48 horas

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Setembro de 2007

Eu ouvi alguma vez que escrever ajudava a lidar com sentimentos, mas acho isso bem idiota. Só estou me dando ao trabalho porque se existir uma chance mínima de pelo menos esvaziar minha cabeça de todos os pensamentos que estão me infernizando, já é alguma coisa. Bom, não custa tentar.
Faz só 48 horas, mas parece uma eternidade. O que é tempo e espaço? Honestamente, não faz diferença. Estou perdido em um espiral de perguntas que, aparentemente, você não vai me responder.
Ainda não acredito no que fez. Em como teve coragem de abandonar tudo que vivemos por um ideal doentio desses. Porra, Suguru, mais de 100 mortes! Logo você, que vivia me dando sermão sobre a responsabilidade proteger os mais fracos. O que aconteceu? Em que momento a gente se perdeu assim, a ponto de eu sequer saber o que estava acontecendo na sua cabeça?
E eu quem vou ter que acabar com isso, né? Pelo menos é o que dizem, o que esperam. Não sei se vou conseguir. Eu tentei, claro. Mas o seu sorriso bonito, as confidências trocadas, tudo isso fez eu hesitar.
O que sei é que queria muito que estivesse aqui. Mas, pra ser honesto, acho que a ficha não caiu totalmente. Ainda penso, lá no fundo, que você vai voltar, que uma hora esse surto de loucura vai acabar e que, com um sorriso no rosto e cara de cínico, você vai confirmar que aqui sempre foi seu lugar e que por mais que tente, não consegue esquecer da gente. De mim.
Eu estou aqui, na solidão do meu quarto, imaginando que, quando tudo acabar, você vai voltar. Em 48 horas, foi tudo que se passou pela minha cabeça. Eu sei que estou me iludindo, mas sem você aqui, tenho que me consolar sozinho. Afinal, perdi meu maior ombro amigo.
Quando tudo acabar, vou te ver voltar. Quando cansar de seja lá o que está pensando, vai entender que esse é o seu lugar. Eu sou egoísta o suficiente para ignorar as vidas que foram perdidas, honestamente, não é como se eu me importasse com elas. Eu te perdoo!
Suguru, você vai voltar, não vai?

All our regretsWhere stories live. Discover now