𝐓𝐰𝐞𝐧𝐭𝐲

702 61 101
                                    

- O garoto cabeludo tá te olhando desde o início da primeira aula. - Ele disse em um tom mais baixo.

Me atrevi a olhar para o lado e bum, quase tive um ataque cardíaco.

Munson nos olhava com uma carranca indescritível, suas sobrancelhas franzidas e sua boca estava com um bico, - muito fofo, por sinal - estressado.

O encarei de volta, arqueando as minhas sobrancelhas e cruzando meus braços.

Minha perna começou a balançar, isso era involuntário, acontecia todas as vezes que eu ficava ansiosa ou nervosa, nervosa do tipo estressada.

- Vocês namoram ou alguma coisa do tipo? - A voz de King soou ainda baixa. - Por que se vocês namoram, parece que tiveram uma briga feia, dá pra ver só pelo seu olhar de raiva. - Eu o olhei e vi ele intercalando os olhares entre mim e Munson.

- Não temos nada, ele é um babaca. - Falei e comecei a me levantar, pegando meu material. - Tenho aula de educação física agora, nós encontramos no almoço, certo? - Ele assente.

- Óbvio! Até depois, April! - Ele pegou a mochila e saiu apressado, próxima aula dele não era comigo, então não faço ideia de qual é.

Sem pressa alguma - diferente dos meus colegas de classe, que pareciam loucos pra sair daquela sala -, peguei a mochila e coloquei ela nas costas.

Olhei para a porta e lá estava Munson, parado me olhando por cima do ombro. Parecia estar me esperando.

Eu não vou sair dessa sala até ele ir embora.

- Senhorita Hill... - Maldição! - Eu posso falar com você? - O olhei e voltei a encarar Edward, o professor fez o mesmo. - Senhor Munson, o senhor precisa de algo? - Ele imediatamente negou.

- Não... nada. - Ele abaixou a cabeça, antes de sair e fechar a porta.

Encarei o professor, esperando ele começar a falar sobre o tal assunto.

- Creio que... semanas atrás te deixei constrangida em frente a toda sala. - Ele disse, não movi nenhum músculo.

Sério, eu não aguento mais esse assunto, minha vontade é sumir toda vez que tocam nele.

Ferida ainda aberta.

- Quero que entenda que minha intenção nunca foi deixá-la envergonhada... - Ele se sentou na ponta da mesa, um pouco mais próximo de mim. - Peço desculpas pelo meu comportamento.

- Tá. - Foi a única coisa que saiu da minha boca. Tá. Que resposta lixo, mas eu ia responder o que?!?!? "Muito obrigada, senhor, me sinto honrada do senhor me pedir desculpas!" Nem a pau! Ele não fez mais que a obrigação dele. Ele me deixou muito envergonhada na frente de toda sala e ainda me expôs.

- Obrigado. - Ele abriu um sorriso mínimo. - Outra coisa, precisa fazer os testes, tudo bem ficar sem as aulas de educação física? - Será que Deus finalmente olhou para mim?

- Tudo, desde que eu não fique sem nota na matéria... - Ele negou, me entregando o primeiro teste.

- Falei com o professor, ele permitiu, faça suas provas sem preocupação alguma. - Concordei e me sentei na cadeira, me apoiando na mesa.

Deus me dê força pra conseguir fazer essas provas. Fiquei duas semanas em casa e já esqueci como se escreve meu nome.

____________________

Quase me matei. Que porra de prova era aquela? Tenho certeza que não aprendi aquilo! Meu último neurônio queimou só pra eu conseguir tirar uma nota legível nessa prova.

𝐂𝐥𝐚𝐬𝐬 𝐨𝐟 𝟖𝟔, 𝐄𝐝𝐝𝐢𝐞 𝐌𝐮𝐧𝐬𝐨𝐧Where stories live. Discover now