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Carmem;

Cruzei minhas pernas como índio e observei o Brown sentar do meu lado esticando as pernas para fora do sofá e erguendo os braços, se espreguiçando.

Brown: Tô cansado pra caralho. - Reclamou e me olhou com a cabeça deitada no encosto do sofá. - Sinto falta pra caralho de te ouvir falar quando tô em missão..

Carmem: Claro que sentei. - Debochei e ele negou. - Escuta, eu fiz um teste de sangue mas ainda não abri. Esperei tu voltar pra fazermos isso juntos.

Ele colocou as mãos no rosto esfregando, depois tirou e respirou fundo olhando para o teto da sala. Contrai os dedos dos pés nervosa e olhei para minhas mãos, criando coragem.

Brown: Posso ver? - Concordei segurando o papel.

Carmem: Antes eu queria deixar algo claro, muito bem claro.. Independente do resultado, Lucas, nós dois acaba aqui. - Falei com firmeza e ele me olhou com mais atenção. - Eu já falei com meu pai, deixei claro que eu e você não temos mais nada então nem pense em tentar nada.

Brown: Carmem, pera aí, pô, pera aí. - Sentou direito apoiando os cotovelos nas coxas. - Como assim? Tá maluca de vez? Pirou?

Carmem: Lucas, por favor chega. - Pedi engolindo em seco. - Eu não aguento mais isso aqui.. São quase cinco anos em que eu tô tentando pra caralho te entender e mudar essa situação. Eu não consigo mais porra!

Ele me olhou balançando a cabeça e esticou o braço mexendo no tênis, esperei uma resposta e ele ficou quieto. Talvez pensando em algo que fosse me fazer mudar de ideia.

Brown: Eu sei. - Foi o que ele disse. - A gente pode tentar de novo, eu sei que o nosso relacionamento tá uma merda do caralho mas a gente pode tentar. Eu quero mudar, quero muito. Se tu tiver grávida então, caralho, vou te dar o mundo..

Carmem: Para, por favor, para! Tu já me prometeu o mundo uma vez e acabou com a minha vida. - Abri minhas mãos apontando para mim mesma. - Tu alguma vez na sua vida já parou para pensar no quanto eu te amei?! No quanto eu fiz por você, por nós dois.. Eu te amei muito, mais do que qualquer coisa e a mim mesma, te amei pra caralho! Mas hoje eu não consigo mais sentir isso, eu.. eu ainda te amo e é ridículo falar isso depois de tudo, mas eu ainda consigo te amar. Só que toda vez que eu olho pra você, eu lembro de cada soco, cada chute, todas as agressões e as palavras.. Lembro do quanto eu sou infeliz!

Parei de falar respirando fundo e colocando as mãos nos olhos, limpando o rio de lágrimas que começou a cair. Várias lembranças vindo átona.

Brown: Eu amo você, tu sabe caralho. Mas eu não consigo dar o que tu quer! - Apontou para mim.

Carmem: Amor? - Perguntei dando uma risada sem graça. - Tu não me ama.. Isso não é e nunca vai ser amor, Lucas, nunca! Eu só te peço por favor que se um dia nessa porra dessa sua vida, tu tenha sentido algo por mim, me deixa ir.. Tô te implorando.

Brown: Eu não posso, desculpa mas eu não posso não. Tu é minha mulher caralho! Preciso de tu, porra!

Abaixei minha cabeça negando e negando várias vezes, meu Deus do céu, que merda! Ele se aproximou segurando minha mão e acariciando a aliança. Olhei para ele que segurou meu queixo com a outra e me olhou também.

Carmem: Eu tentei acreditar em você, tantas vezes.. Lucas, tu me perdeu a muito tempo. - Segurei no braço dele. - Tu me levou bêbada ou drogada, eu nem sei.. Mas tu me fez fazer uma coisa que eu não queria e deixou.. - As palavras não saíram da minha boca, me esforcei para falar. - Deixou um cara me estuprar. E eu só sei dessa merda porque eu posso estar grávida, caralho! Tu tem noção disso?! Do quanto tu destruiu a minha vida?

Afastei a mão dele do meu rosto, sentindo as lágrimas descerem cada vez mais rápido. Isso tá doendo pra caralho.. Eu passei por tanta coisa que eu não merecia ter passado..

Carmem: Ainda assim eu tô aqui, te implorando pra você me deixar ir. - Olhei no olho dele. - Por favor.

Brown: Eu errei, Carmem.. Não tem como eu mudar isso mas eu te quero comigo, porra! - Falou mais alto e apertou um pouco minha mão, mas logo soltou se desculpando.

Carmem: As pessoas, o meu pai, a minha família.. Eles estão desconfiados do que acontece aqui dentro, porra tu não entende?! Eu me quero bem e quero o seu bem! - Balancei minha cabeça. - Me deixa ir.

Ele parou e me olhou por minutos, pensativo. Não tirei os olhos dele por um mísero segundo, mal pisquei, apenas tentando fazer ele acreditar na minha mentira. Ele abaixou a cabeça olhando para o papel entre nós e pegou ele, me olhou e rasgou o envelope.

Minha garganta secou completamente com o nervosismo tomando conta de mim. Fazendo minhas mãos e pernas tremerem de leve, meu coração disparar e minha mente se confundir. Observei sua expressão que não demonstrou nada, então ele me olhou, largou o papel e respirou fundo.

Brown: Vai Carmem.. - Me disse e eu pisquei imóvel, surpresa e curiosa. - Se for meu quero que tu tenha a criança. Só isso que eu te peço.

Fechei meus olhos sentindo uma dor fodida no meu corpo, no meu coração. Grávida de um estupro.. Caralho.

Levantei do sofá pegando o papel em mãos e lendo de costas para ele, li várias e várias vezes o resultado me recusando a acreditar. Dobrei o papel pensando no que fazer.. sentindo meu estômago embrulhar e minha mente virar de cabeça para baixo.

O nível em que eu fui chegar..

Respirei fundo ainda chorando, soluçando baixo e ainda em choque com o resultado. Eu sabia que tinha essa possibilidade mas eu não quis acreditar, eu não acreditei e deletei ela da minha mente mas agora.. agora ela tá aqui, sendo jogada na minha cara pelo destino. Grávida de dois meses e três semanas. A conta bate, tudo bate com o maldito estupro que eu nem sabia que tinha acontecido.

Dei um passo rápido seguido de outro e disparei pela sala em direção a porta, não controlando minhas lágrimas e não conseguindo ficar perto dele.

Brown: Tu é minha mulher, nunca esqueça disso. - Gritou atrás de mim quando eu saí de dentro da nossa casa.

Fiéis Amantes - [M]Where stories live. Discover now