IX- viver no passado

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[atenção! nesse capítulo é narrada uma crise de ansiedade e histórias de relacionamento abusivo. se você não se sente confortável lendo esses tipos de coisas, por favor, não leia. me mande uma mensagem e eu posso resumir o que aconteceu no capítulo, sem as partes que podem trazer gatilhos. coloquem a saúde mental de vocês sempre como prioridade, nunca se esqueçam disso. com carinho, kauh.]

**

Por favor, por favor me responde.

Não deve exigir muito esforço para olhar o celular e digitar algumas palavras, certo?

Harry não tinha ido para a aula nesse dia. Eu ficava olhando repetidamente para a porta sempre que alguém entrava, esperando ver uma figura alta de cabelos cacheados usando as presilhas azuis, roxas e rosas de todos os dias.

Mas não via nada. Apenas as faces familiares das pessoas que faziam aquela aula comigo, mas não sabia nem seus nomes direito.

Será que ele estava bem? Ou será que estava apenas doente? E se estivesse doente, será que era algo grave? Ou apenas um resfriado?

Nada mais passava pela minha cabeça. Apenas minha preocupação com Harry e como eu queria que ele estivesse bem.

- Louis Tomlinson. – A voz grossa e rouca do professor daquela matéria interrompeu os meus pensamentos. – O que eu digo sobre celular na sala de aula?

Apenas guardei meu telefone em silêncio, esperando que ele continuasse a explicação sobre o que fosse que ele estivesse falando.

- Vamos Louis, responda. – Ele continuou, me obrigando a olhar para ele novamente. – O que eu sempre digo sobre celulares na sala de aula?

Engoli em seco, amaldiçoando todas as gerações de sua família. Será que ele não conseguia ver, pela expressão no meu rosto, que eu não estava nem um pouco confortável?

- Desligados e dentro da mochila. – Disse, alto o suficiente para apenas ele ouvir, sentindo minha voz falhar.

- Ótimo. – Foi o que ele respondeu, antes de dar continuidade no que ele estava explicando e que, nem se eu quisesse, eu conseguiria prestar atenção.

Minhas mãos começaram a tremer.

Meus olhos encheram de lágrimas.

O ar começou a doer antes de chegar em meus pulmões.

Ergui uma mão, tentando não transparecer a tremedeira. Quando o professor olhou pra mim, apenas apontei para a porta, incapaz de expressar qualquer palavra. Assim que ele acenou rapidamente com a cabeça, andei com os passos largos até o banheiro que, por minha sorte, não era longe da sala de aula.

Antes mesmo de entrar no banheiro e me trancar em uma das cabines, as lágrimas já caiam freneticamente por meu rosto. Dentro da cabine, longe de tudo aquilo que me preocupava, me permiti respirar alto, tentando fazer com que o ar entrasse mais facilmente e sem toda aquela dor nos meus pulmões.

Fui obrigado a levantar minha voz no meio de pessoas que eu nunca tinha interagido por culpa de um professor que tinha prazer em humilhar seus alunos na frente da sala inteira. E o pior disso tudo é que eu não tinha nenhum rosto familiar ao meu lado para me assegurar que estava tudo bem.

Todos eles devem te achar esquisito. Sério, quem tem a coragem de usar o celular na aula do professor mais insuportável do semestre? Você é tão burro, Louis.

E pior ainda, você se deixa afetar por isso? Teve que sair correndo da sala para poder chorar em paz. Você é um fraco.

Minhas mãos involuntariamente subiram ao meu cabelo assim que esses pensamentos começaram a invadir meu cérebro.

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⏰ Last updated: Sep 22, 2023 ⏰

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I Met Harry in The Bathroom {l.s}Where stories live. Discover now