninguém estava olhando para eles e se seus pais estavam realmente entretidos.

Se aproximou do moreno, inclinando seu corpo e chegando sua boca bem perto da orelha do outro. - Tem um lugar que talvez nos tire do tédio, o que acha?

O moreno sussurrou de volta. - Interessante, quer me mostrar onde é?

O loiro sorriu, se afastando um pouco e tocando a mão do moreno. - Me acompanhe.

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⏰ Last updated: Jul 07, 2022 ⏰

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Estrela Cadente - Drarry Where stories live. Discover now