Adeus, Emily

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CAPÍTULO 55





                     Liz



Um dia antes


,
– Me diga – Emily pergunta-me ao retirar a máscara de oxigênio que usava – Você... realmente ama aquela mulher?

– Não quero falar sobre isso – mudo de assunto, eu já sabia como aquela conversa iria acabar.

– Estou morrendo e quero que seja sincera comigo – tosse e volta a tomar mais um pouco de ar.

– Amo – digo sem medo, olhando dentro de seus olhos – E eu sei que não vai me perdoar por isso, mas não sabe da metade da história e...

– Eu sei que ela estava tentando salvar a maldita amiga do suicídio – interrompe minha fala, seu olhar tristonho cursou para a janela do quarto do hospital – Mas ele era meu único filho, seu pai Lizandra – disse com pesar na voz – Como não sente um peso na consciência?


Assim como as de Liana, suas palavras fora como um soco no meu estômago – sua pergunta era ridícula. Se eu não tivesse sentindo um mínimo de peso na consciência, não teria me afastado por sete anos da mulher que amo e nem me culparia por minhas escolhas passadas – Contudo, nossa aproximação e encontro era inevitável. Ainda a amava quando a deixei e enquanto continuei a amando, durante todos estes anos também me culpei por estes sentimentos que não deveriam existir.

Mas a vida é uma caixinha de surpresas, não é mesmo?


– Acha que eu tinha a porra de uma bolinha de cristal para adivinhar que a minha namorada havia causado o acidente que matou os meus pais? – viro seu rosto em minha direção.

– Isso não é desculpa!

– Nunca tentei arrumar um pretexto para isso – balanço a cabeça em negação – Diferentemente de você.

– O que?

– Mas falando em desculpa, me diga qual é a sua.

– Do que está falando?

– Me responde o por quê não nos ajudou depois que meu pais morreram?

– Eu lhe deixei meu número e...

– E uma proposta idiota – rebato com os olhos lacrimejantes – Sabia muito bem que o seu querido filho devia a um agiota, e que ele nos perseguia dia e noite. E mesmo assim, não fez nada para ajudar – limpo a lágrima que deslizou por minha derme sem que eu percebesse, relembrar dessa época ainda doía em minha alma – Aliás, foi “aquela mulher" que pagou a dívida do agiota e nos salvou e seria “Essa mesma mulher" que pagaria todo o tratamento de Liana caso eu pedisse, e sem pensar duas.

– Se eu soubesse a gravidade do assunto com certeza ajudaria – pigarrea e desvia o olhar.

– É uma mentirosa – vocifero indignada com sua frieza – E acredito que a palavras “agiota e doença maligna" já diziam por si só o quanto eram graves – cruzo os braços e rio sem vontade – Mas é claro que 
só ajudaria sua neta doente quando eu aceitasse sua proposta de anos atrás.


A faço perceber seus erros também. Emily levantou a cabeça e desviou o olhar novamente, desta vez mirando a televisão ligada – Eu não podia acreditar! Ela estava me ignorando? – Mas o que eu poderia esperar de uma pessoa ignorante e que só pensa em si mesma e nas suas dores. Mesmo assim minha paciência se esvaiu com aquela atitude.


Save Me (Romance Lésbico) - REVISÃO Where stories live. Discover now