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Angel Maria Soares Beauchamp

Eu estava devastada, Diego tentava me acalmar mas nada dava certo.
5 anos sem as pessoas que me criaram. 5 anos sem a mulher que eu chamava de mãe, a mulher que sempre estava comigo, que me dava carinho, me apoiava.. 5 anos sem o meu papai para me irritar me chamando de " sapinho monstrinho" na frente dos amiguinhos todos na escola, 5 anos sem o homem que era casmurro mas me amava com todo o seu coração, 5 anos sem os ver, sem falar com eles, sem sentir o cheiro deles. Tudo são memórias.. memórias que eu gostaria de relembrar com eles ao meu lado. Um casal tão feliz e tão justiçado que infelizmente se foi.

Me lembro da alegria de 5 anos atrás quando eles me ligaram pedindo para avisar as crianças que chegariam de viagem dia 20.
Maldita viagem que acabou com as suas vidas, maldita viagem que me tirou os meus pais de mim.

Aquilo estava doendo, ver os seus nomes em cada túmulo, os meus irmãos agachados no local talvez relembrando os ótimos momentos que passámos todos juntos.

E então eu passei os meus dedos pelas bochechas da mais nova que tem apenas 10 anos. A criança perdeu os pais com 5 anos, mal se lembra deles.
Vive comigo.. a trato como se fosse minha filha mas faço questão de lhe falar todos os dias dos pais antes dela adormecer, faço questão de lhe mostrar o quanto ela é a cara da mãe dela, o que a torna muito parecida comigo, a única coisa que muda.. é que eu puxei o tom dos olhos de josh.. e ela puxou o tom de cabelo de josh.

- mamãe.. lembro-me de quando você simplesmente endoidou porque eu tinha quebrado o braço e nem estávamos na mesma cidade, no meu show do ballet, quando você se sentia uma "merda" por não estar ao meu lado.. e eu me sentia orgulhosa.. porque você estava a dar vida à minha pequena irmã.. você me fez sentir tão bem.. quando eu tinha alguma crise, você me ajudava nada forma que o papai te ajudava.. quando eu estava a ter um dia péssimo você me mostrava que apesar dos seus anos péssimos, você nunca desistiu.

Respirei fundo e passei os meus dedos pela foto dela.

- papai.. ah você sabe. Você sabe que você acordava e assim que eu descia não perdia uma oportunidade para me perturbar.. você sabe que mesmo em casas e vidas diferentes eu continuava a ser o seu sapinho monstrinho.. obrigada, por todas as vezes que você me fez abrir os olhos e perceber que tem certas coisas na vida que não temos de passar sozinhos e muito menos com pessoas que nem sequer prestam, obrigada por ter acabado com o meu sofrimento na adolescência, obrigada por me ter ensinado a tocar guitarra, por ter mimado tanto a minha pequena Gabriella.. por ter brincado tanto com o Kyle, por me ter feito ser alguém na vida.

- vem cá amor.. - Diego me abraçou enquanto eu chorava desesperada nos seus braços. -

- Krystal.. você quer dizer alguma coisa à mamãe e ao papai? - perguntei me acalmando e então ela chegou mais perto do túmulo de any.-

- você parece ser uma mulher incrível... a mana angel me fala todos os dias de você.. queria que você estivesse aqui para me ver dançar ballet, para cuidar dos meus machucados, para me ensinar várias coisas, para brincar comigo.. mesmo não me lembrando muito de você, lembro que era você quem amava cuidar dos meus cachos..

A criança foi até ao lado direito e se ajoelhou.

- papai.. queria poder chamar "papai" a alguém no dia a dia, mas eu não culpo vocês.. culpo o meu maior medo, aviões.. você é tão bonito.. fico feliz por ter herdado os seus cabelos loirinhos, você parecia tão feliz ao lado da mamãe.. eu lembro que você me chamava de " Cinderella" e eu ria o tempo todo por isso.. eu odiava a Cinderella.. mas sabe qual é a minha princesa favorita de todas? Ela..

Hailey abraçou a irmã mais nova que retribuiu, soluçando nos seus braços. Oliver acariciou os cabelos de angel que não queria sair do local.

- dissemos que jamais iríamos abandonar os nossos sapinhos.

Eclipse 2 - beauany Where stories live. Discover now