Rock in Camren (2ª temporada)

Capítulo 3 - I don't wanna see you anymore

CAMILA POV

-Mi hija...

-Mãe. -fechei as pálpebras com força e depois as abri. -Por quê você não me contou? -mordi o lábio inferior e solucei.

-Você estava em tour, então não quis dizer nada por quê não sabia se sua reação seria boa ou ruim.

-Você sabe que ele só quis me rever por interesse não sabe?! -aumentei a voz.

-Ei! -a voz grave se fez presente. -Mila, não pense desse jeito.

-Não me chama de "Mila". Você não tem intimidade pra me chamar assim.

-Karla...

-MUITO MENOS DE KARLA!

-Camila! -minha mãe me repreendeu.

-Camila, me deixa explicar... -ele começou a falar e já interrompi.

-Então explica! -cruzei os braços. -Vamos! Estou esperando.

-Eu sei que errei no passado, mas estou disposto a recomeçar.

-Recomeçar? -ri sarcasticamente. -Recomeçar?! -indaguei. -Você acha mesmo que dá pra recomeçar?! Eu já sou adulta, Alejandro. Não tem como voltar atrás.

-Você me chamou de...Alejandro...-disse com a voz falha.

-Ah! E você quer o que? Que eu te chame de pai depois de todos esses anos?! Me poupe!

Respirei fundo e fechei os olhos com força. Eu não poderia perder a cabeça agora. Sofia estava agarrada a minha mãe com os olhos repletos de medo, e eu não queria passar imagem errada para ela.

-Filha...

-Para. -respirei fundo. -Escuta. -dei três passos pra frente e apontei o dedo indicador para Alejandro. -Eu não quero mais olhar na sua cara. Não me procure mais. -virei de costas e caminhei em direção a porta, ignorando os chamados de minha mãe.

Quando bati a porta, encostei na mesma e tapei minha boca, tentando impedir meus soluços. Era inevitável. Desci as escadas correndo e quase tropecei em uma delas. Deixei o prédio sem olhar pra trás e corri o mais longe que eu pude. Parei quando estava cansada e me encostei em um muro. Sequei algumas lágrimas e funguei.

-Idiota. -resmunguei.

Depois de tantos anos aparece sem dar notícias. E eu tenho certeza que ele só veio me procurar por quê estou em uma banda de rock famosa. Como ele pode ser tão cara de pau?

O vento vindo da praia bagunçou meus cabelos e eu olhei no horizonte. Inspirei e expirei. Caminhei em direção a areia e já tirei meu tênis. Sentei numa sombra e fiquei pensando no passado. Abracei meus joelhos e comecei a chorar.

-DROGA! -gritei e bati com meu punho na areia.

-Jesus, Camz!

Olhei para cima e vi Lauren se ajoelhando na minha frente, segurando meu rosto com as duas mãos.

-O que aconteceu?!

-Como...-solucei. -...me encontrou aqui?

-Quando te deixei na casa da sua mãe decidi passar na padaria pra comprar café. E quando ia voltar pra minha casa te vi correndo na calçada e te segui. Só te perdi por um momento, pois a rua era em contra mão. Estacionei o carro e vim correndo te procurar. -ela respondeu num tom preocupado. -Camz, o que houve? Fala pra mim.

Comecei a chorar ainda mais e a abracei com força, enterrando meu rosto em seu ombro. Ela correspondeu o abraço, mas não disse nada, apenas ficou ofegando meus cabelos.

-Ele...voltou, Lauren.

-Quem voltou?!

-Alejandro.

Lauren ficou tensa e eu sabia que ela havia ficado surpresa.

Alejandro Cabello, mais conhecido com meu pai. Um bêbado miserável! Ele acha que depois de tudo que ele fez, pode voltar assim, do nada como se nada tivesse acontecido.

Tudo isso aconteceu quando Sofia ainda nem tinha nascido. Eu tinha cinco anos de idade e morava com minha mãe e meu pai em Cuba. Nessa época, Alejandro andou bebendo muito, pois não aceitava a morte dos meus avós. Isso o transformou em um alcólatra.

-Vem, Camz. -me ajudou a levantar. -Vamos para minha casa.

FlashBack ON

-Mama?

-Fique aqui, mi hija. -ela disse com a voz trêmula.

-O papa está bravo de novo?

-N-não, Mila. Ele só está cansado por conta do trabalho.

Quando ela terminou de falar, um som de vidro se chocando na porta do meu quarto se fez presente, nos assustando.

-ABRA A PORRA DA PORTA, SINUEH!

Olhei para minha mãe e seus olhos começaram a lacrimejar.

-Mama, o que está acontecendo?

No fundo eu sabia que meu pai estava bêbado e fora de si. Eu não tinha medo dele, pois ele nunca havia feito nada de mal a mim.

Mas um dia aconteceu.

-Vamos, Camila! -ele me segurou no ar, pelo braço e me apertou. -Onde você colocou a minha carteira?! -seu hálito quente de bebida acertou meu rosto.

-Papa...está machucando...-disse com a voz de choro.

-Ah! Você não vai contar é?! -me jogou no sofá.

-SOLTA ELA, ALEJANDRO! - mama correu em minha direção, mas ele foi mais rápido e lhe deu um tapa na cara.

-Não se intrometa! Eu sou o pai dela e faço o que EU QUISER!

Sua mão se ergueu e bom, todos já imaginam o que aconteceu.

FlashBack OFF

Eu cresci sem um pai. Mesmo quando eu ainda o tinha, ele nunca comparecia nas reuniões e festas da escolinha que eu frequentava. Nunca me dava atenção, sempre jogava tudo para cima da minha mãe. Aquele desgraçado só servia para beber, comer e dormir. Nem trabalhar trabalhava. Eu e dona Sinu passamos por momentos difíceis quando fugimos daquela casa. Mas no final tudo deu certo. Eu passei ir a uma psicóloga, o que me fez muito bem. Todos os traumas, medos e inseguranças que me causaram no passado se foram, mas tudo voltou quando aquele inútil apareceu na casa da minha mãe. Apesar de tudo, ela ainda o ama, e isso me irrita profundamente. Quando nós tínhamos ido embora, ele nunca ligou e nunca nos procurou. Só quando eu fiquei famosa.

Agora ele quer recomeçar?

Ele só quer o meu dinheiro, mas isso não vai ficar assim.

-Camila? Camila! Não desmaia agora, por favor!