Parte 24

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REINADO
BALTHAZAR

Como o esperado, Uno decidiu se vingar por ter me oposto ao que tinha planejado para mim, sendo assim tudo o quê Lagrath previu sobre o meu futuro romântico, se dissolveu em fragmentos, semelhantes a um castelo de areia, e embora tivesse todo o poder do mundo, nada era o suficiente para aliviar o vazio que não parava de crescer em mim...
Então num dia qualquer reuni um exército de bestas e soldados, e passei a tentar escrever o futuro por conta. Desse modo segui em rumo aos gigantescos portões de Iterse, onde subjuguei todas as criaturas que apareceram diante de mim, sem piedade ou remorso. O problema é que nem todos cederam a tomada de poder, e Lyris foi quem os liderou contra mim.
O anjo vermelho não se importava, se tinha lhe impedido de morrer ou a resgatado dos braços do psicopata do irmão. Meus atos de heroísmo para com a mesma, não compensavam as atrocidades que tinha cometido contra aqueles a quem foi destinada a proteger. Logo não restou escolha, senão usar artifícios desonestos para vencê-la e ganhar-lhe como minha esposa.
A ruiva claramente odiou se tornar minha rainha, e para me punir por lhe escolher, passou a se embebedar todas as noites, deitando-se com o agora arcanjo, o demônio, e as ninfas sombrias com as quais se trancava em um dos quartos, de onde era possível de se ouvir os sons melodiosos e sexuais que me faziam sorrir com desgosto, para todos os lacaios que me olhavam com zombaria.
Se ele não consegue controlar a própria rainha, logo perderá também o domínio do reino. Diziam pelas minhas costas.

_Noite agitada querida?

Falei ao entrar no quarto de minha senhora, e a mesma sorriu com deboche. Adorava me humilhar diante dos outros. Porquê isto ajudava no golpe que estava a preparar para devolver o reino ao seu pai.

_Certamente. O arcanjo não é um santo, e Azy é realmente o mais selvagem dos demônios.

Sorri maliciosa, me provocando.

_Imagino. Mas já estou cansado de suas indiscrições.

Decido não cair em seu jogo mental.

_Como se meu senhor fosse diferente. Achas que não vi a onde vais quando me deito?

Sentes ciúmes de mim por acaso?

_Minha senhora prefere os lábios de outros, e eu a respeito o suficiente para nada tentar. Mas tenho necessidades como todo ser vivo.

Agora quem ri sou eu.

_Sabes muito bem por quê não compartilho do teu leito.

_É claro. Porém pensei que a verdade poderia lhe conceder lucidez e fazê-la desenvolver certo apreço por minha criatura.

_Isto foi antes ou depois de ameaçar jogar meus pais em Muntig para que me casasse ?

Ela retruca com indiferença.

_Não importa. Apenas tive alguns contratempos quanto a pedir a vossa mão.

_Contratempos? Subjugaste o meu povo, tomastes a coroa de meu pai e ainda por cima casaste comigo sem meu consentimento!

_Se pedisse tua mão dirias não.

_E isto te dá o direito de tomar-me como objeto?

_Não. Mas não te preocupes. Não irei mais te importunar com meus anseios. Há três rainhas que estão a caminho de nosso forte. Portanto não precisarei mais da atenção de minha senhora.

_O quê tu queres dizer com “outras três rainhas” ?!

_Tuas irmãs estão felizes em repartir este bolo que chamas de coroa.

Soube que toquei em sua maior ferida naquele momento, e decidi me retirar. Mas graças a pele de dragão que compartilhei com minha esposa, a mesma desenvolveu a habilidade de mover as coisas com o poder do pensamento, e quando cheguei a saída, a porta se fechou na minha cara, provocando um estrondo tão grande que os costumeiros burburinhos se transformaram no mais puro silêncio.

Silence Where stories live. Discover now