03. Maldita Carteira de Motorista

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Senti minha raiva tomar conta de mim, e pressenti que se não fizesse aquilo, eu nunca mais teria um segunda chance. Então, sem deixar que Luccas tenha um segundo de reflexo, eu soquei a sua cara, fazendo com que o mesmo caisse na grama que havia ali ao nosso redor.

— Droga! — Luccas, pondo a mão no nariz, exclamou pela dor que estava sentindo — Por que fez isso?

— Isso, foi por você ter me envolvido nesse desastre ambulante que é seu namoro com a Megan — respondi, ficando com a penas um joelho apoiado no chão — Eu não sou o seu brinquedinho, Luccas Brent.

Percebi que o nariz de Luccas estava sangrando bastante, nossa eu dei um belo soco em seu rosto!

— Eu nunca disse isso, e também, nunca pensei nessa hipótese — defendeu-se, pressionando a mão direita contra o nariz ensanguentado.
Estava tarde, deveria ser mais de meia noite, o frio estava muito forte do lado de fora. Por um ato de bondade, ou idiotice, eu decidi convidá-lo para entrar:

— Vamos entrar, eu vou cuidar desse nariz... — disse enquanto abria a porta, para que Luccas entrasse.

O deixei sentando na bancada que havia na cozinha enquanto fui atrás da pequena maleta de curativos. Luccas, me observara de um jeito diferente, um olhar puro, como se estivesse realmente apaixonado e isso me dava um certo medo.

— Fica parado! — ordenei, enquanto limpava a área ensanguentada, ficando com o rosto próximo de Luccas.

— Você é muito... Au! — interrompeu sua própria frase com uma exclamação de dor.

— Ignorante? — respondi, completando o que eu pensava ser sua palavra final — É, eu sou.

— Eu ia dizer "Lindo" — o mesmo retrucou, enquanto sorria — Mas, as vezes você é ignorante sim.

Ao ouvir aquilo, eu pressionem levemente seu nariz de propósito,  fazendo com que Luccas soltasse mais uma exclamação de dor. Eu não sei por qual motivo, mas aquela situação toda me fez soltar um sorriso involuntário.

— Olha, você sabe sorrir — disse Luccas, me provocando.

— Eu posso arrancar seu nariz fora, sabia?

— Eu realmente sinto muito, Beta, juro que nunca imaginei você como um brinquedo ou passa tempo. Eu disse que não me arrependo de ter te beijado, por que eu gosto de você.

O estranho não foi ele ter dito aquilo em voz alta, o estranho mesmo foi eu mesmo, por algum motivo meu corpo arrepiou, minha boca secou, meus olhos encontraram os seus e por fim, senti meu coração ficar de um jeito totalmente estranho.

— Para de ser idiota — disse repreendendo qualquer traço de brincadeira que poderia haver em suas palavras.

— Beta! — ele segurou meu rosto com as duas mãos e me fez olhar no fundo dos seus olhos — Eu gosto muito de você, de verdade!

Por um instante, lembrei daquela maldita noite do baile, quando tocara uma música dentro do ginásio e todos deveriam estar dançando em casais. No entanto, eu e o Luccas, estávamos atrás do ginásio, embreagados, chateados e precisando de alguém, nos olhamos do mesmo jeito e quando não esperávamos o beijo aconteceu. Eu confesso, eu sentir as malditas borboletas no estômago, como se tivesse conseguido tirar minha primeira carteira de motorista.

— Eu estou sendo totalmente sincero, Beta — disse Luccas.

Depois de uns minutos, o nariz de Luccas, estava melhor, com um curativo simples, mas bastante eficaz. O mesmo olha no relógio em seu pulso e percebe que a hora havia passado muito rápido.

— Droga! Eu preciso ir, está tarde demais e eu vou para minha casa.

— Nesse horário? Você é louco! — disse cruzando os braços — Pode haver algum ladrão por aí...

— Eu dou conta — respondeu o mesmo, mostrando os músculos dos braços e fazendo careta.

— Idiota — respondi para logo em seguida subir as escadas — Vem!

Eu o levei até meu quarto e o mesmo ficou impressionado com a variedade de coisas que habitam ali. Um grande guarda-roupa com espelhos na porta, prateleiras contendo os mais variados livros, uma cama de casal (que estava totalmente bagunçada), uma escrivaninha com papéis e objetos de desejo.
— Nossa, seu quarto é muito foda!

— Valeu — respondi, sentando na beira da cama, vendo Luccas bisbilhotar cada parte do meu quarto — Você gostou mesmo, não é ?

— Demais, Beta — respondeu ele, sentando ao meu lado, me observando.

Foi inesperado, Luccas, sem perder nenhum minuto, atacou meus sábios colando-os nos seus, obviamente retribui, afinal eu também queria aquilo. Mais uma vez senti as mesmas coisas, que havia sentido na noite do baile, eu tinha tirado, pela primeira/segunda vez, a maldita carteira de motorista.

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⏰ Última atualização: Sep 05, 2022 ⏰

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