9 - Presa na própria cama de gato

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— Você está completamente louca! — Ele se levantou enfurecido. — Eu nunca vou vender minhas ações justamente para você e muito menos por essa ninharia que esse advogado me propôs! Eu não tenho mais nada para fazer aqui, essa negociação está completamente encerrada. Esqueça de seus planos absurdos!

— Eu não vou esquecer de plano nenhum! — Elizabeth aparentou valentia, mas estar diante dele a deixava tensa. — Agora você vai se sentar e me escutar!

Ele, sem muitas opções, desistiu de ir embora, mas não se sentou, permaneceu de pé.

— Agora entendo tudo. — Aquele sorriso sarcástico que caracterizava Vicente não saía de sua boca. — Daniel me contou que vocês dois... Você quer concluir o que não pôde fazer no passado, não é? O que Rebeca e aquele crime te impediram. Quer encalacrar o Daniel e conquista-lo e se tornar sua esposa, foi que você sempre quis sua vaga...

— Não ouse ofendê-la! — Guilherme se meteu pela primeira vez na conversa. — Que fique claro que Elizabeth não está sozinha, seu verme miserável! Dessa vez ela tem quem a defenda.

— Não se exalte, Guilherme. — Elizabeth procurou acalmar Guilherme — Ele se altera porque sabe que aqui, o único que possui culpas e dívidas do passado para acertar é ele! Vicente, os planos que eu tenha com relação ao Daniel ou a qualquer outra pessoa não te dizem respeito, seu infeliz! Como nada na minha vida te diz respeito e voltará a ter! O que sim te diz respeito é o que eu vou fazer caso você não aceite me vender as ações nesse momento e pelo preço justo.

— E o que você fará?

— Quer pagar para ver? Está em suas mãos, Vicente. Guilherme trouxe os papéis preparados para que façamos a transferência do valor avaliado pelos especialistas e você assine os papeis que me tornam a dona de sua parte na empresa. Me agradeça porque eu quero pagar o preço justo. Você vai concordar que a transferência que iniciaremos nesse momento e, quando você saia dessa sala eu já serei a dona de 44% do escritório Olivier. — Ela caminhou até ele ensaiando um sorriso de triunfo. — Você concorda, Vicente?

***

Enquanto assinava os últimos papéis, Vicente ainda parecia descrente do que lhe estava acontecendo. Era como se a vida de repente o colocasse em uma sinuca de bico e estivesse lhe cobrando cada uma de suas dívidas e culpas que ele sempre carregou bem guardadas dentro de si. Lutou para mantê-las escondidas, não revelar a ninguém, mas, diante das circunstâncias, percebeu que em um ou outro momento, teria que enfrentar cada um daqueles mistérios que ele ingenuamente acreditou que fossem só seus.

— Elizabeth, tenha a certeza que um dia você vai pagar pelas coisas que está fazendo. — Ameaçou — Não acredite que você vai fazer tudo o que quiser, dispor da vida de outras pessoas impunemente.

— Vicente, guarde suas ameaças para quem você ainda possa intimidar. Você é um ser extremamente covarde que não tem a menor coragem de fazer algo contra alguém que você perceba que tenha uma força proporcional à sua. Por isso você me atacou há 20 anos, pela certeza de que não seria punido, porque estávamos em condições muito diferentes.

— Não sei do que você está falando. Eu nunca te fiz nada, pelo contrário...

— Não seja cínico, Vicente! Aqui você não tem que dissimular. Guilherme conhece toda minha história inclusive a monstruosidade que você foi capaz de cometer contra mim e... Se há alguém que tem contas a acertar com a vida é você! Algum dia eu sei que você terá que se fazer responsável por todas as mentiras que disse às pessoas a sua volta e também por aquilo. — ela falou como que liberando-se de algo que, por razões opostas às de Vicente, ela também mantivera dentro de si.

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