Mike and The Food Challenge

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Olhei para fora da janela de meu quarto, notando o sol que parecia mais quente no dia, mesmo que ainda estivesse um frio cortante do lado de fora, fazendo com que eu me animasse mais do que eu achei que era possível. Levantei da minha cama já bem tarde, como eu me permitia fazer em finais de semana, oito horas da manhã para ser mais específico. Caminhei até o espelho que tinha em meu guarda-roupa e ri um pouco do estado em que estava, meus cabelos loiros desgrenhados, minha cara amassada e minhas roupas jogadas por meu corpo, parecia ter sobrevivido um tornado.

Assim, tentei me arrumar levemente enquanto saía de meu quarto e descia as apertadas escadas da casa, chegando na sala. Atravessei a mesma, indo diretamente para a cozinha, sorrindo ao ver minha mãe ali. Sua atenção estava totalmente em seu celular, onde mexia como uma pessoa velha — basicamente mexendo com o indicador e tocando dramaticamente —, fazendo com que eu risse levemente. Me aproximei dela e a dei um beijo na testa, fazendo com que ela pulasse de seu assento.

— Michael Mckinney! Você quase me matou do coração, menino! — Ela reclamou, fazendo com que eu gargalhasse.

— Me desculpa mamãe querida, só queria demonstrar meu longo e expressivo afeto por você, oh amor bandido. — Dramatizei como uma das peças ruins que ela gostava de ver, e que em seu gosto eram perfeitas.

— Você tem sorte que eu não sou nada vingativa. — Ela sorriu, levando a xícara do chá que tomava até sua boca.

— Isso é chá? Desde quando você gosta de chá de... — Me esforcei em processar o cheiro na minha cabeça. — Lavanda?

— Olha só, acertou. E eu não gosto, mas vi no Facebook que é uma ótima forma de lidar com o cansaço, e você sabe como minhas juntas ficam depois de trabalhar a semana toda. Aí eu comecei a tomar, mas tem gosto de tipo...

— Produto de limpeza? — Perguntei rindo levemente, caminhando até um dos armários e pegando uma xícara, e então, a jarra de café que minha mãe deixava pronta todas as manhãs para mim.

— Exatamente... Ah, aproveitando que você já pegou o café... Seu pai quer ver você hoje. — Ela comentou rapidamente, provavelmente com medo da minha reação, e não era para menos. O sorriso fora embora junto com meu bom humor, e agora eu apenas a encarava sem saber muito bem o que fazer.

Meus pais tinham se separado quando eu tinha em torno de doze anos, e não foi um processo muito fácil para mim. Acreditava que ia perder completamente o contato com meu pai, ou até mesmo que teria que deixar de vê-lo completamente, mas não foi a questão, ele continuou o mesmo e esse foi o maior dos meus problemas. De vez em quando ele me chama para ir em Duluth, e eu não entendo exatamente o porquê. Ele sempre fala de trabalho, isso quando me dá atenção. Me sinto extremamente ansioso perto dele, apesar de o amar muito.

— ...Tudo bem. — Soltei um suspiro, voltando a sorrir. — Onde e que horas?

— Na cafeteria, acho que a tarde? Ele não me disse muito bem o horário, o que é um pouco raro já que ele é tão...

— Pontual, é. — Suspirei mais uma vez, um pouco incrédulo de ter que o ver em um fim de semana. Por fim, enchi a xícara de café e passei a bebê-la, sabendo muito bem que precisaria de todas as energias que conseguisse para poder aguentar passar uma tarde com ele. Ao menos, eu gostava de sua cafeteria, do clima leve que tinha lá dentro e das bebidas gostosas que eles faziam. Fora o nome fofinho 'Roasted Bean'.

Cheguei na cafeteria quando já era de tarde, já que não precisava me atentar ao horário, provavelmente ele ficaria lá o dia inteiro. A primeira coisa que chegou em meus sentidos foi o barulho do sino que tinha na porta, junto com aquele cheiro delicioso de café, que parecia empestear aquele lugar inteiro da forma mais doce possível. Me lembrava quando eu costumava ir lá na minha infância, mesmo que aquelas lembranças fossem escondidas no fundo da minha cabeça, tão distantes que mal podia acessar elas.

Mike, Keith and the...Where stories live. Discover now