Capítulo 7

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Estava nervosa. Muito nervosa. Aquele dia era o meu momento. Era o dia esperado de qualquer mulher. Ter o casamento dos sonhos, ter o vestido perfeito, a maquiagem perfeita. A igreja, os arranjos, tudo em ordem. Mas, eu não era uma dama conveniente. Eu não gostava daquilo tudo. E para minha sorte, minha mãe havia me ajudado em tudo. Tudo estava pronto para o dia do meu casamento com Erik. E me sentia tão nervosa. Com medo de tudo. Medo da noite de núpcias. Era isso que me deixava histérica. A ponto de não querer sair do meu quarto.

- Precisa sair, querida - disse minha mãe, da porta - Daqui trinta minutos será o seu casamento. Precisamos ir.

Eu me sentia tremula. Com a boca seca. Tudo ao mesmo tempo. Estava querendo sumir. Não por Erik, não. Era por não saber o que esperar dali para frente. O que me aguardava depois do casamento? Tudo isso era assustador demais.

- Preciso de mais alguns minutos - eu disse, olhando para minha mãe, tentando sorrir.

Ela me fitou desconfiada.

- Querida, posso ver que está nervosa - ela se aproximou, arrumando meu véu sobre o rosto - Precisa saber querida que estar nervosa no dia do seu casamento é muito natural. Quando me casei com seu pai, eu não sabia o que esperar - ela estava vermelha e visivelmente desconfortável - E que depois do casamento...bem...há certas coisas que precisa saber...

- Não, mãe. Eu não preciso ouvir isso agora - eu pedi, com um olhar suplicante - Eu entendo o que a senhora quer dizer.

Ela me fitou surpresa.

- Oh, entende? Mas, como...?

- Ah, isso não é necessário explicar agora - interrompi, ficando rubra de vergonha.

Eu tinha amigas, é claro. Já estavam casadas. É duas delas me explicaram como era o ato na noite de núpcias. Não precisava que me explicassem mais uma vez. Somente de pensar, eu entrava em pânico.

- Ahn...tudo bem, querida. Então, precisamos ir agora - ela disse, com um sorriso amarelo.

Eu assenti, igualmente constrangida. E pegamos a carruagem emprestada por Erik. Eu estava com meu vestido branco, estilo vitoriano. Era moda tentar parecer com a rainha Vitória. E eu estava com um vestido semelhante. Era cheio de rendas, com uma saia rodada e a manga era comprida, quase transparente, cobrindo o dorso das minhas mãos. O véu branco está sobre meu rosto e eu carregava um buquê bromélia azul. Estava me sentindo muito estranha. Flores as vezes me recordavam enterros.

Havia o fato de eu parecer um presente para Erik. Embrulhada e a ser entregue por meu pai. Isso tudo era esquisito para mim, mesmo sabendo que era normal a tradição dos casamentos. “Oras, que moça não gostaria de casar?”, minha mãe me disse várias vezes. As ideias sufragistas me tomaram e eu só queria liberdade. Mas, ter Erik não seria algo ruim. Na verdade, seria me libertar da vigilância constante da minha mãe e conhecer o mundo. Erik me prometeu isso.

A carruagem adentrou nos portões do parque, onde conheci o senhor fantasma. Estava tão eufórica. Conseguimos reservar uma parte do parque para o casamento. E estava feliz por casar em frente ao lago, próximo ao bando onde nos conhecemos pela primeira vez. E podia ver as pessoas observando e os convidados aguardando. Todos sentados em cadeiras enfileiradas. Não era muitas pessoas. Apenas cinquenta no total. Todos conhecidos do meu pai, minha mãe. Havia duas amigas minhas, colegas da faculdade de Louise e Persa. Que chamava muito a atenção. E Erik estava parado, ao lado do altar improvisado. Fora feito com arcos de flores. E padre já estava aguardando, com ar impaciente. Muitas pessoas me observaram descer da carruagem e pararam para assistir. Eu caminhava hesitante, olhando para todos aqueles rostos. Alguns familiares, outros nem tanto. E Erik me esperava, esboçando um sorriso e com sua máscara costumeira. O padre parecia desconfortável com isso e olhava de esguelhar para meu noivo.

Um Cavalheiro Misterioso - O Fantasma da ÓperaOnde histórias criam vida. Descubra agora