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Itália

A boa parte da minha vida não existiu de fato, e agora ela esta muito pior. Eu nem sei porque eu ainda insisto em viver.

Desde pequena eu perdi muitas coisas: amigos, cachorros, peixinhos, algumas tias ou os meus avós, mas aprendi a conviver com as minhas perdas. Mas minha maior perda foi meus pais. A gente nunca esta preparado para essas coisas. Mas uma coisa que eu sei: eu vou saber conviver com essa perda também, mas eu sei que de fato, ela vai me mudar.

Ao meu lado, apresento uma loira bonitona dirigindo o carrão caro dela. Ela esta indo direto para o apartamento do meu primo mais velho, onde irei morar.
A assistente gata social, finge se importar com a minha vida, mas sei que não se importa, ela quer logo se livrar de mim.

Meu Deus, porque essas pessoas acham que uma menina de 17 anos não pode se virar sozinha? É idiotice.

Chegamos a um prédio gigantesco, espelhado e azulado. Entramos nele e subimos no elevador, sem ambas dizer nada. Eu não to muito afim de falar com ela, e ela esta muito ocupada arrumando o cabelo para receber meu primo, que eu nem conheço, mas sei que é gato.

Ela é tão alta e tem um corpão... Aquela bunda então... O cabelo todo arrumadinho para trabalhar, e o meu aqui, todo desgrenhado com esses cachos cheios de frizz.  Ela tem uma bolça e tanto e eu uma mochila desgastada e suja, com quase nada dentro.

Adoro tudo isso!

Tocamos a companhia no apartamento 23, que é a primeira porta de duas em apenas um andar.

Sinistro!

Uma senhora de meia-idade atende a porta, toda sorridente. Tem cabelos ruivos e veste um uniforme de empregada. Ela é tão baixa que a Assistente Gata Social deve de estar se sentindo constrangida com o próprio tamanho ou deva ser ao contrário.

- Podem entrar.

- Você pode chama-lo para mim? - A assistente diz.

- Sim, pode me acompanhar, ele esta no escritório.

As duas saem e eu fico sozinha.
Aqui tudo é muito grande. Ao meu lado uma sala com uma parede inteira de vidro com vista para os melhores prédios de Nova York e mais a frente deve de ser uma sala de tevê, ao lado uma escada toda de vidro. E no meu lado direito tem uma cozinha pequena, toda preta e branca.

Essa casa é um luxo e me dá nojinho. Já imagino como deve ser meu primo.
A empregada então, voltou, toda bonitinha andando.

- Olá, Itália. Você é uma linda menina. - Ela sorri.

Eu dou um sorriso amarelo para ela e ela continua:

- Você gostaria de conhecer seu quarto? - Balancei a cabeça em afirmação.

Ela começou a andar e eu fui junto, subimos as escadas que virando para direita dava para um extenso corredor. Ela então virou um pouco o rosto e andou mais devagar.

- Meu nome é Maria Marta, eu sou a governanta do senhor Dylan. - Ela virou o rosto e apontou com a mão para a porta a minha esquerda. - Aqui é o quarto do senhor Dylan e o próximo é o seu.

" Não tem outro quarto para eu ficar, sei la em outro andar?" Seria ótimo dizer isso, mas eu sei que só há este quarto, que infelizmente fica do lado do dele.

Ela abriu a porta e revelou um quarto sem graça todo branco, com móveis brancos, lençóis brancos se depender até o chão é branco. Opa ele é!

To desconfiando que estão me internando como louca, porque isso ta parecendo mais um quarto de hospital psiquiátrico.

- Espero que goste. - Fala sorrindo.
Eu dou outro sorriso amarelo e ela sai.

Me jogo na cama de casal aproveitando o pouco tempo que ficarei nela, porque amanhã eu ja estarei longe.

Me levanto e vou tomar um banho. O banheiro é outra coisa na casa que é branca e gigantesca.

Eita homem exagerado!

Termino o banho naquela banheira maravilhosa sem me preocupar com a minha mãe brigando por eu estar demorando, o que é uma merda! Sinto falta disso...

Visto a única roupa que eu trouxe na minha mochila e a fecho. Para eu ir embora preciso de algumas coisas, e comida é uma delas. E como irei de manhã, é provável que eu não consiga pegar, estão pegarei agora.

Saiu do quarto e dou dois passos ate da de frente com ele. Nos colidimos e eu bato contra o peito dele. Bem duro de preferência. Então estamos um pouco perto de mais, quando ele estende a mão para eu segurar e diz:

- Olá, Itália.

Ele é serio demais, deve ser careta também. Mas de uma coisa eu sei: ele é gato, muito gato. Tem a altura considerável e o corpo meio musculoso.
Lindo de mais, mas não faz meu tipo.
Olho para ele e cruzo meus braços.

- Oi. - Digo secamente.

Ele abaixa o braço e tenta disfarça sua raiva.
- É-é, vou pegar um pouco d'água!
- Pode ir. - Ele diz serio e eu saio andando.
- Não foi uma pergunta. - Termino.

***

Dylan

Abusada.

Muito abusada.

Estou fazendo um favor a ela e ela já chega bancando a mimada.
Péssima hora em que meus tios foram morrer. E nem é esse o problema, mas é ter deixado eu como tutor dessa garota problemática.

A única coisa de bom que ela me trouxe foi a assistente social que é realmente deslumbrante.

Desço as escadas e vou ate meu escritório pegar uns papeis do trabalho.
Quando estou prestes a sair de lá vejo ela com comida na mão, olhando de todos os lado como se estivesse fazendo algo de errado.

Ela sobe as escadas. Esta com uma blusa simples e um short curto. Alem de pirralha é bonita. Muito bonita a propósito, desafiadora, mas prefiro a assistente.

Fico imaginando o que ela vai fazer com aquele tanto de comida, mas deixo para lá e vou para meu quarto.

***
Acordo com o despertado: 6 horas da manhã e ainda mal amanheceu. La fora as pessoas já se preparam para trabalhar e algumas ainda dormem.
Me levanto e vou ao banheiro, tomo meu banho e enquanto troco de roupa escuto alguém batendo na porta do meu quarto.

Normalmente isso não acontece.

- Sim? - Grito sem abrir a porta.

- Senhor, preciso falar uma coisa muito importante. - Falou Maria Marta.

- Não pode ser depois?

- É algo muito serio, senhor. - Insistiu.
Andei ate a porta com a toalha enrolada na cintura.

- O que foi, Marta?

O rosto dela formava rugas e sua cara de preocupação me deixou curioso.

- Senhor... A menina, fugiu.

Continua....

Irresistível Cretino (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora