IX - Será mesmo?

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- Ah, você veio! - Disse Jéssica, sorridente.
Não expressei nenhuma reação, sentando-me na cadeira do outro lado da mesa.

É quase cômico da minha parte estar aqui.

- Então, sou todo ouvidos. - Apoiei meus braços sobre a mesa, colocando minha total atenção na ruiva.

Jéssica ficou em silêncio, parecendo relutante em dizer alguma coisa. Revirei os olhos e me ajeitei na cadeira novamente.

- Tem alguma coisa que você queira dizer antes? - Dei o primeiro passo, instigando-a a falar.

Ela fixa seu olhar na mesa de madeira escura, ainda relutante.

Se passa dez segundos. Logo depois, quinze segundos. Eu já não aguentava mais o silêncio quase mortal da ruiva.

- Ei?! - Exclamei, impaciente. - Se você me chamou até aqui pra não dizer nada, então é melhor eu ir embora. - Digo, arrastando a cadeira ao me levantar.

- Espere! - Sinto seu agarre na minha mão. Viro-me para a ruiva como um reflexo - Por favor, fique e escute o que eu tenho para dizer. - Mesmo com sua voz mansa, soou como uma ordem.

Suspirei impaciente e voltei a me sentar.

- Desembucha, então. - Meus olhos sobre ela estavam em uma mistura de indicação e confusão.

- É complicado para mim te dizer agora - a ruiva começa -, mas no fundo eu tenho a sensação de que é a coisa certa a se fazer. Não vou mais guardar isso para mim. - Suas mãos tremulantes estavam entrelaçadas uma na outra, como uma forma de consolar a si mesma.
- Quando você se juntou a nós - Jéssica fechou os olhos por um momento, suspirando pesadamente-, eu fiquei bastante incomodada com a sua chegada. - Jéssica ponderou por um momento - Quer dizer, incomodada não é a palavra exata... - engole a seco - Talvez foi o seu jeito determinado de fazer as coisas, objetiva em tudo que faz. - a ruiva desviou os olhos, mas eu vi um sorriso desbotar nos seus lábios. -Eu não sei, Selena, mas... de alguma forma, isso refletiu em mim.

Isso é pra ser algo bom?, pensei, tentando raciocinar o que ela quer dizer com tudo isso.

E minha expressão não foi uma das melhores, pois a ruiva se adiantou ao dizer:

- Não me leve a mal, é claro que isso é algo bom! - sua mão delicada toca o meu braço - Olha, você realmente é importante para mim, Selena. Sei que você não acredita nisso, mas eu só quero deixar isso claro.

Meus olhos iam de lá pra cá; uma hora estava na mão tocando meu braço, outrora estava olhando seus olhos verdes. - Eu agradeço por você ser apenas você, é um conforto imenso. Logo você, uma mulher inteligente e... ah, bom, interessante. - nessa última palavra, sua voz saiu sem jeito.

Confesso que não estava entendendo qual era o seu objetivo e em qual lugar ela queria chegar apenas me elogiando.

Se ela realmente tem algo em mente, com certeza não vai muito longe.

- Olha, se você pensa que vai conseguir alguma coisa com esse papinho furado, é melhor começar a tirar o seu cavalinho da chuva. - A essa altura, já havia tirado sua mão apoiada no meu braço - Isso já está ficando chato. - Finalizei, demonstrando tédio.

O clima não estava muito bom para encontros agradáveis, principalmente com alguém que você não quer por perto.

- Mas eu não estou pensando em ganhar alguma coisa com isso, Selena. - Falou baixinho, abaixando a cabeça.

Continuei observando a dita cuja, na missão de ainda tentar encontrar alguma coisa que me desse a certeza de que esse showzinho não passa de puro interesse e vitimização.

Duskwood - Apenas Mais Uma Chance.Where stories live. Discover now