CAPÍTULO 2

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FLORENCIA BINOTTO

Eu não esperava receber uma mensagem de Robert, na verdade. Pensei que o veria somente uma semana antes dos testes, mas ele decidiu vir mais cedo pelo jeito. Provavelmente ficou sabendo da minha volta a Maranello.

Eu estava em casa me arrumando para ir ao karaokê com os pilotos juniores da Ferrari, como toda sexta-feira à noite. Até chamei a Lizzie hoje a tarde para ir comigo, porém ela dispensou o convite e disse que sairia com Arthur LeClerc, acho que iriam a um encontro – a Lizzie nega a ideia de ser um encontro romântico, mas ela não está nos meus pensamentos para me corrigir.

Abri meu armário na esperança de procurar algo bonito para vestir. A realidade é que eu já tinha usado tudo do meu closet e não sabia o que vestir. Me sentei no banquinho estofado cor de rosa e fiquei olhando para as minhas roupas: calças jeans, blusas charmosas, sapatos chamativos, uma mistura de cores exuberantes e tudo o que vocês poderiam imaginar. Dior, Versace, Gucci, Louis Vuitton, Valentino… As melhores marcas que poderiam existir no mundo da moda.

Eu consumia qualquer marca, menos Dolce & Gabbana.

Todo mundo sabe o quão podre é a Dolce & Gabbana.

— O que está fazendo? — ouvi a voz da minha irmã mais nova, Chiara.

— O que você acha que estou fazendo? Eu não tenho nada para vestir! — reclamei, abraçando os meus joelhos.

— Claro que tem, seu closet é maior que o meu — Chiara revirou os olhos.

— E daí? Eu já usei tudo.

— Por que você não combina as peças, Florencia? Você é boa em montar looks.

— Eu não sei o que vestir, Chiara.

— Vejamos… — ela caminhou para dentro do closet, analisando todas as peças.

Chiara mexeu nas calças, nas blusas, nos casacos e em todas as partes do meu closet à procura de uma combinação que seria a minha cara. No canto, olhei para um par de botas plataformas pretas e despertou uma ideia na minha cabeça. Ela seria a minha peça principal para o look. Me levantei do banquinho e revirei meu armário, a peça que eu precisava era um vestido preto e um sobretudo preto.

E daí que era inverno na Itália? A casa de karaokê deve ser muito quente.

Minha irmã mexeu na pequena caixa de jóias e tirou um par de brincos prata e uma corrente bem fina da mesma cor, que batia no centro da clavícula.

— Você vai de vestido? Não está frio? — Chiara perguntou.

— Nada que uma meia calça não resolva.

— E você vai de meia calça?

— Claro que não, ficaria horrendo! — me olhei no espelho, ainda usava o roupão de seda vermelho. — Talvez eu vá com um mini short por baixo.

— É bom. Você sempre tem umas ideias estranhas, não é legal que os outros vejam a sua calcinha por aí — Chiara comentou. — A não ser que você queira mostrar para alguém.

— Garota, você acha que eu sou o quê?

— O Robert vai?

— Aonde você quer chegar com isso?

— Eu só estou querendo dizer que sei o quão interessada você é pelo Robert.

Agora entendo como a Lizzie se sente quando está com o Ollie. Por que adolescentes sempre sabem das coisas? Não vou mentir, eu tenho um certo interesse no Robert desde que ele entrou na FDA, mas eu não faço o tipo dele. Somos amigos, as possibilidades de acontecer algo são medianas – e se acontecer, paciência. Nem todo mundo resiste a Florencia Binotto.

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