Homem Torto

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Cap 3: Homem torto

Era por volta das dez da noite, a casa estava escura e todos estavam dormindo, ou quase todos, já que a caçula da família estava acordada e ia em direção ao quarto da irmã mais velha.

— Ju, eu tô com medo. Tem uma coisa no meu armário — disse a pequena Freire, que tentava acordar a irmã mais velha balançando-a.

— Pocah, não tem nada no seu armário. — a garota que a pouco estava dormindo disse com uma voz sonolenta e virou, ficando de costas para a mais nova.

— Ju, deixa eu dormir com você.

— Pocah... — ela olhou para a irmã e, ao ver a expressão assustada que seu rosto transmitia, percebeu que ela falava a verdade.

A Freire mais velha sentou na cama esfregando os olhos. Havia sido vecida.

— Tudo bem, fica ai. — disse para a pequena que subiu na cama, enquanto a mais velha saia do quarto — Vou pegar seu travesseiro.

Ela não esperou resposta da irmã e foi para o quarto da mesma. A casa escura dificultava a visão da garotinha de 12 anos. Ela chegou no quarto e andou até a cama da irmã, pegando o travesseiro da mesma, por reflexo, olhou para o armário da menor e viu algo parecido com olhos amarelos a fitando. Piscou algumas vezes para ter certeza do que estava vendo, mas percebeu que as supostas orbes sumiram. Com um pouco de pressa, ela saiu do quarto e ao chegar no seu fechou a porta.

[…]

Já de manhã, o patriarca Freire entrava no quarto de sua filha menor,  afim de acordá-la. Mas algo o surpreendeu: a pequena não estava lá.  Ao contrário do que se posso pensar,  o sentimento expresso por ele não foi algo como preocupação, ele sentia raiva. Lourival Freire era bastante rigoroso com suas filhas, principalmente com Viviane, de acordo com ele, não queria que a mais nova se tornasse inútil como Juliette.

Ele foi ate o quarto da filha mais velha e encontrou ambas dormindo abraçadas. Os gritos tomaram conta do lugar, fazendo com que as pequenas acordassem. Elas pularam com o susto,  mas ao notarem o pai, sentaram na beira da cama de cabeça baixa.

— Não acredito nisso, Viviane! Quantas vezes eu já disse para não dormir com sua irmã?

— Mas, papai, tinha um monstro no meu quarto. — a menor tentou se explicar, mas foi em vão.

— Essas coisas não existem! Você esta se tornando fraca como sua irmã. — apontou para a mais velha, que ainda estava de cabeça baixa que não havia se pronunciado, o que causou mais raiva em Lourival — Está proibida se sair de seu quarto durante a noite. Se isso voltar a acontecer irei punir as duas. Agora vão se arrumar para a escola. — mandou e logo saiu do quarto.

Ele não gostava do fato de suas filhas serem "fracas" e "inúteis", ou melhor dizendo, pequenas. Ele queria que elas crescessem para que se tornassem diretoras das empressas criadas por ele, mas não tinha paciência para deixar as meninas crescerem.

As garotas foram para a escola. Apesar dos cinco anos de diferença, elas estudavam no mesmo colégio e em salas proximas, além de se encontrar no intervalo. Por mais que o pai não gostasse Juliette e Viviane eram muito unidas, afinal Viviane se espelhava e se apoiava na irmã mais velha. Era a figura mais próxima de uma mãe que a pequena tinha, era quem cuidava dela.

Na turma da mais nova, a professora falava sobre histórias, muitas eram conhecidas por todas as crianças. Coisas tipo conto de fadas e crenças daquela região.

Em um momento um aluno tocou num assunto estranho. Ele falava sobre algo que seu irmão mais velha o havia contato, a história era sobre um homem que levava crianças. Esse homem vestia um terno vermelho e tinha olhos amarelos, ele ficava escondido nos armários e pegava as crianças durante a noite, quando elas estavam sozinhas em seus quartos.

Efeitos da insônia - SarietteWhere stories live. Discover now