(Cap. 33) Capítulo 33

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Maraisa POV

O que seria uma visita rápida, apenas para dar um “alô”, se estendeu por algumas horas.

Talvez porque Maiara estivesse lá, tagarelando sobre sua gravidez e tudo que já havia aprendido com ela.
Ou talvez porque Guiomar insistisse para que ficássemos para o lanche da tarde, como um pretexto para manter ali a família reunida.
Ou então porque não queríamos ir embora mesmo, como se uma força invisível nos prendesse ali e fizesse com que não quiséssemos ir a nenhum outro lugar ou estar na companhia de mais ninguém além daquelas pessoas.

Mas como Danilo  precisava saber o que havia sido feito da nossa bagagem (já que eu não sabia sequer sob a responsabilidade de quem elas estavam), saímos de lá às 19h em ponto, mesmo que Guiomar insistisse para que dormíssemos por ali.

– Amanhã nos vemos outra vez, mãe. Estamos realmente a dois quarteirões de distância. São menos de cem passos.

Mas como, na cabeça doentia de Danilo , caminhar era uma tarefa excepcionalmente perigosa para uma grávida, ele não abriu mão de mais um taxi até a nossa casa. Resolvi não contrariá-lo, talvez porque estivesse cansada e com dor nas costas.
Chegamos um minuto depois.
Já estava quase escurecendo.

Paramos em frente a um portão de ferro cheio de detalhes, que foi aberto imediatamente por Danilo.
Ao passar por ele, entramos em um jardim, e mesmo que fosse difícil enxergar bem, eu sabia que era grande - embora modesto, se comparado à casa dos Gentili.

– Pode esperar um minutinho aqui? Tenho que fazer uma coisa. - Danilo apertou minha mão com carinho, falando ao pé do meu ouvido.

– Depende. Você vai voltar? - Perguntei de maneira retórica, sentindo o cheiro maravilhoso da grama me tomar por todos os lados e me fazer quase entrar em algum tipo de transe.

Ele riu.

– Um minuto.

E dizendo isso, caminhou para frente.
Segui sua silhueta com os olhos, e foi só quando Danilo  sumiu atrás de uma parede que me dei conta de que havia uma casa logo à nossa frente.
Mas era difícil descrevê-la, já que a noite começava a cair aos poucos.
O barulho de grilos estava alto. Outra vez, inspirei com força para sentir o cheiro do mato fresco. Junto com ele, pude sentir também o perfume de algumas flores noturnas.
Eram doces. De um doce intenso, quase místico. Outra vez me senti bem.

Foi de repente, e quando me dei conta, as imagens à minha volta iam tomando forma diante dos meus olhos. Muitos postes de luz baixos se acenderam ao mesmo tempo, alguns com luz branca e outros com luz verde.

O lugar havia se materializado à minha volta, e me vi no meio do jardim mais lindo que já havia visto na vida.
Era de um verde tão vivo e intenso que parecia recém pintado. Aqui e ali, tufos de flores incrivelmente coloridas prendiam a atenção dos olhos, como se estivessem ali unicamente para dar mais vida a algo que já era belo.
Alguns dos postes, agora acesos, dispunham-se em todos os lugares, distribuídos de uma forma que desse para visualizar cada canto daquele lugar.
Alguns outros alinhavam-se com uma trilha perfeita e caprichada que formava o caminho de pedras planas, pelo qual devíamos passar para que a grama se mantivesse linda e nova daquele jeito.

Era mais ou menos como estar em um jardim encantado, e eu não me surpreenderia, de forma alguma, se encontrasse uma fada passeando por ali.
Olhei para frente, agora encarando a casa a poucos metros de nós, iluminada também em muitos pontos por pequenas lâmpadas presas à extensão das paredes.

Como Danilo  havia me dito, era mesmo menor que a casa de seus pais. Mas isso não significava, de forma alguma, que fosse pequena.

Havia uma varanda com bancos clássicos e cercada por um muro baixo, que parecia, quase em sua totalidade, coberto por algum tipo de trepadeira. Dela, pendiam flores brancas muito pequenas e delicadas, fazendo um lindo contraste com o verde vivo do mato.
Os bancos combinavam com o branco perfeito da casa inteira, em um estilo clássico muito parecido com o da casa de Guiomar e Sr. Gentili.

Unlikely Love DanisaWhere stories live. Discover now