Prólogo

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A sensação de se sentir intruso na vida das pessoas é horrível, é ainda mais quando você se sente assim na sua própria família, parece que nada tá certo, nada se encaixa, parece que você não se encaixa...

Passei a vida toda me sentindo excluída, perdida, eu não conseguia encontra meu lugar apesar da minha família tá sempre comigo, sempre me apoiando mas tinha algo errado, não entendia isso até descobri a verdade.

Eu: adotada? Que palhaçada é essa? - olhei pra minha mãe que já tava em prantos, pedindo desculpas, eu tava desnorteada, simplesmente descobri que sou adotada, foi como tivesse explodido uma bomba em mim

Gorete (mãe adotiva): senta filha eu vou te explica toda a história direitinho - sentei no sofá ao lado dela ainda bastante confusa - eu realmente fiquei grávida do meu sexto filho, mas ele não era você, minha gestação tinha sido complicada, era uma menina também mas no dia do parto ela infelizmente não resistiu, o cordão umbilical enroscou no seu pescoço, o médico não conseguiu salvar ela a tempo,passei dois dias no hospital me recuperando não tinhamos falado pra ninguém ainda sobre o falecimento da nossa bebê eu tava devastada junto com seu pai, ainda no hospital quando estávamos próximos de sair percebi uma moça muito bonita com uma criança no colo nos olhando, ela veio até nós contando que ouviu o médico dizer que nossa bebê tinha morrido e nos ofereceu a bebê que tinha no seu colo, eu logo recusei pois era um bebê e não um objeto pra ser oferecido assim, daquela forma, mas ela começou a falar uma história de que tinha sido abusada e tava sofrendo com os traumas, depois descobriu que tava grávida e não tinha conseguido abortar mas também não consegui criar pois não tinha condições financeiras e muito menos psicológico pra isso, ela disse que fazia três dias que você tinha nascido e que nem amamentar direito ela tava conseguindo depois de muito insistir eu e seu pai aceitamos te levar conosco e cuidar de você, afinal você não tinha culpa, era só um bebê frágil, eu te peguei no colo aquele dia a primeira vez e me emocionei muito e também fiquei com muita dó, naquele dia eu prometi te amar e cuidar de você, eu e seu pai guardamos esse segredo por medo do seu pai verdadeiro afinal sua mãe disse que ele tinha a estuprado, eu tinha medo de você descobri e mesmo assim ir a procura de seus pais.

Eu escutei tudo aquilo mas ainda tava em choque, mas o que veio a seguir me deixou mais em choque ainda.

Gorete: mas a um mês atrás uma mulher foi até nossa casinha lá no Ceará se apresentou como Beatriz, contando que era sua mãe, mas eu lembrava bem do rosto daquela moça e era até parecidas mas não era ela eu tinha certeza, então ela explicou toda a história, aquela moça que tava com você no colo na verdade era sua tia irmã de sua mãe, Beatriz explicou que sua tia era apaixonada pelo seu pai  mas não aceitava que ele na verdade amava a sua mãe e não ela por isso no dia que você nasceu ela te roubou do hospital mesmo recém-nascida e viajou até o Ceará, ela mostrou os papéis do hospital daquele dia, até mesmo o recibo do pagamento do hospital pois era particular, ela tem esse mesmo sinal na mão que você tem filha, eu sei que você tá me odiando agora, sei que errei, devia ter te contado muito antes mas eu não consegui, fui egoísta, tinha medo que fosse atrás do seu suposto pai e ele fizesse algo com você... por favor me perdoe filha

Aquela altura eu já tava chorando, com os sentimentos confusos, minha mãe me abraçou e apesar de tá chateada eu retribui, sou coração mole, manteiga derretida, apesar de tudo não sinto ódio dela, ela sempre teve comigo quando precisei, minha família sempre passou por poucas e boas pra conseguir se sustentar, minha vida não foi fácil e reconheço que se não fosse por ela eu não estaria nem viva...

Apesar de tudo ela sempre vai ser a minha mãe

Entre o Céu e o Inferno Where stories live. Discover now