Justiça

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Quantos de nós já não tomamos em nossas mãos a função de juízes sobre a vida de alguém?
Eu pelo menos fiz isso muitas vezes, mas não gostei nenhum pouco quando fizeram comigo.
Ser justo e fazer com que a justiça se cumpra não é tarefa fácil, principalmente porque somos obrigados a conviver com dois tipos de justiça totalmente opostas, sendo a justiça dos homens falha e por isso imperfeita, mas necessária, e a justiça Divina, única, soberana e livre de
qualquer erro.
O problema maior é exatamente este, já que como a justiça do homem é falha, puxamos para nossas mãos a
justiça de Deus, tentamos nós mesmos decidir o futuro das pessoas que conhecemos, achando desta forma que somos deuses.
Claro que precisamos da justiça dos homens afinal é ela que nos mantem fora do caos, mas é somente a justiça de Deus que decide nosso futuro na eternidade, já que ela julga a alma que é eterna, e não o corpo que é passageiro.
Muitos tentam aplicar uma justiça que não serve para eles mesmos, tornam-se pessoas prepotentes, arrogantes, autoritárias, acham elas que suas vidas e suas decisões estão
acima do bem e do mal.
Querer fazer justiça é bem diferente de se ter condições de fazê-la, já que para sermos justos necessitamos pelo menos saber o que isso significa, e entender que entre justiça e vingança, por exemplo, existe uma linha tênue que separa as duas.
Muitas vezes julgamos, condenamos, e fazemos cumprir uma sentença que nós mesmos criamos para tentar
aplacar uma mágoa criada pela pessoa que nos feriu, e nos
esquecemos de que no exato momento em que julgamos alguém, somos automaticamente julgados também.
Fazer justiça em seu sentido Bíblico requer ualidades que em nossa
maioria não possuímos, é ter um espírito puro, sereno, afinal justiça requer muitas vezes atitudes mais enérgicas, mas com a dose correta para que a pessoa em questão não sofra a mais que o necessário.
O sentimento de justiça é muito perigoso, quando temos este sentimento achamos que estamos acima de tudo e de todos, que temos em nossas mãos o poder de vida e morte sobre as outras pessoas, que podemos levar esta pessoa ao inferno ou premiá-la com o paraíso, mas nos
esquecemos de que para condenar alguém ao inferno, ou dar-lhe o paraíso de presente se faz necessário que antes de tudo saibamos onde cada um fica, pois corremos o risco de
mandar a pessoa para o lugar errado.
Durante séculos os católicos julgaram e mataram em nome de Deus nas Cruzadas e na Santa Inquisição, que
de santa não tinha nada, e ainda hoje pessoas são mortas em nome de Deus independente do nome que Ele tenha, estas pessoas tentam adivinhar os seus desígnios e fazem esta suposta justiça com as próprias mãos.
O sentimento de justiça provoca sentimentos contraditórios com frequência e em grande maioria das pessoas.
Se formos nós a sermos julgados temos quase sempre a ideia de que a sentença foi dura demais, ou que em outras fomos julgados a revelia,
sem chance de defesa.
No entanto quando somos nós a
tentarmos fazer justiça, achamos na maioria das vezes que fomos magnânimos e benevolentes, e que a sentença poderia ter sido inclusive mais dura.
Ser justo é fazer justiça com o coração puro e a alma serena, é saber que você nunca será o verdadeiro juiz, e sim o simples instrumento, é entender que as vezes uma pessoa volta ao caminho do bem apenas com uma palavra amiga, e que o peso que usamos para julgar aos outros será o mesmo com o qual seremos julgados. Este é o princípio básico da verdadeira justiça inclusive, ele é
a lei da causa e efeito, ou seja, se você é paciente, trata as pessoas com respeito, sabe escutar, com certeza será tratado da mesma forma na grande maioria das vezes.
Com certeza nesse momento um ponto de interrogação se fez presente, afinal por que escrevi que a pessoa que tratar os outros com respeito e paciência será tratado da mesma
forma apenas na maioria das vezes. Simples: Esta pessoa pode não ter sido assim sempre, ela em seu passado pode ter cometido erros graves, o que significa que o fato de hoje ela ser boa não apaga jamais as maldades que possa ter feito, é a lei da causa e efeito, mesmo hoje sendo bom e justo ainda assim precisa acertar os erros do passado, para desta forma lapidar-se e tornar-se um ser humano ainda melhor.
Temos que entender que não existe a menor possibilidade de que algum de nossos erros não nos seja cobrado, fique sem o seu devido acerto, todo e qualquer erro sempre será acertado, sempre nos será cobrado, seja mais cedo, ou seja mais tarde.
Esta também é uma condição para que se faça a verdadeira justiça, saber qual deve ser imediata e qual pode
esperar um pouco.
Deus controla este poder muito bem, pois a demora no acerto de contas não significa que ele não ocorrerá, apenas quer dizer que nossos ombros naquele momento não irão aguentar o fardo que teremos que carregar, e por esse motivo Deus em sua infinita bondade nos concede uma prorrogação, e permite então que acertemos nosso débito quando estivermos mais fortes, benefício este que não concedemos aos outros quando somos nós a julgar, mas que
exigimos para nós quando somos julgados.
Na realidade precisamos urgentemente aprender a perdoar, a entender que o perdão fecha feridas alivia a alma, que a verdadeira justiça não pertence a nós, já que somos falhos, e que portanto teremos que mudar muito antes de entendermos
como se faz justiça com sabedoria, coração puro e a mente aberta, para que desta forma possamos enxergar
as coisas como elas são realmente, e não como nossa magoa ou raiva querem que vejamos.
Com raiva e rancor nosso cérebro só nos permite ver aquilo que nos interessa, somos condicionados a filtrar os fatos de uma maneira que
satisfaça nossos interesses, e este é um perigo desnecessário, já que mais tarde poderemos ser julgados da mesma forma, e esta mesma justiça nos será dada.

Aprendendo a Controlar SentimentosOnde histórias criam vida. Descubra agora