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Já no ônibus, eu estava sentada ao lado da Maria Joaquina, observando a paisagem passar pela janela. O sol forte iluminava os campos ao longo da estrada, e o ronco constante do motor quase me fez cochilar. Mas a viagem estava entediante demais para isso. Precisávamos de um pouco de animação. Olhei para a Maria Joaquina, que estava distraída mexendo no celular, e resolvi agir.

- Que tal se a gente cantasse uma música? - sugeri, esperando que ela estivesse disposta a se divertir um pouco.

Ela levantou os olhos do celular e me deu um olhar meio desconfiado, mas depois abriu um sorriso e concordou.

- Pode ser...

Eu sabia que, com uma pequena provocação, a turma toda entraria na brincadeira. E assim, antes mesmo de perceber, começamos a cantar a música que era quase um hino para todos nós:

- Entre duendes e fadas, a terra encantada espera por nós... - Maria Joaquina começou, com a voz clara e afinada.

- Abra o seu coração, na mesma canção, em uma só voz... - continuei, acompanhando-a com entusiasmo.

E então, como mágica, todos no ônibus se uniram e começaram a cantar juntos:

- Embarque neste carrossel, onde o mundo faz de conta, a terra é quase o céu...

A voz de todos se misturava em uma só, enquanto repetíamos o refrão várias vezes. O motorista até deu um sorriso pelo retrovisor, provavelmente achando graça em ver tanta energia e alegria de uma vez só. Continuamos cantando as estrofes, cada um tentando colocar mais emoção e, claro, desafinar um pouco o colega ao lado. Quando chegamos ao final da música, todos se olharam e explodiram em gargalhadas.

- Ai, meu Deus, eu tinha esquecido o quanto era divertido cantar isso! - comentou Laura, com lágrimas de riso nos olhos.

- Nossa, parece que a gente voltou para a escola de novo, né? - Adriano acrescentou, dando um tapinha nas costas do Jaime.

Ainda rindo, todos começaram a conversar animadamente sobre os velhos tempos, as peças que aprontávamos, as histórias engraçadas. Mas logo a conversa desviou para a figura da diretora Olivia, que estava sentada mais à frente, de cara amarrada, folheando um livro grosso.

- Galera - chamou Marcelina, tentando ser discreta - será que a diretora vai ficar assim de mau humor até o final das férias?

- Já ouvi dizer que quando ela nasceu, não chorou não. Ela deu foi uma bronca no médico e o deixou de castigo! - comentou Jaime, arrancando risadas de todos. Mas, logo depois, senti um peso na consciência e resolvi intervir.

- Parem com esse bullying contra minha madrinha, gente! - protestei, levantando a mão. - Ela é uma pessoa muito legal e divertida. Vocês só não conhecem esse lado dela ainda.

Todos me olharam com ceticismo, mas Alicia, tentando manter a paz, interveio:

- Relaxem, galera. A Olivia vai ficar super de boa quando chegarmos ao acampamento do meu avô. Aposto que ela só precisa de um pouco de ar fresco e de um tempinho longe dos problemas da escola.

- Tá legal - disse Paulo, tentando mudar de assunto enquanto mexia no celular. - E como é o seu avô, Alicia? - ele perguntou, saindo do seu lugar e se sentando ao meu lado, entregando-me um lado do fone que estava ouvindo minha playlist.

Sorri para ele, e ele retribuiu o gesto.

- Ele é muito legal, serião - respondeu Alicia, animada. - Sempre tem uma história engraçada para contar e adora pregar peças na gente. Vocês vão gostar dele, prometo!

ONLY YOU ◇ PAULO GUERRAOnde histórias criam vida. Descubra agora