T E M P O | ATO IV

943 56 146
                                    

— Parece que alguém também está com fome.

— Eu sempre estou com fome, Napat

*

Aparentemente esse foi o empurrão que Pran precisava para jogar seu corpo sobre o de Pat, se sentando com o peso todo sobre seu volume, com o objetivo de sentir Pat reagir ao vê-lo de frente, agora, sem blazer. Agora, sem personagens ou fantasias. Pat e Pran — puros e simples, como só eles sabem ser.

Haviam muitas coisas boas acontecendo naquele dia. Pran está gostando de ouvir Pat falar inglês em seu ouvido, em como ele se sente seguro o suficiente para isso. Em como ele o provoca com isso. Pran gostaria de ouvir Pat em qualquer idioma, contanto que ele nunca pare de emitir aqueles sons reagindo a tudo que o namorado fazia. E assim, Pran se sente seguro, tanto para aparecer só de blazer, quanto para aparecer sem roupa alguma, mesmo tendo ganhado um pouco de peso desde que se mudou para Singapura, — algo que Pat transformou em um fato extremamente positivo, na verdade, aparentando gostar ainda mais do que vê.

Pran pensou que já tinha tido surpresas o suficiente, até que conduz Pat para que fique de quatro, o inclinando sobre o apoio de braço do sofá, exatamente onde ele estava minutos ou horas atrás — porém, Pat com os joelhos no sofá, cotovelos no apoio, com a cabeça para fora —, e se depara com um ponto, um botão preto cromado que ele conhece, emoldurado pelas nádegas carnudas de Pat. O quê–? Pran precisa respirar fundo e fechar os olhos após aquela visão. Pat continua em silêncio. Omisso ao que ele sabe que Pran descobriu.

Pran não sabe exatamente o que dizer ou o que pensar sobre aquilo. Pat é tanta coisa. Em um segundo, ele pensa na vida que tem hoje e em como ele errou no passado quando tentava evitar Pat — e sem sucesso algum. O quanto errou em cegar os próprios olhos para tudo que estava exposto. Escancarado para ele. Parte dele sabia que Pat o queria, afinal, estava óbvio. Pat era tão burro, Pran pensa. Será que ele não notava a maneira que olhava para Pran? O quanto ele sorria sempre que estava com Pran? Amigos não ficam pegando nas coxas de outros amigos, ou cheirando o pescoço de outros amigos. Muito menos de não-amigos. E às vezes, Pran pensa sobre o que teria acontecido se ele tivesse tentado. Se ele tivesse dito antes. Se ele tivesse dito a Pat, naquela noite triste, que se ele fosse a Ink ele estaria completamente apaixonado por Pat, por cada coisinha que Pat mencionou, as quais Pran sabia de cor, porque na verdade, ele já estava. E agora, fazem quase seis anos que estão juntos. Seis meses em que Pat deixou tudo em Bangkok para estar com ele em Singapura. Seis meses em que Pran nunca mais foi só. Mas ainda assim, eventualmente, pensa no período em que fugiu, ou no período em que esteve fora — contra a própria vontade —, e aquilo dói.

Porque, para Pran, cada segundo, cada partícula do tempo em que passa com Pat, sempre vale a pena. E a percepção de tempo só aumenta isso tudo. E isso tudo só melhora com o passar do tempo.

— Eu tenho tanta, tanta sorte.

— Baby... — Pat fala, com carinho.

— Há quanto tempo você–? — Pran mal consegue terminar a frase, e coloca um dedo imediatamente lá, pressionando um pouco, fazendo Pat arquear, chamando seu nome em um gemido suave.

— Desde pouco antes de você chegar. — Assume, e Pran finalmente entende, a enorme quantidade de gemidos fora de contexto que Pat estava emitindo naquela tarde.

— Você acaba comigo, Napat.

— Espero que ainda sobre um pouquinho pra mim. — Diz Pat, um sorriso gentil em seu rosto, olhando Pran de relance sobre o ombro, sentindo Pran pressionar o dedo delicadamente sobre o plug.

[05] • TEMPO • [ BadBuddy | PatPran ] ):)Where stories live. Discover now