Capitulo dez - Re-inicio

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Pether dirigiu-se ao seu quarto. Estava atrasado, precisava se arrumar rapidamente para ir à gráfica. Estava com três slogans atrasados. Vestiu-se e quando se preparava para sair de seu quarto, algo o conteve. Olhou para trás e encarou o armário. Foi até ele e abriu-o. Retirou a pequena caixa lustrada e abriu-a, retirou o relógio e guardou-o em seu bolso. A tentação de usá-lo tinha sido mais forte.

-Pether! Venha cá - chamou Joseph da sala.

-Já vou! - ele guardou a caixa novamente em seu armário e o fechou. Pegou seu casaco e foi até a sala.

Joseph estava esperando na porta, vestido como sempre estava vestido, em roupa marrom.

-Você sabe que precisamos resolver aquele assunto - diz Joseph - temos que entrar em um acordo, definitivo.

-Já está decidido, ele fica comigo - retorqui Pether.

-Não era da minha vontade, porem, eu aceito se você fizer algo para mim.

Pether estava tão possuído pela tentação do relógio que era capaz de fazer qualquer coisa para ficá-lo com ele.

-Você terá que estar no beco, às 23h45min, sem falta. Nenhum minuto a mais, entendeu?

-Entendi, mas por quê? - pergunta Pether.

-Você saberá na hora - Joseph abre a porta e sai por ela - te espero lá.

Pether sai logo em seguida. Ao primeiro passo para fora de sua casa, tira o relógio do bolso e admira o reflexo do sol sobre ele. Fecha-o em sua mão e guarda-o no bolso do casaco.

-Você finalmente será meu - ele sorri - apenas meu.

***

Pether chegou ao beco exatamente ás 23h30min. Não avistou o carro de seu irmão, um Escort modelo antigo. Esperou um pouco dentro de seu carro e então adentrou no beco.

O relógio pareceu pesar em seu bolso, como se ele ganhasse força naquele lugar. A cada passo dado, ele sentia como se sua alma esvaísse de seu corpo, contudo, era prazeroso; a sensação era agradável, ele não conseguia parar. Entretido no prazer, não percebeu que algo se aproximava em suas costas.

Foi tarde quando ele virou-se e sentiu a penetração em sua barriga. Olhou para baixo e viu a faca que encontrava-se em sua barriga, viu o sangue escorrer e seus joelhos caírem ao chão.

-Desculpe-me, mas você não me deixou outra opção - Pether olhou para cima e viu o rosto de seu irmão.

-Como pode...? - ele não sentia mais seu corpo.

-O relógio é meu, e agora ele ficará comigo - ele abaixou-se e procurou o relógio no casaco de seu irmão, mas surpreendeu-se a não acha-lo.

Pether gargalhou.

-Achou que era tão inteligente... Pobrezinho - Pether levantou-se e Joseph percebeu que o sangue parara de escorrer e seu irmão parecia perfeitamente normal.

-Como...

A mão de Pether agarrou o pescoço de Joseph e o apertou com toda a sua força. Enquanto fazia isso, gargalhava.

-O Relógio me pertence, e eu não deixaria alguém levá-lo de mim tão facilmente - os olhos do irmão mais jovem estavam negros, curiosamente e assustadoramente negros.

Ele levou a mão para dentro da calça e mais a fundo; dentro da cueca e puxou o relógio, balançou-o a frente do rosto de Joseph.

-Vá para junto dos outros, garoto, junto de seu irmão e de seu pai - não era mais a voz de Pether, era uma voz sobre-humana, grave e eclusa.

Em um instante o corpo de Joseph caiu ao chão sem vida, sem nenhum sinal de asfixia-mento.

-O mundo nunca viu - Pether e qualquer que fosse a outra coisa que estivesse dentro dele pareceram se dividir, e as vozes se misturaram em um uníssono demoníaco - o que irá acontecer, e tudo não irá demorar, de geração em geração, de família em família, depois de tanto tempo... Estamos voltando e não mais ficaremos presos.

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⏰ Last updated: Jun 01, 2015 ⏰

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O relógio de bolsoWhere stories live. Discover now