Prisão sem muros

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É estranho sentir o vazio, quando na verdade parece que tantos acontecimentos enchem-se dentro do peito a ponto de criar uma dor.
A prisão sem muros, é a prisão do eu e vivo há tempos e reflito para encontrar resposta mas vivo presa sem conseguir achar um sentido para a sensação de ter grilhões presos a mim, que me impedem de sentir serenidade.
Fui uma criança cheia de questionamentos e sempre disposta a encontrar sentido para tantas diferenças entre um ser e outro e sonhadora acreditava que poderia alcançar um vôo em direção a desafios que eu venceria com coragem e alegria.
E onde foi que eu me perdi? Na verdade, eu não me encontrei digo isso porque a sensação de "não pertença" nunca me deixou e desde pequena eu procuro meu lugar, talvez não faça muito sentido ou nem todos possam compreender, mas eu estive a procura do meu lugar. Muitos chamam de "verdade" outros de "amor"... Eu sempre sonhei em pertencer... Sentir-se pertencer, a um lugar, a um laço, uma raiz,um porque maior do que a vida que contém os dias e o tempo e os sentidos.
Para mim a busca foi incessante e ainda hoje eu procuro, por isso me sinto aprisionada dentro do meu eu que busca uma resposta, um sentir, um algo para cessar a curiosidade de não ter encontrado as chaves da liberdade,para abrir os grilhões. Já alcancei muitas vitórias,mas ainda sinto que busco um lugar, não sei onde fica, se mora em outra pessoa,em outro sentimento,ou em um lugar que não vi ou vivi.  Me vejo entre muros reais e ao mesmo tempo num espaço livre mas sem direção. Tudo existe e subsiste no mesmo lugar, dentro de mim, por isso ainda estou em uma prisão não sei quando vou encontrar as raízes, coloco dessa forma porque são lindas e ligam a natureza ao solo e o que não vemos simplesmente acontece na terra e quando notamos já há um broto. Tenho esperança, sou feliz, com ferimentos de guerra e de luta são cicatrizes que tenho orgulho e que me conduzem porque sei que vou encontrar as raízes das quais eu faço  parte e nesse dia vou mirar ao sol as minhas folhas e sentir e amar o calor do solo em que vou perpetuar.

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