-Cinco-

410 60 3
                                    

With you, shawty, with you
With you, shawty, with you
With you, under the mistletoe

-:-:-

Pouso o meu copo vazio em cima de uma mesa para poder passar os dedos pelo meu cabelo, antes de sentir um par de mãos nas minhas ancas e um queixo apoiado no meu ombro. Salto ligeiramente devido à surpresa e viro-me para trás de imediato, apenas para encontrar o Ashton a sorrir para mim.

-Podias ter-me avisado antes de me assustares! - exclamo, batendo-lhe ao de leve no peito.

O Ashton ri-se.

-Se te der um beijo, estou perdoado?

-Vais ter que tentar um pouco mais que isso se queres um beijo meu, - dou-lhe um pequeno sorriso.

-Não seja por isso. Mal encontre um ramo de azevinho pendurado, Kenna, mal encontre um ramo de azevinho pendurado.

Rio-me ao ver o Ashton a olhar desesperadamente para o teto à procura de azevinho e coloco as minhas mãos nos seus ombros, tornando a puxá-lo para dançar.

-Não, não vamos dançar! - exclama ele com uma gargalhada. - Tenho uma ideia melhor.

-Ashton, não há muito mais para fazer numa festa para além de dançar e beber.

-Regra número um, Kenna: nas minhas festas, em minha casa, podemos fazer muito mais que apenas dançar e beber. Anda, eu mostro-te.

Ele pega na minha mão e começa a puxar-me na direção das escadas, mas eu obrigo-o a parar de andar e viro-me para trás, fazendo sinal ao Seth que já volto. Ele semicerra os olhos, mas simplesmente assente.

-Está tudo bem? - pergunta o Ashton quando volto a virar-me para ele.

-Sim, sim. Estou só a avisar o Seth para ele não se preocupar e achar que eu desapareci sem deixar rasto. E porque ele deve achar que eu ainda sou virgem como a Santa Maria e eu não quero arruinar-lhe essa sua fantasia.

O Ashton lança uma gargalhada ruidosa que ecooa pela divisão, e volta a guiar-me em direção às escadas. Desta vez vou sem hesitação.

-Para onde é que me estás a levar, exatamente? - pergunto quando chegamos ao topo do primeiro lance de escadas.

-A melhor divisão desta casa. Vais adorar, acredita.

-Se estás a falar da tua cama, então lembra-te que uma cama não conta como uma divisão.

-Eu não dirijo raparigas para a cama, as raparigas é que me imploram que lhes mostre onde está. O que eu te quero mostrar não tem nada a ver com camas.

Subimos mais um lance de escadas e ele guia-me em direção à porta mais afastada no corredor, colocando a mão sobre a maçaneta. Ele olha para mim.

-Estás pronta?

-Ashton! - exclamo com uma gargalhada. - Abre a porta, anda lá!

-Pronto, eu abro, eu abro! - assegura ele. - Já agora, se ficares com alguma ideia, a divisão já é de si à prova de som, e com a música toda lá em baixo ainda mais.

-Acredita, Ashton, eu não te quero saltar para cima. Agora abre lá a porta!

Ele faz como eu lhe pedi a roda a maçaneta, empurrando a porta com o ombro para a abir. Sinto-o colocar uma mão no fundo das minhas costas e a empurrar-me para dentro da divisão.

-Ashton, isto é... uau...

A sala em que me encontro é ampla, com muito pouca mobília - apenas um banco almofadado para três pessoas e sem costas ou apoio para as mãos no meio da divisão, e um computador ligado a um amplificador ao canto. Mas a parte mais fascinante é que não tem uma única parede para além daquela ligada à porta, nem sequer um teto. É tudo envidraçado, dando uma linda vista panorâmica de todas as redondezas, assim como do céu tempestuoso acima de nós. Aproximo-me da janela mais próxima, colocando a minha mão sobre o vidro onde a chuva embate. O som é simplesmente maravilhoso.

-Nem sequer tenho palavras... - sussurro. - Isto é... nem sei como dizer...

O Ashton aproxima-se de mim, encostando as costas à janela para me olhar nos olhos.

-É a divisão mais calma da casa, - comenta. - É dos melhores sítios do mundo para mim, principalmente quando está a chover como hoje.

-E porque é que me trouxeste aqui, exatamente? Deixa-me adivinhar, é aqui que trazes todas as raparigas.

-Só se elas estiverem com saudades de casa como tu e eu.

Olho-o nos seus olhos cor-de-avelã com o sobrolho ligeiramente franzido.

-Asht...

-Escusas de perguntar, não te vou responder, - interrompe ele com uma gargalhada. - Anda, esta sala é ainda melhor quando te deitas.

Ele desencosta-se da janela e coloca uma mão no fundo das minhas costas para me guiar para o centro da divisão, junto ao banco almofadado. Vejo-o deitar-se de costas no chão.

-Anda lá, Kenna, deita-te. Não sabes o que estás a perder.

Faço como ele me diz e deito-me de costas no chão, antes de ele me puxar para eu deitar a cabeça no seu ombro.

-Esta era uma boa altura para termos aqui um ramo de azevinho acima de nós, - comento na brincadeira.

O Ashton, contudo, leva-me a sério.

-Já estás a sucumbir ao meu charme? Posso ligar ao Jack para ele trazer azevinho cá acima.

Rio-me.

-Eu estava a brincar, Ashton. Mas é bom saber que te tenho na palma da minha mão.

-Ash, - murmura ele, respirando fundo enquanto o diz.

Inclino a cabeça para cima para poder olhá-lo nos olhos.

-Diz? Não ouvi muito bem.

-Ash. Chama-me Ash.

Sorrio para ele e volto a olhar para o céu de tempestade.



Mistletoe • Ashton Irwin {AU}Onde histórias criam vida. Descubra agora